quarta-feira, 30 de junho de 2010

Você nunca ouviu Mahler? Então, ouça!

Em 1986, eu ouvi falar pela primeira vez em Gustav Mahler. E, pela primeira vez, eu ouvi a música do compositor austríaco. Isso porque eu assisti ao filme Mahler, de Ken Russel , estrelado por Robert Powell, que, aliás, é parecidíssimo com o retratado. O filme já era cult desde o seu lançamento em 1974. Porque o diretor já o era etc. Embora eu não tenha entendido por completo a proposta do filme na ocasião (eu só tinha 18 anos), percebi que tal proposta era fazer uma biografia nada convencional da vida do compositor: ressaltando sobretudo suas dificuldades no casamento com Alma Mahler e também a sua "conversão" para o catolicismo, bem como o sofrimento com a perda do irmão, que se suicidou, além do sofrimento com a perda de sua filha, ainda criança. De tudo ficou, de verdade, a impressão incrível que me causou a música de Mahler e que, como já disse, ouvi, pela primeira vez, nesse filme. Diga-se de passagem, somente um cineclube como o Oscarito poderia proporcionar tal oportunidade aos cinéfilos paulistanos de então.
Pois bem, domingo passado, reencontrei-me com Mahler em um outro filme magnífico. Trata-se do documentário Gustav Mahler - Conducting Mahler - I have lost touch with the world, dirigido por Frank Scheffer.
O filme acompanha os ensaios de quatro grandes regentes, especialistas em Mahler, com as orquestras de Viena, Berlin e Amsterdan, durante um Festival que homenageou Mahler, tocando todas as suas sinfonias, em 1995, em Amsterdan. São eles: Claudio Abbado, Bernard Haitink, Riccardo Chailly e Simon Rattle.

Aprendemos muito com esses senhores. Vejam que belíssimas algumas passagens de suas falas e que anotei:

Bernard Haitink: Nós intérpretes somos secundários. Vivemos graças aos artistas. O processo de criação é incrível e nós devemos recriá-lo. Devemos nos aproximar da genialidade dele.

Claudio Abbado: Embora não importe tanto o "texto", é importante saber porque ele estava triste: o quanto foi terrível para ele escrever essa música. Ele dizia: espero que ninguém sofra tanto quanto eu sofri, ao compor essa música. Klemperer disse: não é Shubert. É um homem que recorda com nostalgia Schubert. O que é bem diferente. É bonito, sensual e... triste.

Riccardo Chailly: É um trabalho muito teatral. Ele queria constrastes extremos e excessivos. Descrever em sons ânimos constrastantes, simultaneamente, em lugares contrastantes. Daí sua modernidade.

Claudio Abbado: Quando se ama a música de Mahler, ela é sempre uma nova experiência. Sempre há algo novo, porque a fantasia de Malher não tem limites. Sempre se pode encontrar uma nova experiência nas linhas de uma partitura de Mahler. É sempre algo novo.

Bernard Haitink: Mahler foi um homem que sofreu e que tinha talento para sofrer. Toda a sua vida foi uma luta com tudo. Queria chegar à perfeição na Ópera de Viena e lá enfrentou problemas. Precisava de tempo para compor, durante o verão, suas sinfonias. Nem todas tiveram êxito. Deixou Viena e foi para Nova York, e lá sofreu muitas dificuldades. Sofreu e morreu, tragicamente, muito jovem. Voltou à sua terra para morrer. Foi um homem que sofreu e que tinha talento para sofrer.

Riccardo Clailly: Levitação. Em Mahler a sensação de que os pés deixam a terra.

Perto do final, vemos as frases que Mahler escreveu na partitura da 8ª Sinfonia, dedicada à Alma Mahler:

O beleza! Amor!
Adeus! Adeus!

Vivi por ti!
Morro por ti!

Aviso: Talvez seja necessário assistir duas vezes. A primeira, para chorar copiosamente (foi o que aconteceu comigo) e na segunda vez, mais calmo, para compreender a riqueza de uma experiência humana sem igual.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Mary Pichering

Ontem, eu procurava alguma imagem que pudesse ter relação com Escola porque preciso fazer um trabalho no qual uma imagem deverá ser o start para o início de uma reflexão, considerando determinada temática. Foi assim que descobri Mary Pichering. Encontrei essa pintura a que ela chamou After School. Identifiquei-me de imediato porque eu mesmo fui uma criança que pulava corda com as meninas, depois da escola... rsrsrs

No site onde encontrei uma mostra dos seus trabalhos informam que Mary Pickering nasceu em Dublin, na Irlanda, e que ela é uma artista autodidata. Além disso, parece que ela começou sua carreira pintando tecidos com silk e que já pintou utilizando técnicas variadas como as das aquarelas, pastel ou pintura a óleo. Hoje, ela se concentra em utilizar o acrílico e silk.

