quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

São Paulo é também encantamento


Ontem, não consegui voltar para casa. Após uma tempestade monstruosa como só poderia ser descrita na obra de Shakespeare tivemos uma pane no transporte público dessa linda e alagada cidade. Assim, fui dormir na casa de uma amiga que mora perto da Paulista. Eu a encontrei por um acaso perdida no centro e ambos tivemos que passar pelo viaduto do Chá, subir a Xavier de Toledo e a Rua Augusta, andando, até chegar a sua casa. Um tour. Ainda bem que a brisa noturna havia dissipado as nuvens.
Hoje, na hora do almoço, outro encontro feliz: uma amiga que trabalha em outro andar do edifício em que eu também trabalho saía para fumar na rua [não podemos mais fumar dentro de nenhum lugar!]. Eu disse que pretendia comer um lanchinho em uma mercearia tradicional da Praça da Sé, porque ali eu poderia comer um doce português delicioso: o Gracinha de Cascais. Quem nunca comeu deveria experimentar.
 ;-D

Então, ela sugeriu-me que fossemos a uma casa tradicional aqui do centro a qual, que vergonha!, eu não conhecia.
Trata-se da Casa Godinho, um lugar que foi inaugurado em 1888 na mesma
praça da Sé, mas que em 1924 mudou-se para a Rua Libero Badaró e ocupa o térreo do primeiro edifício alto de São Paulo. Ele é conhecido como o avô dos arranha-céus da cidade. Inaugurado em 1924, o Edifício Sampaio Moreira só perdeu a majestade dos 13 andares que possui, alguns poucos anos depois, para o famoso Martinelli, que foi um assombro na São Paulo daquela época, com os seus 30 andares.



O lugar é puro charme. As prateleiras são todas originais, em Imbuia, os produtos todos de primeira qualidade, muitos importados de diferentes regiões do planeta. E os salgados e doces são, além de muito saborosos, bastante baratos. Comi uma generosa empada de bacalhau e uma imensa taça de mousse de chocolate. Paguei tão somente R$7,00! Para mim, só o fato de estar dentro daquele ambiente já era uma satisfação. O bom atendimento é também uma característica da casa: um senhor de cabelos brancos, muito simpático, vendo minha indecisão diante da vitrine de guloseimas sorriu e quanto finalmente me decidi ele sentenciou: Quem procura acha... (ainda todo sorrisos). Senti-me feliz porque eu que já estivera desde o dia anterior em boa companhia só atraia outras boas companhias nesse dia seguinte e ainda mesmo naquele lugar. Era como se eu tivera atravessado uma porta do tempo e caído direto num mundo de gentilezas e educação, de há 100 anos.

Fiquei pensando que devo estar sendo abençoado pelos deuses por estar tão protegido e querido num mundo que só desmorona por todos os lados a minha volta. Embora eu não tenha certeza ou não saiba ao certo se mereço tanto, fico todo agradecido e desejando que assim seja por todos os séculos dos séculos. Quão bom seria!

4 comentários:

  1. Muito obrigado Felipe!
    Você vai curtir muito aquele lugar. Ainda mais que você é bom de garfo. rsrsrs

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  2. Alessandra Heguedusch Faour Auad11 de fevereiro de 2010 às 12:43

    Oi, Josafá,

    Como o nosso querido amigo Felipe disse, belo texto e bela dica também, já que é tão pertinho da gente. Saborear as deliciosas iguarias com um bom atendimento (que é raro nos dias de hoje) e curtimos um belo cenário histórico) é perfeito!!!

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  3. Ale,
    É tudo isso mesmo: as iguarias, o atendimento, o cenário e a gente para as quais tudo isso tem um sentido suplementar, porque pleno de sentimentos legítimos!
    bj

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