quarta-feira, 30 de março de 2011

Stephen Wiltshire

Hoje, navegando pela web, encontrei esse trabalho que eu admiro muito e mais ainda por conta de que seu autor tem uma história de vida que é de sucesso, mas sobretudo de superação.
Fico sempre emocionado em saber que há mistério divino na criatura humana.

Ele tem um site lindo e lá eu encontrei esse texto de apresentação do qual fiz essa versão para o português. Enjoy it!


Stephen Wiltshire é um artista que desenha e pinta paisagens bastante detalhadamente. Ele tem um talento especial para o desenho realista, ou seja, representações precisas das cidades, às vezes, depois de tê-las observado apenas brevemente. Ele foi premiado com um MBE por serviços para o mundo da arte, em 2006. Ele estudou Belas Artes na City & Arts Guilds College. Seu trabalho é popular em todo o mundo, e está presente em uma série de importantes coleções.


Stephen nasceu em Londres, em 24 abril de 1974, seus pais são indianos.  Quando criança, ele era mudo e não se relacionava com outras pessoas. A partir dos três anos, ele foi diagnosticado como autista. Na ocasião, ele não tinha nenhuma linguagem e viveu inteiramente em seu próprio mundo.

Aos 5 anos de idade, Stephen foi enviado para Queensmill School, em Londres, onde notaram que o único passatempo que ele gostava era de desenho. Logo ficou evidente que ele se comunicava com o mundo através da linguagem do desenho; primeiro animais, em seguida, os autocarros de Londres e, finalmente, edifícios. Esses desenhos mostram uma perspectiva magistral, um traço lunático, e revelam um talento natural inato.




Um artista autista, Stephen Wiltshire desenha e pinta paisagens detalhadas e intricadas, puramente de memória.
Esse panorama de Londres, por exemplo, assim como um outro painel de 18 metros retratando a cidade de Nova Iorque foram ambos baseados em suas lembranças de passeios aéreos, o de Nova Iorque, de helicóptero, durou apenas 30 minutos. Isso não é incrível? 

segunda-feira, 28 de março de 2011

Orgulho e Preconceito. Eu li.

Não são lindas essas capas da coleção Vintage Austen, publicada pela Editora Random House?
Eu sempre quis ler Orgulho e Preconceito. Sempre, acho que mesmo antes de eu nascer! rsrsrs
Contudo, também sempre adiara tal desejo por conta de já não querer terminar o livro e, então, saber-me distante da verdadeira paixão, ou seja, essa a que os franceses chamam Coup de foudre!

Na quinta passada, comprei a edição da editora L&PM, a edição pocket de Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, com a capa daquela mesma coleção da Random House. O livro foi traduzido por Celina Portocarrero e contém um prefácio de Ivo Barroso, muito conhecido por suas traduções de Razão e Sensibilidade (Editora Nova Fronteira) e Emma (Editora Nova Fronteira), obras da mesma Austen.

O que dizer de Orgulho e Preconceito? Eu poderia dizer muito, mas não vou dizer quase nada, apenas que me encantou. Fiquei siderado durante os últimos quatro dias e que foram dedicados à leitura total do livro, durante os intervalos do meu trabalho, de meus compromissos e rituais religiosos e também da minha ida ao show de Morcheeba.

Como alguém tão jovem como Austen (ela morreu aos 41 anos) e vivendo no interior da Inglaterra, no começo do XIX, pode ser tão moderna, atual? É um mistério e provavelmente divino, posto que ela é também muito verdadeira e lança luz sobre alguns mistérios da psicologia humana.

Sua obra não tem nada do que o romance convencional do XIX costuma ter. Ela quase não descreve os lugares e também nunca filosofa de modo literal, apenas constrói personagens dinâmicas e as coloca em circunstâncias de diálogos incríveis. É impossível não rir, desse humor inglês tão característico, peculiar mesmo e que tanto nos ensina.
Eu aprendi com esse livro algo que já vinha intuindo na minha vida: orgulho e preconceito são irmãos, e ninguém está imune a esses males, sejamos pobres mortais ou espíritos tão audazes como Fitzwilliam Darcy e Elizabeth Bennet.
Outra coisa importantíssima e que lamentavelmente muitos de nós ainda estamos, em nossos dias, desconsiderando: o amor é o único antídoto para o orgulho, como também para o preconceito.
Portanto, eu considero esse livro muito, muito profundo, como poucas vezes pude encontrar na literatura.

