A primeira vez que eu ouvi o som de Chico Science e Nação Zumbi fiquei absolutamente siderado. Pensei: Então, existe vida na terra, existe artista de verdade e jovem e nascido no Brasil. O mundo está salvo!
Curti muito esse som dos únicos dois discos que ele gravou antes de morrer. E, então, ele morreu e eu chorei, como todos os fãs mundo afora.
Agora, 13 anos depois, o projeto Ocupação do Instituto Itaú Cultural, na Av. Paulista, apresenta uma exposição e eventos relacionados: é o Ocupação Chico Science, que começou ontem, 04 de fevereiro e vai até o dia 04 de abril.
Criou-se um ambiente para lembrar a vida e as experiências dessa alma criativa e que trouxe muita, muita vida para a música brasileira naquela década de 1990. Eles prometem tudo: a querida, capital do nordeste [essa é minha opinião], ou seja, a Recife das décadas de 1980 e 1990, com a sua arte urbana, o mangue, o hip hop e o maracatu e também as festas na Soparia, o computador e toda a inspiração de Chico e seus amigos, que eram chamados de mangueboys.
As exposições no Itaú Cultural são sempre interessantes porque há uma fruição e interação com o público visitante.
A curadoria promete que a exposição faz referência à cena, mas também mostra toda a trajetória de Chico Science: com objetos pessoais; imagens de arquivo; cartazes de shows e depoimentos de familiares, amigos e parceiros musicais.
Além disso, a todos os que não estão ou estarão em São Paulo, há um hotsite que irá oferecer a oportunidade de everybody conferir a homenagem. É imperdível e já sinto a emoção, sim, eu já estou emocionado.
Além disso, todos os eventos possuem entrada franca. Oba! \o/\o/\o/
O bico do beija-flor, beija a flor,
beija a flor.
E toda fauna flora grita de amor.
Quem segura o porta-estandarte
tem arte, tem arte.
E aqui passa com raça,
eletrônico,
o maracatu atômico.
Manamaué auéa aê
Manamaué auéa aê
Manamaué auéa aé
Manamauê auêa aé
Atrás do arranha-céu tem
o céu, tem o céu.
E depois tem outro céu
sem estrelas.
Em cima do guarda-chuva tem
a chuva, tem a chuva.
Que tem gotas tão lindas que
até dá vontade de comê-las.
Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê
No meio da couve-flor tem
a flor, tem a flor
Que além de ser uma flor
tem sabor
Dentro do porta-luvas tem a luva,
tem a luva
Que alguém de unhas negras
e tão afiadas
esqueceu de por
Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê
No fundo do pára-raio tem o raio,
tem o raio.
Que caiu da nuvem negra
do temporal.
Todo quadro-negro é todo negro,
é todo negro.
Eu escrevo seu nome nele
só pra demonstrar
o meu apego.
Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê
O bico do beijar flor, beija a flor,
beijar a flor.
E toda fauna flora gata de amor.
Quem segura o porta estandarte
tem arte, tem arte.
E aqui passa com raça,
eletrônico,
o maracatu atômico.
Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê...
Salve Science! Grande Chico este, que, pra muito além de tudo isso aí, pôs em questão o lance coletivo da autoria, exaltou os coletivos de criação. Se estivesse vivo, acho que curtiria muito ver o que está rolando nos Pontos de Cultura Brasil afora, nos coletivos paulistanos que têm participado de uma resistência importante junto a movimentos como o dos sem-teto desta metrópole largada à própria sorte, etc.
ResponderExcluirNa verdade, é difícil pensar que ele não esteja vivo, né? Está vivíssimo nisso que ajudou a plantar e que, de algum modo, está também a colher. Seguro.
Viva a alegria engajada de Science! Viva sua lucidez, cheia dessa pulsação incooptável que deu pra todos nós.
Lu,
ResponderExcluirEntão, foi exatamente o que eu senti quando estive na exposição. Havia ali um respeito e carinho muito grande de todos os que lá estavam por essa "pulsação incooptável" de Chico Science a que você se refere.
bj