sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Baby on board

A absoluta inocência de um infan é uma coisa adorável de se ver. Sobretudo, se ele está feliz e deitado no colo da mãe, quando, então, é a imagem plena da satisfação.
Ontem, tive uma mãe e seu bebê sentados ao meu lado, no metrô, e era exatamente isso que eu via e fiquei comovido, de verdade, com aquela criança que, por sinal, era lindíssima.
Lembro-me, no entanto, de ter lido, não sei se em Melanie Klein (a ver) que o infan em seu desejo selvagem por satisfação imediata é exatamente como o foram um dia os dinossauros. Ninguém imagina o bebê Johnson um dinossauro mas, ao que parece, no fundo é mesmo o que ele é. :p
Eu ainda dou um desconto a esse bebê dinossauro (aqui é impossível não nos lembrar da série televisiva americana, do início dos anos 90, Dinosaurs - Família Dinossauros - e o seu Baby Sauro (Baby Sinclair), caçula da família, e que atingia o pai repetidamente na cabeça com uma frigideira enquanto também repetia o bordão: "Não é a mamãe", além daquela outra frase que ele adorava dizer: "Precisa me amar!"). Dou um desconto, porque afinal, sim, é um bebê e pode ser visto como adorável, apesar de tudo. ;-D
No entanto, o bebê cresce e é quando tudo muda de figura, ao menos na aparência. Penso que o que deveria nos interessar como objeto de reflexão nessa seara é uma importante questão que, então, se impõe para o "bebê gigante". Poderemos compreendê-la, nesse singelo exemplo cotidiano e que, penso, podemos assistir em qualquer tempo e lugar:
Alguém diz para um outro alguém (pode ser uma moça e um rapaz, ou ainda, duas moças ou dois rapazes, não importa, fiquemos com a imagem de dois seres humanos adultos):
- Nunca mais conto com você para nada!
Subentende-se: esse outro alguém, o abordado, deixou de atender a uma solicitação daquele primeiro.
Um outro alguém, que a toda a cena assistiu e que pertence ao conjunto dos seres humanos a que podemos chamar o dos antenadíssimos, comenta:
- O problema da carência humana é o mesmo para todo mundo!
Eu, que também participo da cena, penso: Isso é bem verdade...
Mas não precisei dizer nada, é que nesse momento a cumplicidade já atravessara os corações todos!

6 comentários:

  1. Carência é mais uma doença, assim como a demência...

    PArabéns pelo blog

    abraços

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  2. tudo bem alguns adultos serem "bebês gigantes", mas nunca o bebê é um adulto miniatura, (adorável "apesar de tudo"? tadinhos...) seus "desejos selvagens" são inatos, ele ainda não entende o que se passa, santa inocência, nem consegue ainda abrir a geladeira sozinho pra pegar um leitinho...

    adorei o post, e seu encantamento com a tal cena do bebê. qto à outra cena, a dos adultos, muitos desses não têm jeito mesmo, né?

    e meu comentário fica maior que seu post, a doida, que chatinha! é que gosto de vc, e tb pq tomei mta coca cola, sorry!

    bj.

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  3. Bruno,
    Adorei a rima: sem dúvida a carência pode beirar a demência, claro! rsrsrs
    Obrigado pelo comentário.

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  4. Kika,
    Vc é uma leitora com ouvido psicanalítico ;D
    Noutro post, o do Mia Couto, vc percebeu meu ato falho: eu achar aquela solidão uma dureza (exagerado!)... E agora outro: eu dizer dos pobrezitos dos bebês, "apesar de tudo". Tadinhos mesmo, né?
    Adoro sua leitura atenta e sensível dos meus posts.
    Isso é instigante também.
    Merci!

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  5. Adoro a leveza do cotidiano, essa comparação de bebes e dinossauros foi ótima. Nós adultos também temos esses impulsos de rapido prazer e gozo. Mas talvez não sejamos tão bonitos quanto os bebes e nem tão brutais como os dinossauros... rs
    Ver bebes crescendo nos traz carencia e a boa saudade das lembranças e o novo do amanhã.
    Sinto isso quando olho pra fotos de minha filha...

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  6. não, não, não! não percebi ato falho nenhum, pára, quem sou eu?? não fico te analisando não, que horror! Só falo a minha opinião, pois te leio com carinho, como vc sabe, e sinto vontade de palpitar. mas são só meus pontos de vista, e não os únicos pontos de vista!

    não sou assim uma autoritária, please!

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