segunda-feira, 23 de março de 2009

Uma faceta desumana do marketing

Em uma conhecida rua do centro de São Paulo, há um restaurante do tipo self-service. Sempre que passo em frente, na minha hora de almoço, há uma simpática moça de uniforme, na entrada do restaurante, e que me convida, gentilmente, com um sorriso: "Vamos entrar, conhecer a casa...". Eu, por minha vez, abro um sorriso tímido e digo: "Obrigado" e, continuo meu caminho. Todos os dias a moça interpela a mim, bem como a tantos quantos transeuntes passem pela calçada em frente.
Com exceção da moça, nada é convidativo no tal restaurante. Até onde pude perceber o interior é visualmente poluído, é também um lugar para carnívoros e tampouco os preços, anunciados na porta, são convidativos.
Será por conta disso que o proprietário teve a infeliz idéia de criar esse posto para que uma pobre moça fique convidando, incansável e diariamente, possíveis fregueses para a casa?
Hoje pensei: Eu não gostaria de estar no lugar dela...
E esse é o seu trabalho! Ele lhe garante o sustento e, embora, ao menos da parte dela, seja um trabalho honesto, penso que é terrivelmente monótono e mesmo sem sentido: nunca vi ninguém entrar no restaurante como resposta ao seu convite, as pessoas entrarão quando quiserem comer o quê, e da maneira que, aquele restaurante promete-lhes servir.
Assim, a fala da moça é sempre para o vazio e, sem nenhuma intenção - mas tão somente porque cumpre sua obrigação - constrange, ao menos a mim que percorro todos os dias aquele mesmo caminho, sendo, então, convidado por ela a conhecer um lugar que não pretendo nunca adentrar. Mas a verdade é que eu tenho pena da moça. Espero que eu não caia na tentação de lhe ser solidário e, aceitando seu convite, entre no tal restaurante, correndo o risco de ter uma dispepsia aguda, a popular congestão. Seria péssimo!

Um comentário:

  1. Que absurdo Josafá, derrepente seria uma experiencia agradavél, quem sabe, rsrsr.
    Também sinto por essas pessoas, são transformadas em bibelos convidativos apenas, nem humanos são em um dado momento, tomara que ela (a moça), não pense assim de si mesma.
    Entre no meu blog, já faz tempo que vc não aparece por lá, indique-o também... Sorte e que o futuro não nos reserve empregos como estes, amém...

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