A verdade é que a mulher, em geral, é mais profunda que o homem, não há como negar. Deus concedeu esse privilégio a elas, e quando então resolvem escrever, essa qualidade vem aos borbotões... rsrsrs

Conversando com uma amiga, eu disse: O interessante desse livro é que ele pode ser lido como um tratado filosófico de moral, portanto, no sentido filosófico do que é a moral, se a pessoa for clever; e ele também pode ser lido como um roteiro de telenovela, se a pessoa for zany...rsrsrs
De qualquer um dos jeitos que se queira ou se possa ler tal livro, alguma lição será sempre extraída de sua leitura e ela será de caráter irreversível para essa alma, posto que é uma lição de espírito para espírito.

Para quem já leu essa postagem, anteriormente, vai notar uma mudança a partir de agora. Eu citara aqui, inicialmente, um trecho um tanto crucial para a trama e fui alertado de que poderia estar sendo "meio" spoiler. Como eu também já escrevera no facebook os 15 motivos para adorarmos a personagem principal Elizabeth Bennet, e como por lá essa seleção de citações, que se situam todas em torno da personagem, chegou a ser apreciada, vou reproduzi-la também aqui. Assim, ficamos de bem com os futuros leitores, sem lhes estragar nenhuma surpresa. Quero apenas lhes incitar o desejo pela leitura dessa obra-prima. Enjoy it!

‎1. Elisabeth, imaginando tê-lo insultado, ficou perplexa com tal galanteria. Mas havia em suas maneiras um misto de doçura e malícia que lhe tornava difícil insultar quem quer que fosse.

2. Mas Elisabeth, que não sentia a menor vontade de continuar com eles, respondeu rindo:
- Não, não, fiquem onde estão. Os três formam um grupo encantador e parecem perfeitos assim. Uma quarta pessoa estragaria todo o quadro. Até logo.

3. - Não é possível rir do sr. Darcy! – exclamou Elisabeth – Este é um raro privilégio e espero que raro continue, pois seria para mim uma grande perda conhecer muitas pessoas assim. Adoro rir.


4. Elas são novatas em assuntos mundanos e ainda não despertaram para a humilhante certeza de que belos rapazes precisam, tanto quanto os feios, ter do que viver.


5. Ao subirem os degraus para o vestíbulo, o alarme de Maria crescia a cada instante e mesmo Sir William não parecia de todo calmo. A coragem de Elisabeth não a abandonou. Ela nada ouvira a respeito de Lady Catherine que lhe atribuísse extraordinários talentos ou virtudes miraculosas e acreditava poder testemunhar sem qualquer nervosismo uma simples ostentação de dinheiro ou nível social.

6. Há em mim uma obstinação que nunca me permite ser assustada pela vontade alheia. Minha coragem sempre emerge diante de tentativas para me acovardar.

7. Mas foi a vaidade e não o amor a minha insensatez.


8. Mas essa desgraça de ter falado com amargura foi a consequência natural dos preconceitos que eu alimentei.

9. Não era do seu feitio, entretanto, remoer sofrimentos e com isso aumentá-los. Tinha a certeza de ter cumprido seu dever e angustiar-se diante de males inevitáveis ou aumentá-los pela ansiedade não eram características suas.

10. Ela descobriu o que já foi algumas vezes descoberto: que um fato esperado com impaciente ansiedade não trazia, ao acontecer, toda a satisfação que ela mesma se prometera.

11. Pessoas zangadas nem sempre são sensatas.

12. Decidiu-se, no futuro, nunca traçar limites para a insolência de um homem insolente.

13. - Não vamos discutir sobre quem recairia a maior parte da culpa naquela noite – disse Elizabeth – A conduta de nenhum dos dois, se bem avaliada, seria irrepreensível; mas desde então, espero, melhorarmos ambos em termos de cortesia.


14. O senhor precisa aprender um pouco da minha filosofia. Só pense no passado se a sua recordação lhe trouxer prazer.

15. Elizabeth, agitada e confusa, mais sabia que estava feliz do que se sentia assim.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Olhar para o amanhã


Estou percebendo esse ano de 2011 tão intenso. Ele não está intenso, com seus tsumamis, bombardeios etc.?
Tantas coisas estão acontecendo com o mundo, com as pessoas, com a vida, comigo.

