Lembrei-me, hoje, de que, certa feita, li o verbete Solidão no Dicionário Filosófico, de André Comte-Sponville. Foi muito interessante, porque ali ele dizia que solidão é condição humana, não há como, sendo gente, não conhecê-la. No entanto, o autor ressaltava que a solidão é diferente do isolamento. Esse último é uma escolha, enquanto que a primeira é condição.
Vim no metrô pensando nisso, ou seja, em quantas vezes nos sentimos solitários porque tão somente nos isolamos e, quantas outras, sem nos isolarmos, mas participando da vida em sociedade, em comunidade - ou seja, nos permitindo o intercâmbio - embora vivamos a solidão essencial, não nos sentimos tão sozinhos, mas tão somente como aqueles que participam da experiência humana do jeito mesmo que ela é possível: na convivência difícil de cada dia e que fica mais fácil quando estamos menos afeitos à tristeza ou decepção, pois é isso o que pode nos levar ao isolamento.
Por conta disso, dessas abstrações filosóficas, procurei por Comte-Sponville, no São Google. Achei uma entrevista publicada, hoje mesmo, no site Planeta Sustentável. Sei que ele é um filósofo materialista, e tudo bem, mas sei também que ele é tão humanista que não há como não ter simpatia pela sua fala e considerar sua contribuição.
Sabemos, por exemplo, que a Felicidade é uma tema recorrente na obra do filósofo. Ele nos diz que ela é o contrário da tristeza e que é preciso partir daí.
O que é a felicidade? Certamente não é uma alegria contínua e estável. Isso não existe, é somente um sonho que nos afasta da felicidade. A felicidade é o contrário da tristeza: sou feliz quando tenho a sensação de que a alegria é imediatamente possível, que pode aparecer de um momento a outro, que ela talvez já esteja aqui, claro que não de maneira permanente, mas com essa facilidade, essa espontaneidade, essa leveza que torna a vida agradável. A felicidade não é algo absoluto, mas como é bom!
Leia a íntegra da entrevista no Planeta Sustentável.
Sou até suspeito para falar, porque eu simplesmente leio quase tudo o que Comte-Sponville escreve, além de ir para muitas aulas com os livros dele debaixo do braço. Fora cursos em que já botei a bilbiografia dele na roda. Rapaz, e o cara escreve bem demais. Muito esclarecedor, muito prazerosa a leitura. Fico feliz de ver que você também descobriu, que também conhece Comte-Sponville. Também cito muito as contribuições desse autor.
ResponderExcluirÉ isso aí... vou ler mais um pouco seu blog aqui...
adriano
Adriano,
ResponderExcluirUm dos prazeres em se ler um autor é saber que os amigos também o lêem, não é?
;-)