Que deleite ter assistido ao programa Roda Viva, na TV Cultura, na última segunda-feira! No centro da famosa Roda estava Fanny Ardant. Esse é um programa que eu desejaria sempre rever. Porque a atriz disse coisas belíssimas como respostas às perguntas do seleto grupo que a circundou, do qual fez parte a cineasta brasileira Laís Bodanzky.
Quando lhe perguntaram o que ela estava achando do Brasil e particularmente de São Paulo, que ela não conhecera anteriormente, Fanny Ardant declarou que o que mais lhe chamou a atenção foram as árvores, em São Paulo. As árvores lhe chamaram a atenção, particularmente, porque diferentes das de Paris, por exemplo, as nossas são luxuriantes. Ela disse ter ficado imaginando o que elas pensam dessa loucura humana. Fanny Ardant acredita que um dia as árvores vão vencer. Oxalá!
Outra resposta que me pareceu inesperada foi a que ela deu quando indagada acerca do que ela teria sido, ou do que faria, se não fosse atriz. Fanny Ardant respondeu que se não fosse atriz teria um Salão de Beleza. Por quê? Porque ela gosta de encontrar pessoas e, depois desse encontro, elas se sentirem diferentes. Não foi uma resposta ótima?
Quando o assunto foi a questão da hegemonia do mercado norte-americano no universo do cinema, com seus blockbusters, além de ela ter ressaltado que o incentivo do governo francês, do Ministério da Cultura de seu país, ao cinema já é uma política consolidada há muito tempo, ela também frisou que não devemos fazer cinema pensando em se proteger ou em ser contra os blockbusters, mas verdadeiramente criar. Não se deve fazer as coisas apenas para se proteger...
Quando falou de teatro disse gostar de representar para plateias pequenas e que Teatro é para pouca gente mesmo, ou seja, o que ela chamou de essas comunidades subterrâneas...
Outras frases inesquecíveis:
Todas as pessoas são diferentes. Nunca pensei em diferenças de nacionalidade, sexualidade...
Tudo o que nos toca, emocionalmente, nos forma moralmente.
Em Paris, você pode ser muito feliz ou muito infeliz.
Dentro da minha verdade, eu não queria nada, eu queria ser.
Sempre fiz apologia da desordem, porque há muitos que fazem apologia da ordem.
Encontrei no Youtube esse vídeo que mostra um tantinho do que vimos no programa. Reparem no trecho final, trata-se de um cena do filme que ela dirigiu a favor dos ciganos e que viera lançar em São Paulo. A personagem cigana com o cigarro é tão ardantiana!
Por tudo isso, por toda a carreira: Merci beaucoup, Fanny Ardant!
Fanny Ardent, toujours ardent, é maravilhosa! E, pelo que vc conta, deve ter dado um belo sopro de vida a esse programa que já vai fenecendo, lentamente, tristemente, desde há muito, um Roda Moribunda o pobre... Nem cogitei que alguém tão pulsante pudesse ser convidado a estar lá.
ResponderExcluirEnfim, que vençam as árvores! Aliás, que bela saída a dela para não falar de tudo o mais que é tão feio e anda particularmente abandonado nesta cidade, né?
Lu,
ResponderExcluirEu achei lindo e inusitado ela falar das árvores de sampa. Foi uma elegância, sem dúvida!
Também concordo,foi mesmo um sopro de vida ao programa.
Peço licenca a vc, Josafá, para fazer um breve comentário sobre a atriz franceça Fanny Ardant, ela é encantadora e admiravelmente inteligente,tive uma surpresa enorme quando de sua entrevista ao apresentador Roberto D'Ávila, devido ao seu jeito de ver a vida e as coisas e, sobretudo, pelo seu conhecimento refinado sobre arte e, em especial literatura. Há muito penso numa atriz que pudesse dar voz a um personagem fictício da Literatura Brasileira, o personagem Rosa Ambrósio,do romance As horas nuas de Lygia Fagundes Telles e hoje, depois de mito tempo, encontrei Fanny Ardant- o personagem da Lygia também é atriz e viveu no Teatro grandes personagens da Literatura Universal- sou leitora fiel da Lygia e a sua literatura proporciona-me vôos pelo mundo da imaginação, mas se tivesse que buscar uma referência nas pessoas do mundo real só encontraria isso nessa linda atriz francesa que gosta tanto da melancolia.
ResponderExcluirIsabel Santos
Isabel, querida,
ResponderExcluirPerdão. Só hoje vi esse seu comentário tão agradável. Sim, concordo. Fanny Ardant é mesmo como uma personagem ideal, de um romance, e, graças!, está viva e atuante nesse nosso mundo real... ;-D
Gosto muito de Lygia também. Li muitos livros da autora e, no entanto, não li esse As horas nuas. Depois do seu comentário pretendo conhecê-lo. E, graças a sua dica, também poderei conhecer essa Rosa Ambrósio de que nos fala. Deve ser deliciosa a personagem, pois se podemos compará-la à atriz francesa, não é mesmo?
Muito obrigado, mais uma vez, por participar aqui no meu blog desse pequeno idílio em torno de Fanny Ardant. Fique a vontade para voltar sempre e dizer o que desejar dizer.
um abraço