sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Learning all time

Femme a L'amphore by Henri Matisse

Talvez pareça confuso o fato de que possamos agir de maneira equivocada em um determinado momento e depois igualmente  não percebamos que, por exemplo, aquilo que aconteceu mais adiante se revelou como uma consequência direta daquele equívoco anterior.

É que o tempo ocorre à revelia de nossas ações. E, por isso, tanto aquele tempo do equívoco e que provocou a reação em cadeia, quanto o tempo posterior, no qual a reação propriamente se desenrolou, ambos sempre foram distintos.

Assim sendo, talvez não seja sempre possível estabelecer a relação entre os fatos,  porque vivemos no tempo ou do desconhecido, ou do olvido ou no novíssimo, que é já o aqui e agora, ou seja, o tempo em que afinal pode ser consumado o aprendizado.

Como nem sempre a consequência de uma ação nossa é imediata, ficamos, por vezes, como crianças, sentindo e compreendendo apenas o que de fato ocorre como consequência imediata. Por exemplo, como quando percebemos que “o fogo queimou minha mão”.

Quando há um intervalo mais significativo entre uma coisa e outra, podemos nos sentir irresponsáveis e por isso mesmo falsamente livres.

Por que falsamente livres?

Porque a verdadeira liberdade implicaria na aceitação da consequência. Será sempre melhor quando isso acontecer sem a participação dos sentimentos de culpa ou de vergonha. Nesse sentido, será mais produtivo que a aceitação da responsabilidade seja tão somente aceitação.

Até aquele momento em que diremos devo, não nego e pago... agora!

Sim, pois ao contrário do “quando puder” da frase feita, o próprio tempo determina que o momento de tal cobrança - a declarada e indisfarçável consequência em qualquer tempo seguinte do que quer que tenhamos feito - seja a possibilidade mesma do aprendizado que se impõe. 

Então, temos a chance de conhecer uma liberdade possível, a que acontece quando não falseamos  nossa condição. Ou seja, quando já podemos aceitar o que nos acontece como consequência natural daquela ação que perpetramos anteriormente.

É por isso que não sou agora quem já fui e continuo sempre sendo outro, mas sem deixar de ser eu mesmo.

2 comentários:

  1. Excelente postagem.

    Vence as adversidades aquele que muda, que é resiliente.
    E prospera o verdadeiro, a verdade.

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