Ontem, assisti a um filme do diretor italiano Roberto Rosselini. O filme Sócrates (1971) é uma cinebiografia do filósofo grego. Inicialmente, foi estranhíssimo ver os personagens gregos falando italiano. :p Mas isso é tolice de minha parte: se eles tivessem que falar grego teria que ser o grego antigo (que não pode ser falado, imagino...) De qualquer modo, a produção procurou reproduzir, à sua maneira, a época em que Sócrates viveu e o resultado é bastante peculiar e mesmo bonito, visualmente. Atenas e sua Acrópole, com o Partenon e a estátua da deusa Pallas Athena protegendo a cidade do alto, enfim, está tudo lá.
O filme mostra o final da vida de Sócrates. Logo no início, a cidade está tomada pelo poder dos 30 tiranos, os Espartanos.
Uma cena bastante impressionante é quando vemos um grande número de cidadãos atenienses crucificados por esse regime.Estou falando disso, porque foi um aspecto que particularmente chamou-me a atenção, os espartanos tiranos condenavam à morte seus inimigos dessa maneira, ao que tudo indica: caso a pesquisa para a realização do filme tenha acertado nesse dado em particular.
Depois, os Atenienses retomam o poder e reestabelecem sua democracia. Acompanhamos, então, a escolha de seus dirigentes e o processo que os inimigos de Sócrates iniciam para a sua condenação. Segundo eles, Sócrates não crê nos deuses de Atenas, renega-os e ainda é uma má influência para a juventude ateniense.
Antes e mesmo depois desse momento, Sócrates passeia com seus discípulos pela cidade, colinas, montes. É quando seus diálogos ocorrem, com base nos escritos de Platão. Tudo é muito resumido: o filme, nesse sentido, não substituiria jamais os escritos, mas o ator Jean Sylvère, o Sócrates, é prodigioso, em convencimento.
Mesmo que esse filme pertença a um momento na obra de Rosselini em que ele passou a produzir filmes educativos para a televisão e não mais aquele cinema que o consagrou (Roma, Cidade Aberta, Viagem na Itália etc.), o filme, para mim, foi muito atrativo: ver o Sócrates, ali encarnado, foi uma experiência delicada e reveladora.
Um outro comentário e talvez demasiado: sempre achei Sócrates meio que o Cristo da Grécia (se é que se pode dizer uma heresia dessas para qualquer das duas culturas em questão, a grega e a cristã). Digo isso, tão somente, porque ambos são exemplos de virtudes nas searas onde surgem e são ambos perseguidos e condenados à morte, injustamente. As semelhanças, se é que há tais, param por aí. Enquanto o calvário de Cristo em direção à morte é aquele horror, proporcionado por romanos e judeus, a morte de Sócrates, embora injusta, é absolutamente civilizada - a democracia grega até quando erra é sofisticada... rsrsrs - isso porque os gregos sugerem um veneno, a cicuta, e se ele fica preso é tão somente porque todos aguardam que se cumpra um ritual coletivo de purificação da cidade, quando depois ele terá que tomar a bebida. Sócrates é uma pessoa tão sábia, elegante, generosa e confiante que agrada aos guardas que o vigiam e a todos emociona com a coragem e a altivez com que encara sua sentença, até o fim.
Se eu tivesse alunos eu iria sugerir a eles que assistissem ao filme! ;-D
ótimo post!
ResponderExcluire adorei o novo look!!
bj
Ai que saudade, kika!
ResponderExcluirO filme é bonito, sim.
Eu também estou curtindo esse visual...rsrsrs
kisses.
olá.. esse filme pode ser assistido online? em que site? att. ricardo
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