Ontem, eu estava só e bebendo uma cerveja em uma padaria do meu bairro: um bairro obscuro da periferia da Zona Leste da cidade de São Paulo. De repente, senti um desejo enorme de escrever. Eu tinha uma caneta. Não tenho um moleskine, então, escrevi em um daqueles guardanapos de papel de tv de balcão. Vejam o que escrevi no guardanapo:
"Quando tudo está bem ou bom nos sentimos bem e somos bons. O que fora mal e nos fizera maus é apenas uma lembrança longínqua. Graças a Deus! Parece-me evidente que mesmo nessas circunstâncias não se dissipa o estado de alerta ou vigilância. Ainda que estejamos inebriados pela brisa benfazeja. Assim vive quem espera sempre o pior: tudo o que de fato lhe acontece não é pior do que aquilo que poderia ser ainda mais doloroso ou dilacerante. Desconfio que o que dilacera o ser só ocorre quando estamos fora de nós mesmos: desavisados acerca do Mistério da existência. Quando comungamos com o Mistério há a possibilidade de se estar em paz, ainda que o mundo desabe à nossa volta. O mundo está sempre desabando e dialéticamente se reconstruindo. Creio que é preciso entender que somos parte dele e desabar ou se reerguer com ele são tão somente possibilidades. Sim, o segredo desse movimento é absoluto. Já o convívio com esse segredo exige concentração. É preciso ter força para amar."
Diria Gilberto Gil, naquela música:
ResponderExcluir"Quando a gente tá contente
Nem pensar que está contente a gente quer
E nem pensar a gente quer
A gente quer é viver!"