quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Winter Blues by Andrey Belkov's

Dot-And-Dash. Rybinsk Sea, Russia, 2011

Blue And White Stripes. Rybinsk Sea, Russia, 2011 

Escape. Pereslavl, Russia, 2011

Crosses. Kireevsk, Russia, 2012

Black stripes of trees. Ryazan, Russia, 2012

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

High five by Ivonne


via Cream puffs in Venice
Hoje, logo que liguei o computador, vi que se falava bastante no feed de notícias do meu perfil no facebook sobre a morte de um garoto de 14 anos identificado como Kevin Beltrán, um torcedor do San José. Sua morte foi provocada por um sinalizador que, por sua vez, teria sido lançado por torcedores do Corinthians, durante o jogo de ontem (quarta-feira, 20 de fevereiro) da Copa Libertadores, em Oruro, na Bolívia.

Quando conversei com uma amiga minha e colega onde trabalho, eu disse que tudo era muito triste, algo assim com as características mais evidentes de um incidente, uma fatalidade, evidentemente contribuía para isso seu aspecto absolutamente dramático, a perda da família, a circunstância de ter sido durante um jogo, algo que era para ser uma emoção singela, típica do prazer da juventude, enfim, tudo muito muito triste mesmo.
Lamentável e doloroso, sem dúvida.
Mas eu também lhe disse que eu considero que, de qualquer modo, morrer jovem é sempre uma dádiva. O que ela achou uma afirmação um tanto absurda. Mesmo assim confirmei meu juízo de valor: acredito que sair desse planeta tão cedo é sempre vantajoso. 
Vamos combinar que sim, por favor!
Aqui não é exatamente um paraíso para se viver e a vida não é um mar de rosas...
Embora, eu saiba também que este é um mundo lindo e, com certeza, entendo que a vida deva ser vivida até quando Deus queira que a vivamos. 
Poderia parecer que há contradição nisso que estou afirmando, mas não há nenhuma. Não se trata de uma negação do que aqui viemos fazer!

Por exemplo, agora à noite, encontrei um blog de uma canadense, superfofa, ela se chama Ivonne e é filha de italianos, e seu blog é de culinária: Cream puffs in Venice. Ela cozinha umas coisas deliciosas!
Por um acaso, vi inicialmente uma postagem em que ela dizia que tinha acabado de voltar do enterro de um filho pequenino de um amigo dela.
Ela intitulou a postagem High Five [que é o nome que se dá na gíria àquele cumprimento em que dois jovens, levantando o braço, batem no alto as palmas da mão direita aberta, um bate na palma da mão do outro]

Vou tentar traduzir o que ela dizia por lá:

High Five

Hoje foi um daqueles dias em que manter a luz do forno acesa foi realmente uma fonte de grande conforto.

Eu assisti ao funeral de um menino muito jovem, cujo pai é um amigo e colega.

A única vez em que eu encontrei esse doce anjo foi acerca de dois meses atrás, quando faltava apenas algumas semanas para o Natal. O meu colega tinha trazido seu filhinho para o trabalho. Eles me visitaram brevemente em meu escritório e eu estava tão animada e feliz. O menino estava compreensivelmente tímido, uma vez que nunca tinha me visto antes, de modo que seu pai lhe disse para me cumprimentar com um “high five”.

E ele o fez.

Eu estive pensando a respeito disso desde então.

via Cream puffs in Venice
Depois do funeral, eu cheguei em casa e imediatamente comecei a assar biscoitos. Quando cozinho, tenho um tempo para refletir sobre os acontecimentos do dia e sobre suas lições com mais vagar. Embora tenha sido por um breve momento, sou tão grata por ter tido a oportunidade de conhecer o filho do meu amigo.

Então, considerei que os nossos entes queridos são o maior presente que temos, e não devemos desperdiçar um único momento da sua companhia. Nunca.

Lembrei-me que o amor e a fé nos verão passar pela vida afora.

Lembrei-me do melhor high five que eu já recebi, e do qual nunca vou esquecer.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Ark Nova


Hoje pela manhã, eu ouvia a colunista Claudia Toni do programa Começando o dia, na rádio cultura FM de São Paulo, e ela nos contava sobre um importante projeto desenvolvido por iniciativa de importantes artistas do universo da música erudita e que se reúnem em torno do Lucerne Festival, na Suíça. Essa instituição iniciou, desde 2011, uma ação para para levar música, esperança e a promessa de dias melhores para todos os habitantes daquela região que sofreu o grande e trágico terremoto, no Japão, em março de 2011.
Essa é a ideia, o objetivo, do projeto Ark Nova (Nova Arca), desenvolvido pelo Lucerne Festival, em parceria com Kajimoto Music.

