Femme a L'amphore by Henri Matisse
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Talvez pareça confuso o fato de que possamos agir de maneira equivocada em um
determinado momento e depois igualmente não
percebamos que, por exemplo, aquilo que aconteceu mais adiante se revelou como
uma consequência direta daquele equívoco anterior.
É que o tempo ocorre à revelia de nossas ações. E, por isso,
tanto aquele tempo do equívoco e que provocou a reação em cadeia, quanto o
tempo posterior, no qual a reação propriamente se desenrolou, ambos sempre foram
distintos.
Assim sendo, talvez não seja sempre possível estabelecer a relação
entre os fatos, porque vivemos no tempo ou do desconhecido, ou do olvido ou no
novíssimo, que é já o aqui e agora, ou seja, o tempo em que afinal pode ser
consumado o aprendizado.
Como nem sempre a consequência de uma ação nossa é imediata, ficamos, por
vezes, como crianças, sentindo e compreendendo apenas o que de fato ocorre como consequência imediata. Por exemplo, como quando percebemos que “o fogo queimou
minha mão”.
Quando há um intervalo mais significativo entre uma
coisa e outra, podemos nos sentir irresponsáveis e por isso mesmo falsamente
livres.
Por que falsamente livres?
Porque a verdadeira liberdade implicaria na aceitação da
consequência. Será sempre melhor quando isso acontecer sem a participação dos
sentimentos de culpa ou de vergonha. Nesse sentido, será mais produtivo que a
aceitação da responsabilidade seja tão somente aceitação.
Até aquele momento em que diremos devo, não nego e pago... agora!
Sim, pois ao contrário do “quando puder” da frase feita, o próprio
tempo determina que o momento de tal cobrança - a declarada e indisfarçável consequência em qualquer tempo seguinte do que quer que tenhamos feito - seja a possibilidade mesma do
aprendizado que se impõe.
Então, temos a chance de conhecer uma liberdade possível, a que acontece quando não falseamos nossa condição. Ou seja, quando já podemos aceitar o que nos acontece como consequência natural daquela ação que perpetramos anteriormente.
É por isso que não sou agora quem já fui e continuo sempre sendo outro, mas sem deixar de ser eu mesmo.
Excelente postagem.
ResponderExcluirVence as adversidades aquele que muda, que é resiliente.
E prospera o verdadeiro, a verdade.
Linda e querida Olyvia! <3
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