Por exemplo, faz três, quatro semanas que eu parei de fumar, eu que sempre achara que fumar um cigarro era uma questão interior, descobri que era uma questão exterior por demais, compartilhada por demais, e que não era bom, por fim.
A comunicação para eu parar como que veio do além, foi assim que eu senti a coisa toda. Acho que foi por essa razão que ela se resolveu mágica e simplesmente. Outro dia, conhecidos meus, também fumantes, me encontraram na calçada (todos fumando) e eu me aproximei dizendo-lhes e sorrindo muito: Eu parei de fumar! Um deles exclamou: Nossa se fosse eu a dizer isso, estaria também roendo as unhas e não sorrindo desse jeito!
Entendi e agradeci a perspicácia dele e, então, imediatamente, agradeci também aos meus anjos todos.

Hoje [mais um exemplo de que tudo está a acontecer esse ano] passei o dia todo levemente aborrecido com o desaparecimento físico de Elizabeth Taylor. Escrevi no facebook: Today, I am in morning!
Era uma atriz e quão bela! É todo um mundo que fica para trás quando quem morre representou tanto! Mas que, então, possamos ir em frente! Que outras beldades talentosas venham nos oferecer seus encantos e ensinamentos no palco, nas telas. A missão do artista é ensinar com entrega e paixão e, portanto, não é tarefa para qualquer um. Quero crer que outros virão cumprir essa missão, por que sempre haverá aqueles que podem se servir desse instrumento para o seu próprio adiantamento nas questões do espírito, das artes, colaborando, assim, para o adiantamento de outros: os que apreciam sorver de tal conhecimento.

Eu, de minha parte, só preciso me entregar ao amor. Tarefa ainda difícil por que sou muito grosseiro. Tudo o que peço para hoje é que quando eu for dormir eu possa estar com aqueles que me compreendem e que me querem bem e que também queiram me ensinar a amar, assim mesmo, para quando eu acordar eu possa oferecer ao menos um pouco do que recebi àqueles que cruzam meu caminho.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Naomi Shiek

Eu curto demais papercutting, essa técnica de fazer desenhos no papel tão somente recortando-lhes as silhuetas!
Já mostrei alguns por aqui de outros artistas. Aliás, há um número considerável de artistas no mundo que conseguem desenvolver tal arte.

Esses trabalhos são de Naomi Shiek, uma artista que vive em Israel. Ela também coloca seus produtos à venda no etsy.

Eu acho adorável essa produção. Gosto dos motivos que ela escolhe, além da técnica em si, e claro, de cada resultado em particular, eles parecem sempre cultivar a capacidade de inovação da artista. Enjoy it!














quarta-feira, 16 de março de 2011

Meu bem querer

Imagem via http://smallsight.wordpress.com/ e
http://plushpalate.blogspot.com/
Comecei a ler Jane Eyre e estou encantado com a personagem. Estou muito no começo do livro e leio lentamente, uma vez que o estou lendo na língua original, na qual ele foi escrito por Charlotte Brontë.