Sob a direção de Arata Isozaki, um dos arquitetos mais solicitados do mundo, uma sala móvel de concertos está sendo construída, e ela poderá ser transportada para vários lugares da região japonesa devastada pelo terremoto, utilizando-se para tanto de 3 caminhões.

O design da estrutura arquitetônica tem vários componentes, incluindo um salão com capacidade para cerca de 700 espectadores. A concha inflável é feita de um material elástico e que permitirá montagem e desmontagem rápidas.

Isozaki está trabalhando neste projeto em estreita colaboração com o indiano Anish Kapoor, escultor radicado na Inglaterra, responsável pelo projeto da monumental cúpula/escudo do edifício. A acústica da sala ficou a cargo de Yasuhisa Toyota e David Staples, também de Londres, está atuando como consultor especialista em teatro.

A sala irá fornecer uma plataforma única para as apresentações, mas, apesar disso, elas poderão abranger música clássica, jazz, dança, eventos multimédia e projetos artísticos interdisciplinares de importantes artistas e conjuntos de todo o mundo.

Um comitê artístico, formado por personalidades de renome e que têm seus nomes ligados ao Lucerne Festival, apoia o planejamento dos programas de tais apresentações. Evidentemente, pretende-se que os espetáculos tenham suporte de patrocinadores e demais apoiadores, a fim de proporcionar à população da região acesso livre nas apresentações de tais programas.

Além de ser uma plataforma móvel de performances e espetáculos, espera-se, sobretudo, que esse seja um local de encontro, em que as pessoas possam ter oportunidade de criação e, assim sendo, essa será uma contribuição duradoura para que se possa voltar à normalidade nesta região tão sofrida desde a tragédia.

Eu fiz questão de trazer para esse blog essa informação, pois acredito que o mundo tem assistido a esses eventos tão dolorosos, e ultimamente mais numerosos, mas não podemos esquecer que sempre acompanham tais circunstâncias a iniciativa da solidariedade humana e que isso pode se dar das formas as mais variadas. 

É mesmo muito emocionante quando, por exemplo, artistas resolvem dar sua contribuição. Afinal, a música é de uma vitalidade sem igual no mundo em que vivemos e, quando tal arte se associa com o engenho arquitetônico, o resultado só pode mesmo ser admirável.

Importante: vale a pena ouvir o podcast da colunista - click no nome dela escrito neste post lá no primeiro parágrafo -  para, então, saber de mais detalhes ainda, os quais, enfim, não abordei nesta postagem. ;-)



sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Learning all time

Femme a L'amphore by Henri Matisse

Talvez pareça confuso o fato de que possamos agir de maneira equivocada em um determinado momento e depois igualmente  não percebamos que, por exemplo, aquilo que aconteceu mais adiante se revelou como uma consequência direta daquele equívoco anterior.

É que o tempo ocorre à revelia de nossas ações. E, por isso, tanto aquele tempo do equívoco e que provocou a reação em cadeia, quanto o tempo posterior, no qual a reação propriamente se desenrolou, ambos sempre foram distintos.

Assim sendo, talvez não seja sempre possível estabelecer a relação entre os fatos,  porque vivemos no tempo ou do desconhecido, ou do olvido ou no novíssimo, que é já o aqui e agora, ou seja, o tempo em que afinal pode ser consumado o aprendizado.

Como nem sempre a consequência de uma ação nossa é imediata, ficamos, por vezes, como crianças, sentindo e compreendendo apenas o que de fato ocorre como consequência imediata. Por exemplo, como quando percebemos que “o fogo queimou minha mão”.

Quando há um intervalo mais significativo entre uma coisa e outra, podemos nos sentir irresponsáveis e por isso mesmo falsamente livres.

Por que falsamente livres?

Porque a verdadeira liberdade implicaria na aceitação da consequência. Será sempre melhor quando isso acontecer sem a participação dos sentimentos de culpa ou de vergonha. Nesse sentido, será mais produtivo que a aceitação da responsabilidade seja tão somente aceitação.

Até aquele momento em que diremos devo, não nego e pago... agora!

Sim, pois ao contrário do “quando puder” da frase feita, o próprio tempo determina que o momento de tal cobrança - a declarada e indisfarçável consequência em qualquer tempo seguinte do que quer que tenhamos feito - seja a possibilidade mesma do aprendizado que se impõe. 

Então, temos a chance de conhecer uma liberdade possível, a que acontece quando não falseamos  nossa condição. Ou seja, quando já podemos aceitar o que nos acontece como consequência natural daquela ação que perpetramos anteriormente.

É por isso que não sou agora quem já fui e continuo sempre sendo outro, mas sem deixar de ser eu mesmo.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Miyuki Sakai


No seu site, Miyuki Sakai nos conta que por mais de 20 anos vem trabalhando na criação dessas suas  ilustrações premiadas e que são feitas com o auxílio de uma máquina de costura.