Eu achei seu trabalho bastante nostálgico. As pessoas estão vivendo um cotidiano em que se destaca o cuidado com as crianças o que é sempre salutar de se registrar.

Lá no site da Galeria é possível comprar esses quadros! Eu quero! \o/


Back to School

Fly Away

Time to go

The Buggy

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Clarice Lispector Só para mulheres. Eu li.

Sexta-feira passada, eu estava visitando um grande amigo. Como é bom ter amigos, como é bom conversar e rir com alguém que compartilha dos mesmos gostos e aprecia o que também apreciamos. Ele me mostrou um livro que ganhou de presente de aniversário. Trata-se de Clarice Lispector - Só para mulheres. A publicação dá prosseguimento ao resgate da obra jornalística de Clarice Lispector, iniciado em 2006, com o livro Correio feminino. Essa nova coletânea – organizada por Aparecida Maria Nunes, doutora em literatura brasileira pela USP – recupera as colunas femininas assinadas pela escritora sob os pseudônimos de Tereza Quadros e Helen Palmer, e como ghost-writer da atriz Ilka Soares, para o tablóide Comício e os jornais Correio da Manhã e Diário da Noite, nas décadas de 50 e 60.
Fica evidente que a Clarice escreveu para esses suplementos femininos porque precisava de grana. Mas também fica evidente o seu amor e respeito pelas leitoras. Essas leitoras não seriam as mesmas leitoras e leitores de seus romances, pelo menos não a maioria. As exigências de pauta conduziram os temas dos textos muito curtos. Mas quão grandiosa é Clarice que, mesmo falando de maquilagem, de culinária, do que seja... é ela mesma o tempo todo. Eu e meu amigo nos divertimos a valer. Ríamos, ríamos e ríamos no começo, no meio e no fim de cada trecho do livro. Era o riso franco de quem se encontrou entre os iguais e que compreende a sabedoria disfarçada em simplicidade absoluta. Que, diga-se de passagem, talvez seja essa a verdadeira sabedoria: saber dizer a qualquer um o que é importante que seja dito.
O meu amigo só tinha esse primeiro volume, mas já ouvi falar que são três.
Não resisto e trago alguns trechos para cá. Vejam se não é uma leitura deliciosamente agradável:

Pode-se amar sem admirar?
Pode-se dar amor natural, comum. Pode-se ter pena da pessoa ou ser fisicamente atraída por ela, e enganar-se pensando que essa reação é amor. Mas para que o amor real exista é preciso que você admire alguma coisa nele ou nela. Theodore Reik acha que o "amor só é possível quando você atribui um valor mais alto à pessoa do que a você, quando você vê nela ou nele uma personalidade que, pelo menos em algum sentido, é superior à sua."

Quem muito agrada, desagrada.
Nunca ouvi esse provérbio, acho que inventei agora mesmo. Mas você vai ver se esse provérbio, inventado ou não, não se aplica a pessoa que você conhece: Às que querem agradar a todo o preço. Então tornam-se "encantadoras". Procuram advinhar os mínimos desejos dos outros. Procuram elogiar de qualquer modo. Começam também a mostrar que fazem sacrifícios a cada momento. Esse tipo encantador pesa na alma dos outros. Em uma palavra: desagrada. Se a pessoa consegue ser e ficar à vontade, ela deixa os outros serem e ficarem à vontade.

Já se foi o tempo...
...Em que era considerado delicado deixar sempre um pouco de comida no prato. Hoje é perfeitamente educado comer toda a porção de que a pessoa se serviu.
...em que se pegava numa xícara de chá ou de café... erguendo o dedo mínimo. Hoje é gesto afetado, deselegante, de mau gosto.
...em que era de praxe recusar várias vezes uma gentileza antes de aceitá-la. Quando o convidarem para um jantar, agradeça, aceite, e não faça um drama "do trabalho que vai dar"... em que, ao sentar à mesa, dizia-se aos outros: "bom apetite!" Não é mais "fino" dizê-lo.
...em que a pessoa que tocava piano se achava no dever de recusar uma pequena audição, várias vezes, antes de aceitar. Se você, não quer realmente tocar, diga-o de um modo suave mas firme, o que em geral encerra o assunto. Mas se pretende terminar tocando, toque, por favor!

