domingo, 22 de março de 2009

Entre les Murs



Ontem, fui ao HSBC Belas Artes para assistir ao filme Entre les Murs (Os Muros da Escola), do diretor Laurent Cantet. O filme retrata o cotidiano da relação de um professor de Língua Francesa com seus alunos da 7a série de uma escola pública na periferia de Paris. Os alunos são todos adolescentes já bem crescidinhos e a classe é bastante heterogênea, formada, sobretudo, por filhos de imigrantes, africanos, turcos, tem também um filho de chineses (?), alguns filhos de franceses e que também vivem naquela comunidade carente.
O professor é interpretado por François Begaudeau, autor do romance que deu origem ao filme, vencedor da Palma de Ouro em Cannes em 2008. Dos atores adolescentes, ouvi dizer que são alunos de verdade, ou seja, eles eram alunos de uma escola da periferia de Paris e que fizeram uma oficina de interpretação para atuar no filme.
Talvez por isso mesmo, todos os atores estão excelentes no filme: professores e alunos. É tudo muito, muito verdade(iro).
O gostoso do filme é que a gente fica conhecendo uma realidade parisiense muito semelhante à realidade de nossas escolas públicas da periferia de São Paulo, por exemplo. Eu já fui professor em escolas públicas na periferia de São Paulo e do Distrito Federal e conheci e vivi aquelas mesmíssimas situações que o professor retratado no filme vivencia.
A escola é mesmo uma instituição que congressa a difícil tarefa de civilizar as pessoas e o exercício de civilizar é difícil, impõe limites, propõe a tradição da cultura e isso tudo em meio às dificuldades que são de toda ordem: a questão de que isso tem que ser feito considerando a realidade social injusta em que esses alunos estão inseridos, o pulsar das emoções e dos hormônios que estão a explodir na adolescência dos mesmos, a constatação de que o professor também é gente como todo mundo e por isso também pode surtar nesse embate.
A lição do filme, ao menos para mim, é a de que a tarefa do professor é uma escolha, é também uma necessidade e, sobretudo, é a de um aprendizado constante. No caminho do Magistério haverá tristezas profundas, mas também alegrias e aquelas surpresas que redimem toda a espécie de calvário da profissão.

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