sábado, 5 de junho de 2010

O Poeta e as Andorinhas. Vá ver sem medo!

Hoje vivi uma experiência fascinante de teatro. Fui assistir ao espetáculo O Poeta e as Andorinhas, no Teatro Imprensa. Eu tinha convidado uma amiga e havia dito que um amigo meu tinha achado o espetáculo muito bom e, além disso, era baseado na obra de Oscar Wilde. Mas era um espetáculo infanto-juvenil, às 16 horas, no sábado. Minha amiga me disse: Você cheirou cola de sapateiro. Oscar Wilde às 4 da tarde?!
Rimos muito e fomos verificar.
A própria filha do Silvio Santos, a Cintia Abravanel, recebe o público no Centro Cultural do Grupo Silvio Santos do qual é diretora. Achei ela muito simpática e depois de ver o espetáculo eu sai com um sentimento de gratidão por essa moça. Percebe-se que seu trabalho é feito com muito amor, carinho e verdade.
A peça é um encantamento, um respeito e um tributo inimaginável ao grande Oscar Wilde.
Trata-se de um primor de junção dos contos de fada que Wilde escreveu, mais a obra O Retrato de Dorian Gray. A cenografia de JC Serroni e os figurinos magníficos e premiados de Leo Diniz são qualquer coisa de deslumbre, de bom gosto e de um cuidado incríveis. As Andorinhas voam o tempo todo!
O texto é amarrado, urdido. É tudo muito doído também. Como diz a Abravanel: travamos contato com aquilo que somos e isso resulta num paradoxo, que mesmo sendo assim tão doído descobrimos o melhor de nós.
Aliás, o melhor da pessoa de Oscar Wilde foi trazido para as crianças e jovens. Ele ensinou a caridade em um dos contos: o do Príncipe Feliz. É extremamente tocante ver a andorinha levar o rubi, as esmeraldas, as folhas de ouro, que cobrem sua estátua, a cada um dos necessitados da cidade.
A rosa vermelha tão desejada, colhida pela entrega de uma andorinha apaixonada; a rosa tão vilmente desprezada pela amada do belo jovem.
A cena do anão se descobrindo um monstro em frente ao espelho e dilacerado de dor por não ter, então, o amor da infanta. E a infanta dizendo que queria um anão sem coração...
O horror do retrato que envelhece no lugar de Dorian Gray, que por fim descobre que mais desejava amar do que ter vivido uma imortalidade vazia...

Quem ainda não foi ver não pode imaginar a experiência vital e a lição perene que Paulo Ribeiro, o responsável pelo texto e diretor do espetáculo, e toda a sua trupe urdiram nas coxias e, majestosamente, trouxeram ao palco.
O poeta, no espetáculo, está sempre engaiolado, uma metáfora riquíssima da experiência terrível de ausência de liberdade que Oscar Wilde sofreu.

É de chorar de emoção. Eu chorei e muitos outros que lotavam o teatro. E tudo isso tem entrada franca.

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