sábado, 2 de maio de 2009

Entre os Muros da Escola, o livro


Depois de ter assistido ao Filme Entre os muros da escola (vide post Entre les Murs) agora leio o livro, na tradução de Marina Ribeiro Leite, publicado pela Martins Fontes, e que deu origem ao filme. Seu autor, François Bégaudeau, é esse simpático rapaz que está no alto da capa do livro, e que também é o ator que faz o papel do professor no filme.
O livro é ainda mais denso que o filme, mas isso não tira o mérito desse último. Nesse caso de adaptação fica valendo a obviedade de que os suportes para se contar uma história, sendo diferentes, apresentam diferentes soluções para revelar o que se conta. Lendo o livro, contudo, notamos que as soluções encontradas no filme foram realmente pertinentes e perspicazes.
Uma passagem que chamou minha atenção diz respeito a uma discussão que quem já deu aula, sobretudo em escola pública, já teve oportunidade de participar, normalmente nas salas de professores, e que diz respeito ao problema da indisciplina dos alunos. Nesse tipo de situação, sempre surge a opinião, que é a do senso comum, de que tal problema se deve ao fato de que não temos mais o rigor das sanções que havia dentro da escola, por exemplo, no tempo dos nossos pais ou avós. Pois bem, essa é também uma questão tratada no livro e a colocação que o narrador nos faz é bastante simples e pontual:

[o trecho a seguir aparece depois de uma passagem em que o professor explica para os alunos o significado da palavra laxista]
laxista = permissivo
Devemos restaurar a autoridade que nossos avós conheceram na escola? Penso que devemos deixar o passado para trás e que as coisas que funcionaram bem antes talvez sejam menos eficazes agora e no futuro. Penso que cabe ao adulto se afirmar e impor suas regras segundo seus valores, e não em nome de uma moda que voltaria com força e consistiria em ser mais severo com os alunos. Ainda que a falta de assiduidade, de respeito e de muitos outros fatores que são a causa desse questionamento estejam freqüentemente presentes nos estabelecimentos, restaurar essa autoridade nos moldes dos costumes antigos seria uma boa solução? Acho que não. Os jovens de hoje não aceitariam esse tipo de autoridade. Nem sequer conseguem imaginá-la. Essa nova geração não é majoritariamente partidária de sanções, de pressão constante e intempestiva, já basta a que existe. Além do mais, em alguns países, em particular os do Terceiro Mundo, esse tipo de ensino é aplicado nas escolas, e acho que posso dizer que os alunos gostariam muito de estar no nosso lugar! Então, se é para restaurar alguma coisa por causa de nostalgia do passado, não!

4 comentários:

  1. Esse filme, solução lienar para as densidades do livro, de narativa despretensiosa e fluente, me pareceu, por isso mesmo, merecer o status de obra imprescindível para as reflexões sobre educação - não só escolar, diga-se, porque a escola não existe fora do mundo, à parte do feixe de relações em que se instituem todos os que nela vivem e a fazem viver.

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  2. Exatamente: escola pode ser, e é, lugar de vida!

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  3. olá....nem sempre nê meu amigo...srsrsrsr

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  4. Pois é: nem sempre. Mas que é pra ser, é...

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