Quem trabalha no centro de São Paulo e quer estar retirado por alguns minutos dos excessos desse centro aturdido que é o da nossa cidade, muito irá ganhar se visitar a exposição Igrejas de Madeira do Paraná. A princípio, tão somente, por que você irá se sentir em um outro mundo.
De calma, serenidade e fé sincera. O mais marcante é a singeleza do gesto de quem construiu as igrejas como marcos de saudade, como exercícios de reiteração da identidade de cada cultura ali espelhada.
Tais igrejas estão na zona rural do Paraná. A arquiteta Maria Cristina Wolff de Carvalho nos conta, no catálogo, que os imigrantes europeus, no XIX, tinham pressa em erguê-las, daí serem de madeira. Segundo ela, tal pressa era justificada porque essas pessoas estavam isoladas em pequenas propriedades distantes umas das outras e as igrejas significavam a possibilidade de reunião, de troca de experiências e notícias, de encontros e namoro (...) Nelas se davam os ritos de passagem e, em suma, toda a vida social do grupo.
Elas são também um encanto para os olhos. E o mais surpreendente é que estão tão conservadas. Chamou-me a atenção os vasos de samambaias no interior de algumas delas. Samambaia combina com Igreja que é uma beleza. ;-D Penso que somente ao retratar tamanha fragilidade com amor, como o fez Nego Miranda, é que se pode alcançar esse brilho na simplicidade e que nos revela a riqueza da devoção desse povo.
A exposição está na Caixa Cultural, da Praça da Sé.
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