Por ora, ela é uma garotinha que sofre muitos reveses, desde muito cedo, mas que é muito destemida. Uma das principais qualidades da menina é a sua sinceridade. Eu desconfio que a sinceridade no trato com as pessoas pode nos deter de praticar o mal. Assuma, por exemplo, que há qualquer coisa que não lhe agrada em fulano e, tendo oportunidade, resolva isso. Tal atitude evitaria, por exemplo, ficar maldizendo-o às escondidas, o que é sempre deselegante, gerando circunstâncias, as mais desagradáveis.
Não sei se por que compreendo a revolta da personagem do livro, fiquei pensando em mim mesmo. É claro que não sofri tanto assim na vida, como Jane Eyre tem sofrido, e tampouco, como tal garotinha, devido a outras pessoas.
Analisando friamente minhas condições, em um passado não muito distante, penso que quando sofri, se é que sofri mesmo, eu fui o único culpado do que quer que tenha acontecido comigo. Como ainda sou, quando algo não favorável me acontece. Eu tenho quase certeza disso. ;-)
Por exemplo, preciso com urgência e ainda hoje! tomar mais cuidado com as palavras que profiro. É incrível como, às vezes, sem pensar (se pensasse não diria) exclamo um julgamento precipitado acerca de outros e na frente de terceiros.
Isso não é nada bonito, acreditem!
Por ora, estou feliz de estar percebendo isso mesmo. Afinal, quantas vezes fiz o mesmo no passado e nem me apercebia do mal feito!
Tudo o que quero e muito é ser um homem de bem ou do bem!
Lembro-me que, na minha infância, falar que alguém era um homem de bem era um elogio, embora isso talvez sempre tenha parecido para alguns algo um tanto ridículo ou mesmo vexatório.
Pois bem, eu não penso assim não! Ser um homem de bem não é nada disso.
É algo que pode se dar, embora tão somente em processo de busca. Um processo que é lento, gradual. Ainda mais se o desejo for de ser bom sem muita pretensão, o que macularia o ensejo, portanto, apenas ser bom tranquila e naturalmente.
Penso que hoje tive uma oportunidade de ser bom assim mesmo e graças a Deus!
Uma pessoa amiga procurou-me contando-me de um mal feito por um seu desafeto. Ela dizia-me que pretendia responder isso à altura, uma vez que já se calara muitas vezes diante das investidas maldosas da tal pessoa. Quando ela me contou o que ocorrera eu disse:
-Não faça isso, essa provocação da pessoa é exatamente a do tipo que será melhor ignorar. Eu no seu lugar não alimentaria essa discórdia. Aguarde para responder ao que quer que seja, quando isso for absolutamente inevitável.
Aos poucos ela foi se acalmando e, concordando comigo, resolveu deixar para lá...
Depois, isso repercutiu em um bem para mim, senti-me bem por isso mesmo e sei que foi um bem para ela mesma, pois agradeceu-me dizendo que se sentira bem com isso também.
A lição? Não é apenas o mal que se propaga, aliás, muito pelo contrário!

segunda-feira, 14 de março de 2011

Cecilia Lundgren

Cecilia Lundgren é uma ilustradora sueca que vive e trabalha por lá, mas também é bastante reconhecida em outros países da europa, onde já viveu e trabalhou.
Eu considero esse seu trabalho sensacional.
Gosto desses traços sempre negros e que apenas sugerem a silhueta. Aqui, a cor tão somente complementa tal sugestão.
Gosto, ainda, desse ar de transparência que suas figuras possuem, como se fossem espíritos e por isso mesmo vazados.


Isso tudo sugere a inconsistência das imagens dos sonhos, a lembrança de que o real é mesmo sempre surreal.
Sem falar que ela integra a figura do animal entre os humanos com um equilíbrio extraordinário.
Enjoy it!  Visite também o seu site.










sexta-feira, 11 de março de 2011

O brilho eterno das Estrelas

Comecei, ontem, a ler um livro que um amigo querido me emprestou. Hoje, no trajeto para o trabalho, não consegui parar a leitura nenhum minuto sequer. É que a narrativa é apaixonada e, apesar de contar passagens muitas vezes tristíssimas e até mesmo trágicas, ela não é nenhum pouco desabrida. É que Pery Ribeiro, filho de Dalva de Oliveira e Herivelto Martins, escreveu esse livro para ficar em paz de uma vez por todas com suas duas estrelas. Minhas duas estrelas - uma vida com meus pais Dalva de Oliveira e Herivelto Martins. É assim que ele chamou seu livro, escrito em parceria com Ana Duarte, sua companheira, mãe de seus filhos.
Ruy Castro, no seu prefácio, nos descreve o que vem a ser esse livro:

Esta não é uma biografia deles [Dalva de Oliveira e Herivelto Martins], embora grande parte de suas vidas esteja contada aqui – inclusive os detalhes mais inconfessáveis. Não é também uma autobiografia de Pery, embora ele seja o narrador. É exatamente o que o nome indica: uma “memória”, um relato vivido, de alguém que estava lá e que viajou ao extremo de suas lembranças para recuperar uma experiência – e poucos filhos de celebridades tiveram uma experiência que os feriu tão fundo.

Sim, é mais um livro para eu chorar muito, enquanto o leio.
Trio de Ouro em sua formação original:
Nilo Chagas, Herivelto Martins e Dalva de Oliveira
 Algo suplementar no livro é que ficamos sabendo de episódios do relacionamento do famoso casal também com os seus amigos famosos: Carmem Miranda, Orson Welles, Dorival Caymmi, Grande Otelo, entre muitos outros. Como todo bom livro de memórias, esse é agraciado com o respeito intenso por todos os que já se foram e é por isso que sabermos do que eles provavelmente nem poderiam suportar ouvir, quando vivos, pode, então, ocorrer. Afinal, seus espíritos já devem, Oxalá, poder, então, ouvir acerca do próprio passado doloroso, e também continuar em frente...

