segunda-feira, 1 de março de 2010

Muita Luz na Vila Industrial faz mover um Girassol

Nesse último sábado, após uma semana de muito trabalho e até mesmo aborrecimentos, tive uma experiência muito marcante. Fui convidado para ir a um Sarau. O mesmo amigo que me convidara de outra feita levou-me a uma Comunidade, na Vila Industrial, Zona Leste da cidade de São Paulo, onde uma moradora chamada Maria Augusta, juntamente com outros educadores, desenvolve uma experiência muito rica na Ong a que chamaram Girassol.


O meu amigo Laudecir mandou-nos hoje um e-mail em que ele descreve seus sentimentos em relação a essa experiência que vivenciamos juntos. Faço minhas suas palavras:

O que está acontecendo na Comunidade Girasol é inacreditável, mágico, havia uma disputa acirrada das crianças e adolescentes para ver quem dançava melhor (ao mesmo tempo percebia-se uma harmonia entre eles, claro, tiveram que se preparar através de ensaios, horas e horas, para poderem chegar àquelas coreografias), e para quem tinha coragem de fazer uso do microfone e ler um poema, houve fila para isso. Eles vibravam com aplausos, gritos de alegria, pelos colegas que tinham coragem de se expor; exigiam silêncio...
Fazia tempo que não vivia uma experiência assim... Algum adolescente gritou: ''lá na escola niguém lê!!!" Não é interessante essa fala !!!!??? Experiências como essa deveriam se multiplicar por aí, nos mais diferentes espaços.... Meu amigo Josafá e eu (Lau) comentávamos do reflexo positivo dessa experiência cultural na vida daquelas crianças e adolescentes... Que continuem!!!!
Ah, nossa amiga Maria Augusta estava radiante, senti tanto orgulho dela... Sabe, agora, escrevendo esse texto, sinto vontade de chorar de alegria pelo que vi e senti.
É claro que muitas outras pessoas estão envolvidas no trabalho daquela comunidade, parabenizo a todos na pessoa dessa nossa Graaaande mulher, mãe, amiga queridíssima, líder nata..... Maria Augusta!!!!

É isso mesmo. Eu só quero ainda ressaltar o trecho em que ele nos conta da fala do jovem que nos lembrou que na escola ninguém lê. O rapaz tinha toda a razão. Eu creio que isso de fato acontece, em muitas escolas (Deus nos livre que isso venha a acontecer em todas - a generalização aqui seria péssima, afinal, ainda que em menor número há professores boníssimos trabalhando em muitas escolas públicas). De qualquer modo, isso pode acontecer quando a escola não cria aquele ambiente de espontaneidade, respeito mútuo, e que propicia, a partir daquilo que o jovem gosta - no caso era evidente o prazer e o amor dos jovens da Girassol pela street dance - sim, esse é sempre o mote para que a poesia, a literatura e todas as outras referências culturais que ajudam a nos formar tenham também o seu espaço de fruição.

Uma outra coisa bastante marcante, que mostrou essa disposição sincera das crianças e jovens presentes para participar, aconteceu quando, após o intervalo, no qual tomamos um caldo verde - que umas irmãs gentilíssimas, portuguesas e de uma instituição católica, tinham oferecido ao evento - eu disse que cantaria um fado português, que eu aprendera ouvindo Ney Matogrosso e Kátia Guerreiro, a fadista que eu conhecera graças a um amigo Catalão, e que eu conheci por intermédio do meu blog.
Quando terminei de me apresentar os jovens aplaudiram entusiasmados e pediram "mais um", assim como pediram também "mais um" para a performance magnífica de Laudecir.
Eu fiquei muito emocionado porque a verdade é que todas as crianças e jovens do mundo precisam e têm sede de conhecer mais e mais. Todos nós desejamos isso, naturalmente. No entanto, a experiência do conhecimento tem de ser como essa que tivemos no último sábado: um encontro de alegria e paz, por exemplo, em torno da emoção da expressão artística e não naquela opressão que ocorre amiúde entre os muros da escola.

4 comentários:

  1. Que dizer diante do já dito? E não cabe o siêncio! ...vou, então, me pegar com o divino, porque é da ordem do divino que se trata, não é, não?! Deus abençôe todos vocês! Viva o Girassol!

    luciana

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  2. Sim, Luciana! Foi uma coisa divina! Viva, viva! \0/\0/\0/

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  3. O que esta experiencia nos inspira?... há algo de provocador e inovador neste Sarau...
    Eu fara tudo para vê-lo cantar novamente!
    Parabens pela sensibilidade!
    Gilson Reis

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  4. Gilson,

    O mais provocador foi o nosso amigo Lau, of course!
    Agora, sem dúvida, tudo foi bastante inovador!
    Cantaremos mais, don't worry. Quando será o nosso próximo sarau aqui no Centro de Sampa?

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