Ela também nos diz que, enquanto crescia em Osaka, Japão, via sua mãe fazer roupas para toda a família utilizando a máquina e foi essa experiência que fez com que ela adotasse a máquina de costura para desenvolver seu estilo único na confecção de suas ilustrações.

Depois que ela se formou na faculdade de arte em Kyoto, ela se mudou para Tóquio e começou a trabalhar como ilustradora freelancer. Há dois anos, um trabalho seu ilustrou um artigo de Martha Stewart chamado Viva la tarte! e ganhou medalha de bronze na categoria de design editorial do prêmio ADC 2011.

Agora, mora em San Francisco, e diz se sentir muito bem, vivendo e trabalhando nos EUA.

Eu queria tanto um trabalho desse para pendurar na parede da minha cozinha! ;-)








terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Entre Yehoshua e Verdi


Esta manhã, no trem, vindo para o trabalho, eu comecei a leitura de um romance de A. B. Yehoshua: Fogo Amigo.

No primeiro e segundo capítulos, encontramos as personagens principais sendo apresentadas: o casal Yaári e Daniela. Ele está se despedindo da esposa no aeroporto, pois ela vai visitar o cunhado Yirmiyáhu, que ficou viúvo há apenas um ano. Daniela quer ir só, mas no primeiro capítulo ainda não saberemos exatamente o porquê. Já o marido está apreensivo por ela viajar sozinha. Haverá uma conexão no voo e ele explica-lhe que não quer que ela saia do aeroporto: “Daniela querida, lá é a África, não a Europa. Nada por lá é muito claro nem muito estável. E se você for à cidade poderá perder a hora ou se perder pelo caminho.”

Ela, claro, acha tudo exagerado. Ao que ele responde: “Só porque o meu amor por você é exagerado.” Então, ela lhe diz: “Quanto tem aí de amor e quanto de controle é algo que vamos ter de esclarecer um dia.”
Somos informados pelo narrador que o marido está preocupado devido ao fato de ela já ter quase 60 anos, sofrer de pressão alta e, sobretudo, porque nunca viajara sem sua companhia. Depois, ele vai para o trabalho e acompanhamos um pouco de sua rotina.

No segundo capítulo, encontramos Daniela em um free shop do aeroporto, distraída com a vendedora de batons, quando será conduzida pelo comissário de bordo até o avião. Quando ela ocupa o lugar que lhe pertence, ficamos sabendo o motivo íntimo dessa viajem:

“(...) ela está à procura de palavras precisas, e fatos olvidados ou talvez novos, que avivem a dor e o luto pela irmã mais velha, que ao morrer levou consigo parte da infância da irmã caçula. Sim, ela sente agora o desejo bem nítido de avivar o sentimento de perda e fender a casca de esquecimento que começou a envolvê-la. É esse o motivo pelo qual almeja passar alguns dias perto de alguém que ela conhece desde a infância, e cujo amor e lealdade para com a irmã nada ficavam a dever aos dela mesma.”

Quando, no início do terceiro capítulo, o cunhado fica sabendo, por meio do telefonema do marido, que Daniela está indo só ao seu encontro, admira-se, não porque acredite que ela não possa viajar sozinha:
“É claro que ela consegue, gracejou de Dar es Salaam a voz querida e familiar, e se for por apenas sete dias e não mais, ela vai resistir muito bem aqui sem você. Mas será que você vai aguentar? Vai mesmo aceitar a separação sem se arrepender na última hora e se juntar a ela?”

Nesse momento da minha leitura, a apresentadora do programa Manhã Cultura, da rádio Cultura FM, anunciou-me pelo fone de ouvido: Agora, ouviremos La donna è mobile (A mulher é voluvel), ária do terceiro ato da ópera Rigoletto, criada por Giuseppe Verdi. Gravação da interpretação do tenor que realizou a primeira performance dessa ária, em 1951: Raffaele Mirate.”

La Donna è móbile
Qual piuma al vento,
muta d'accento e di pensiero.
Sempre un amabile,
leggiadro viso,
in pianto o in riso, è menzognero.

La donna è mobil'.
Qual piuma al vento,
muta d'accento e di pensier!
e di pensier'!
e di pensier'!

via classic luggage
È sempre misero
chi a lei s'affida,
chi le confida mal cauto il cuore!
Pur mai non sentesi
felice appieno
chi su quel seno non liba amore!

La donna è mobil'
Qual piuma al vento,
muta d'accento e di pensier!
e di pensier'!
e di pensier'!

Não sei se porque eu já estava imbuído dessa história de uma relação em que temos um homem tão frágil diante de seu amor por uma mulher, fiquei deveras emocionado com essa ária que, no entanto, já ouvira tantas vezes, e que é tão singela e mesmo popular!