Um outro amigo do casal retratado, por exemplo, foi o cantor Nelson Gonçalves. Tenho uma relação especial com esse cantor boêmio, porque, quando eu próprio era criança, meu pai adorava cantar suas canções na varanda de casa. Meu pai tinha uma bonita voz, e na época, acho que se identificava por demasiado com o repertório de Nelson Gonçalves, lindíssimo por sinal. No livro, ficamos sabendo que muitas canções desse repertório, sobretudo no início da carreira, eram composições de Herivelto Martins.
Já uma passagem que achei bastante tocante, e apenas para exemplificar a toada do livro, é a que Pery nos conta em relação à primeira vez que sua mãe recebeu um cachê, quando perto de se separar do marido, já há alguns anos depois de ter atingido o auge do sucesso com o Trio de Ouro. Isso só ocorreu, por então, por que Herivelto nunca lhe dava sua parte no pagamento dos shows, ou de outros empreendimentos que tinham em comum, embora, evidentemente, nunca tenha deixado lhe faltar nada, materialmente falando, uma vez que o filho nos conta que o pai era bastante provedor e mesmo generoso para com todos.

Conta Amália que, depois do primeiro show que Dalva e o maestro fizeram sozinhos em
Belém, ele entregou o dinheiro do cachê para minha mãe. Ela arregalou os olhos muito verdes e desatou a chorar. Assustado, sem entender o porquê daquele pranto repentino, Vicente procurava consolá-la. E ficou ainda mais surpreendido ao ouvir a explicação dela:
“Não estou triste, não, Cabeção, estou emocionada. É a primeira vez que vejo tanto dinheiro junto. É todo meu, tem certeza?”.
Comovido com aquela criatura tão frágil, ele confirmou que já havia pego [sic] a sua parte e que aquele dinheiro era todo dela.

São inúmeras as passagens tocantes como essa. Só por esse exemplo vocês já podem ver que esse é um livro para se ler como uma lição de vida muito profunda. Afinal, sim, só aprendemos com as lições de quem se permitiu viver intensamente. Assim vivenciando-as, desse modo e anteriormente, é que podem nos legar tal relato, ou seja, o de uma experiência humana tão intensa: os artistas são mesmo seres humanos muito especiais nesse sentido.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Ver o mundo e ainda sorrir

Contei esse episódio da minha manhã em uma nota lá no facebook mas como ninguém se manifestou, vou repetir o feito por aqui, porque eu me alegrei com o resultado feliz do episódio:
Hoje, fui a um Consultório Odontógico por que uma restauração de um dente, o vizinho do canino, se rompera.
Quando lá cheguei, a funcionária da recepção informou-me que ali não poderia ser providenciado um curativo emergencial, pois, em uma primeira consulta, apenas se faria uma avaliação, da qual o resultado teria de ser submetido ao Convênio Odontológico para posterior aprovação dos procedimentos necessários.
Fiquei penalizado com essa informação, mas achei melhor não manifestar meu desagrado, de imediato, e aguardar a Dentista.
Quando ela chegou e começou o atendimento, eu lhe disse:
- Estou muito aborrecido por que sua funcionária me informou que não lhe será possível fazer um curativo nesse dente rompido e, assim, terei que permanecer sem sorrir para as pessoas, e, portanto, continuar ainda parecendo ser uma pessoa séria demais ou triste, o que, definitivamente, não combina comigo... [rsrsrs]
Não é que a simpática Dentista, depois de me ouvir, achou por bem fazer o tal curativo? ;-)

Assim sendo, sai todo feliz do consultório e fui a uma galeria de arte, a da Caixa Cultural, na Praça da Sé, 111, pertinho do meu local de trabalho. Fui conferir a exposição do fotógrafo paulistano, German Lorca: olhar-imaginário.
Embora ocorram três exposições simultâneas de fotografia na galeria, foi a de Lorca a que mais me impressionou. Não sei se por que as 57 imagens que estão expostas são em PB [adoro fotografia em P&B]; ou, ainda, se por que elas recobrem diferentes períodos de toda a carreira do importante e conceituado fotógrafo; se por que ele foi um precurssor da fotografia experimental no país, com infuência do surrealismo e concretismo, ou seja, mais do que retratar, documentalmente, ele sempre procurou criar e imaginar situações, ou seja, o seu olhar é o de um artista, vigoroso e sensível, aliás, como sói serem essas criaturas sempre.

