terça-feira, 3 de agosto de 2010

Heidelberger Sinfoniker & Haiou Zhang

Ontem, fui à Sala São Paulo ver e ouvir a Heidelberger Sinfoniker, regida por Thomas Fey, cujo repertório abrange muitas obras centrais do classicismo vienense, inclusive um grande número de sinfonias e concertos de Haydn, Mozart e Beethoven. Além disso, ela também tem incorporado ao repertório os primeiros românticos alemães e Johann Strauss.
A primeira peça que tocaram, ontem, foi a Sinfonia nº 82, em dó maior "O Urso", de Franz Joseph Haydn. Uma pequena piada: eu fiquei procurando o tal "urso" durante a audição e não o vi! ;-p A verdade é que ela ganhou esse apelido devido ao último movimento da obra, um Finale: Vivace Assai, que imita a sonoridade de uma gaita-de-foles. Pois bem, na época em que a Sinfonia de Haydn estreiou, havia uma famosa canção popular que utilizava essa mesma sonoridade e se chamava "Ursos dançantes". Isso eu descobri lendo o programa nº 28 do Mozarteum brasileiro e que recebemos na ocasião.
Mas, o mais delicioso da apresentação foi ouvir a Heidelberger Sinfoniker acompanhando o Piano de Haiou Zhang, no Concerto para piano nº 21, em dó maior, K 467 de Wolfgang Amadeus Mozart.
Sim, é muito emocionante ouvir uma música que parece divina, em perfeição, e que nos abre as portas da percepção para qualquer coisa que é pura sensação de alegria e felicidade. Sobretudo,  ficamos contentes de saber que o ser humano pode, então, tocar o espírito com as próprias mãos. Para tanto, basta que ele tenha, entre essas mesmas mãos e o ouvido da seleta plateia, um piano. O instrumento do artista é o piano, já o intrumento de ligação entre o homem e o divino é o próprio artista em entrega.
Eu comecei a chorar, a partir do segundo movimento: um Andante, aliás muito conhecido. É considerado entre os andantes mais românticos de Mozart, quando "o piano desenha seu sonho sobre um acompanhamento murmurante da orquestra", segundo Sergio Chnee.
Aliás, há um trecho, em um dos comentários desse maestro e compositor, que achei muito bonito para justificar a escolha do repertório da noite, que também contou com uma peça de Antonio Salieri, a Abertura "Les Horaces" - nunca antes tocada no Brasil - e com a Sinfonia nº 92, em sol maior "Oxford", de Franz Joseph Haydn .
No comentário a que me referi, Sergio Chnee escreve:

Lux Aeterna
Muitas vezes desejamos que alguns erros não fossem cometidos novamente. Apesar das idas e vindas, o plano terreno segue sendo um campo fértil para semeadura. E para que os frutos venham, são necessários vários insumos. Apesar dos períodos de escuridão, muitos procuraram através de sua criação, dar a sua contribuição para que a alma humana siga sempre um caminho de luz. Os criadores do Classicismo pediram, através de suas obras, que essa luz perdure para sempre.

No meu coração, nessa ocasião, a luz se fez com Mozart, of course.
Hoje, tais artistas repetem o mesmo programa, na mesma Sala São Paulo, às 21 horas. Vá lá.  Garanto que você aplaudirá com gosto esse jovens talentosos.

2 comentários:

  1. Também vale comentar o "bis", generosamente concedido antes o intervalo em que o fantástico pianista Haiou Zhang tocou A Rapsódia Húngara nº 2, de Franz Liszt, totalmente decór, sem partitura, de forma irrepreensível. Fantástico.

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  2. Caro Anônimo,
    É verdade, eu justamente não comentei o bis porque não tinha como me referir a ele, eu não sabia qual era a composição em questão. ;-p Aliás, agradeço-lhe a informação! Acho que não vou esquecer-me mais dessa Rapsódia (inclusive quando ouví-la novamente, provavelmente saberei de qual peça se trata... rsrsrs)
    Foi realmente fantástico. Uma das coisas que eu pensei em relação ao bis: tocar daquele modo, não apenas irrepreensívelmente mas com verdadeira demonstração de virtuosismo, deve exigir do pianista um excelente preparo físico, afinal, a tal Rapsódia solicitava todo esse vigor demonstrado pelo jovem pianista, com a sua destreza e velocidade e que foram absolutamente incríveis.
    Não tinha como o público não avacioná-lo, não é mesmo?
    Obrigado pelo comentário. ;-)

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