sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Amamos Chico Science


A primeira vez que eu ouvi o som de Chico Science e Nação Zumbi fiquei absolutamente siderado. Pensei: Então, existe vida na terra, existe artista de verdade e jovem e nascido no Brasil. O mundo está salvo!
Curti muito esse som dos únicos dois discos que ele gravou antes de morrer. E, então, ele morreu e eu chorei, como todos os fãs mundo afora.
Agora, 13 anos depois, o projeto Ocupação do Instituto Itaú Cultural, na Av. Paulista, apresenta uma exposição e eventos relacionados: é o Ocupação Chico Science, que começou ontem, 04 de fevereiro e vai até o dia 04 de abril.
Criou-se um ambiente para lembrar a vida e as experiências dessa alma criativa e que trouxe muita, muita vida para a música brasileira naquela década de 1990. Eles prometem tudo: a querida, capital do nordeste [essa é minha opinião], ou seja, a Recife das décadas de 1980 e 1990, com a sua arte urbana, o mangue, o hip hop e o maracatu e também as festas na Soparia, o computador e toda a inspiração de Chico e seus amigos, que eram chamados de mangueboys.
As exposições no Itaú Cultural são sempre interessantes porque há uma fruição e interação com o público visitante.


A curadoria promete que a exposição faz referência à cena, mas também mostra toda a trajetória de Chico Science: com objetos pessoais; imagens de arquivo; cartazes de shows e depoimentos de familiares, amigos e parceiros musicais.
Além disso, a todos os que não estão ou estarão em São Paulo, há um hotsite que irá oferecer a oportunidade de everybody conferir a homenagem. É imperdível e já sinto a emoção, sim, eu já estou emocionado.
Além disso, todos os eventos possuem entrada franca. Oba! \o/\o/\o/




O bico do beija-flor, beija a flor,
beija a flor.
E toda fauna flora grita de amor.
Quem segura o porta-estandarte
tem arte, tem arte.
E aqui passa com raça,
eletrônico,
o maracatu atômico.

Manamaué auéa aê
Manamaué auéa aê
Manamaué auéa aé
Manamauê auêa aé

Atrás do arranha-céu tem
o céu, tem o céu.
E depois tem outro céu
sem estrelas.
Em cima do guarda-chuva tem
a chuva, tem a chuva.
Que tem gotas tão lindas que
até dá vontade de comê-las.

Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê

No meio da couve-flor tem
a flor, tem a flor
Que além de ser uma flor
tem sabor
Dentro do porta-luvas tem a luva,
tem a luva
Que alguém de unhas negras
e tão afiadas
esqueceu de por

Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê

No fundo do pára-raio tem o raio,
tem o raio.
Que caiu da nuvem negra
do temporal.
Todo quadro-negro é todo negro,
é todo negro.
Eu escrevo seu nome nele
só pra demonstrar
o meu apego.

Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê

O bico do beijar flor, beija a flor,
beijar a flor.
E toda fauna flora gata de amor.
Quem segura o porta estandarte
tem arte, tem arte.
E aqui passa com raça,
eletrônico,
o maracatu atômico.

Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê

Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê
Manamauê auéa aê...

2 comentários:

  1. Salve Science! Grande Chico este, que, pra muito além de tudo isso aí, pôs em questão o lance coletivo da autoria, exaltou os coletivos de criação. Se estivesse vivo, acho que curtiria muito ver o que está rolando nos Pontos de Cultura Brasil afora, nos coletivos paulistanos que têm participado de uma resistência importante junto a movimentos como o dos sem-teto desta metrópole largada à própria sorte, etc.

    Na verdade, é difícil pensar que ele não esteja vivo, né? Está vivíssimo nisso que ajudou a plantar e que, de algum modo, está também a colher. Seguro.

    Viva a alegria engajada de Science! Viva sua lucidez, cheia dessa pulsação incooptável que deu pra todos nós.

    ResponderExcluir
  2. Lu,
    Então, foi exatamente o que eu senti quando estive na exposição. Havia ali um respeito e carinho muito grande de todos os que lá estavam por essa "pulsação incooptável" de Chico Science a que você se refere.
    bj

    ResponderExcluir