Então, por que será, não é mesmo? rsrsrs

Vejam, por essas imagens que selecionei, o que lhes aguarda lá na exposição e não deixem de ir, vocês terão mais de um motivo para sorrir, saindo de lá. Eu tive inúmeros.






quarta-feira, 9 de março de 2011

Sem máscara

É preciso mesmo ter coragem.

Coragem parece ser virtude para empregarmos em campos de batalhas, literalmente falando, ou uma das que se reserva para o caso de atividades de alto risco, não é mesmo?
Eu desconfio, no entanto, que isso não é completamente verdadeiro.

É preciso ter coragem para não se ter medo, simplesmente. rsrsrs

Por exemplo, conviver é algo normalmente temeroso.
Levante o dedo quem nunca sentiu medo de pessoas comuns e sorridentes ou más e falsas, com as quais, no entanto, você conviveu ou convive...

Ser sorridente apenas por que se é bom é algo menos comum, infelizmente.
Sorrir exige que você tenha bons dentes ou muito desprendimento para ainda sorrir quando banguela.
Eu quero frequentar dentistas e sorrir. Também não quero ter medo das outras pessoas, todas comuns e iguais a mim, ainda que eu tenha sido como algumas delas apenas há duzentos anos, já passados e superados, graças a Deus!

Quero é saber com quem eu vou estar parecido no futuro, que é certo!
Espero que eu ao menos me aproxime da coragem demonstrada por Cristo ressuscitado!
Por ora, ainda pereço o parecer aflito: é que sou ainda jovem no exercício da bondade e muito, muito velho em sofrimento! ;-)

sexta-feira, 4 de março de 2011

Riki Blanco

Como eu estou de molho, esperando a conjuntivite abandonar-me, não tenho feito muita coisa. Só fiz a maluquice de sair de casa na última terça-feira...
Então, fico em casa, com mi madre, cozinhando: talvez eu venha a engordar ainda mais? Que medo!
No entanto, amo esse blog e não poderia abandonar as pessoas que aqui vêm, sem uma novidade boa!

Graças a Deus, navegando na web, encontro sempre boas novidades. Essa última encontrei pela manhã: trata-se do site de Riki Blanco, um ilustrador catalão, que nasceu em Barcelona (como um amigo meu muito querido, aliás).
O site de Blanco é belíssimo. Há efeitos mágicos e que ocorrem a partir da página de entrada. O seu blog também é muito interessante. Tudo ali pede contemplação. Considerem isso vocês mesmos, por essas imagens que eu trouxe para cá. Mas não deixem de ir até o sítio do rapaz.






quarta-feira, 2 de março de 2011

Obsessões da forma

Eu sei que eu deveria estar escondido dentro de casa full time. E estou mesmo assim, a maior parte do tempo. Acontece que, ontem, eu precisei sair para pagar uma conta. Eu tinha que pagar a tal conta na loja, não podia ser via internet bank, não. Se a lojinha receber o dinheiro, pessoalmente, ela mais rapidamente deixa eu continuar usando o cartão e, hoje, iremos ao supermercado usá-lo. Assim sendo, fui a uma filial da tal loja, lá na Av. Paulista, bem perto do Masp. Pensei: se pretendo ir a um lugar público, que seja um no qual as pessoas não precisem ficar exatamente do meu lado.

Quer lugar mais livre do que um lugar que tem um vão livre? rsrsrs

E, então, tudo aconteceu. Além de aproveitar a terça-feira em que a entrada no Masp é gratuita e, depois de rever pela milésima e querida vez os clássicos do acervo, lá em cima, ou seja, os quadros: Monets, Renoirs, Picassos, Modiglianis etc., desci ao subsolo do Masp para conferir a exposição Obsessões da forma.
E, então, estava em um céu em que a vida se divide em 7 núcleos temáticos: Guerreiros, Nus, Casais, Dança, Abstração, Animais e Bustos. Muito comovente ver o acervo de escultura do Museu assim, tão delicadamente distribuído. E que acervo!

No primeiro núcleo de Guerreiros, somos recebidos por dois guerreiros chineses muito distantes no tempo e muito vivos na expressão. A bailarina de Degas sempre me comove, além da delicadeza da composição, talvez o que mais me comova é saber que o tecido esgarçado de sua saia tem mais de 100 anos... A Eterna primavera, de Rodin, também é comovente, absurdamente, a começar pelo título e que justifica esse beijo apaixonado do casal. Móbiles em geral são minha eterna paixão, e ver um tão delicadamente articulado, posto que pensado por um artista deixa-me completamente estupefato.
Já os nus sempre me lembram do tempo em que trabalhei como modelo vivo...
Mas fiquei mesmo boquiaberto foi diante da cabeça de Greta Garbo. Por que será?

Isso tudo diz respeito apenas ao que pude localizar as imagens e trazê-las para cá. Mas, na verdade, são cerca de 40 peças em exposição. Absolutely amazing!

Se eu fosse você eu iria de qualquer jeito para o Masp. Eu iria agora, mesmo que fosse disfarçado e de óculos escuros, como eu mesmo fui...rsrsrs

Guerreiro Chinês, período Tang, 618-907 d.C.

Bailarina de 14 anos, 1880, Degas.
Eterna Primavera, 1897, Rodin.

Móbile, 1944-48, Alexander Calder.

Nu deitado, 1932, Augusto Zamoyski.

Greta Garbo, 1937, Ernesto de Fiori

terça-feira, 1 de março de 2011

Visions

Penso que tudo o que nos acontece faz sentido, porque tem sentido. Não faria sentido se não o tivesse, ou seja, não fosse intrinsicamente voltado para isso mesmo: fazer-se compreender de algum modo.
Eu passei o fim de semana sendo tomado por uma conjuntivite nos olhos (isso deve ser uma redundância, mas vou deixar assim mesmo! rsrsrs) e, nessa segunda feira, tive de ir a um hospital especializado. Quando lá cheguei, havia inúmeras pessoas com o mesmo problema e pensei: o que será que fizemos para estarmos todos aqui tendo que amargar essas horas de espera por um colírio para os olhos?
Fica a dica: é muito importante, quando você está em uma sala de espera, que você tenha um livro em mãos. Leve um livro de contos para a ocasião. Se a espera for longa, nada de desespero. Leia os contos e de preferência em uma língua que não seja a materna. Eu, por exemplo, demoro um pouco mais para ler em inglês e, graças a Deus, estava com o livro The Diamond as Big as the Ritz and other stories, de F. Scott Fitzgerald, na bolsa. O livro é um encanto. Além do fantástico conto que dá nome à coletânea, e que conta como vivem aqueles que têm um Diamante do tamanho do Hotel Ritz... (rsrsrs), tem outros, e em todos eles as personagens femininas são sempre encantadoras e espertíssimas, como se pode ver nesses trechos:

First, you have no ease of manner. Why? Because you're never sure about your personal appearance. When a girl feels that she's perfectly groomed and dressed she can forget that part of her. That's charm. The more parts of yourself you can afford to forget the more charm you have.
(Bernice bobs her hair)

People over forty can seldom be permanently convinced of anything. At eighteen our convictions are hills from we look; at forty-five they are caves in which we hide. (Bernice bobs her hair)


She kissed him until the sky seemed to fade out and all her smiles and tears to vanish in an ecstasy of eternal seconds. (The Ice Palace)

É importante que se diga: quem diz as primeiras frases que aqui transcrevi, no conto intitulado Bernice bobs her hair, é a prima da tal Bernice, e ela (a prima) não é lá uma pessoa muito confiável, digamos assim, mas  tem as frases mais impagáveis da coletânea. Já o último trecho eu não resisti e trouxe para cá por que achei tão romântico... kkkkk

Para terminar, eu preciso falar de um sonho lindo e triste que tive essa noite. Ele se passava como um filme de animação. E não era qualquer animação, mas uma que fosse realizada por Sylvain Chomet.
O sonho, assim sendo, belíssimo no visual, contava, no entanto, uma história triste: a de uma moça que acobertada por uma vizinha trabalhava escondido à noite em um cabaré, da década de 30 (provavelmente no Brasil, mas há senões) e era amante de um homem casado... Com essa informação não é de se estranhar que a história terminasse tristemente em violência, e até choro e ranger de dentes... mas, ainda bem que a graça divina nos faz esquecer daquelas passagens dos sonhos que ocorrem quando já estamos perto de acordar!

Boa semana a todos!