Impossível?
A maioria das coisas "impossíveis" são impossíveis apenas porque não foram tentadas. Quanta coisa você não faz apenas por timidez ou por medo...
Você já experimentou pintar paredes? Pois, acredite ou não, não é necessário tirar "curso" (só um pouco de "confiança-em-si-mesma" ajudaria, pois confiança é o que lhe falta).
A tinta, você compra. O pincel, também. A parede, você tem. Por incrível que pareça, você é dona dos instrumentos necessários. O que falta mais? Um pouco de ousadia e vontade de se divertir. (E de economizar).

Não lhes disse que era o máximo? São postagens de um blog de Clarice de 60, 50 anos atrás. ;-D

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Rachael Smith is great!


Depois do jogo entre Brasil e Portugal, eu achei melhor procurar algo menos comum para curtir. Aliás, devo confessar que eu cometi uma gafe durante a partida. Eu estava assistindo ao jogo e, em determinado momento, comentei com alguém ao meu lado: Nossa que jogo violento, eles estão derrubando uns aos outros o tempo todo. Que desagradável! Então, a pessoa respondeu: Você não viu a partida anterior, entre Brasil e Costa do Marfim? Estava muito mais violenta. Ou seja, eu acabei revelando, sem querer, que eu não vira a partida do jogo do Brasil anteriormente. O que, convenhamos, no Brasil é super estranho: alguém perder qualquer partida do time brasileiro, durante a Copa, sendo brasileiro.
Como foi possível perceber, a partida de hoje acabou no zero a zero. Se os jogadores tivessem se concentrado em fazer gols e não em se machucarem, reciprocamente, talvez o resultado tivesse sido outro para qualquer um dos times em campo. Bem, nunca saberemos. rsrsrs

Pois bem,  falemos de algo incomum. Talento e sensibilidade. Acabei de ler uma historinha infantil muito mais bacana de acompanhar e totalmente diferente do clima do tal jogo. rsrsrs
Trata-se do trabalho da ilustradora Rachael Smith, uma jovem de 25 anos, de Leicester, Reino Unido. Na história, ela conta a aventura de um lagarto chamado Charlie e que é um fantasma. Ele se tornou um fantasma porque um humano o matou com o pé. ;-p Antes de viver nessa condição, ele vivia na praia e comia os salgadinhos e sorvetes que os humanos derrubavam na areia. Na casa em que ele passou a viver como fantasma, ele fica amigo de um gatinho, o Mungo. Ele é super bonzinho e divide sua ração com Charlie.
Um dia, Charlie está muito triste porque não está satisfeito com sua nova existência. Como ele percebe que ninguém mais o vê a não ser Mungo, ele começa a achar que ele é um produto da imaginação do gatinho e, inclusive, começa a esquecer que já foi um lagarto e que curtia comer guloseimas na praia... Mungo, embora não seja muito experto, é um amigo bastante solidário e resolve ajudar Charlie. Se eu fosse você eu iria até o blog da Rachael Smith e leria toda a história de Charlie and Mungo,  que ela postou ontem. Trouxe para cá alguns dos quadrinhos só para vocês terem uma ideia de como é divertido.
Assim sendo, um bom fim de semana e até segunda. ;-D





quinta-feira, 24 de junho de 2010

Keith Haring Selected Works

Eu recebi uma informação preciosa essa manhã by e-mail. Teremos uma exposição de Keith Haring, com trabalhos inéditos no Brasil, e que marca os 20 anos da morte do artista.
Eu sou fã confesso de Keith Haring e admiro imensamente toda a sua trajetória. Estou tão emocionado em saber da exposição que nem posso dizer mais nada! ;-o
Assim sendo, para os fãs absolutos de Haring, como eu, a excelente notícia:
A partir de 31 de julho teremos a exposição KEITH HARING - Selected Works, com 94 obras de Keith Haring (1958-1990) nunca vistas no Brasil. Sua obra, que até os nossos dias influencia a arte urbana, ficará em cartaz até 5 de setembro, na Caixa Cultural São Paulo. Depois, seguirá para o Rio de Janeiro, de 28 de setembro a 14 de novembro, na Caixa Cultural Rio de Janeiro.

Selected Works revelará a obra do artista ícone da cultura underground da Nova Iorque dos anos 80 por meio de: 55 serigrafias, 9 gravuras, 29 litografias e 1 xilogravura.
A exposição percorrerá dois estados e tem curadoria da americana Sharon Battat, responsável por projetos relacionados à arte, moda e publicidade. Ela nos diz que foram selecionados trabalhos do Keith Haring que nunca foram vistos por aqui e que ele tinha uma estreita ligação com o Brasil. Além disso, serão expostos artigos pessoais como seu passaporte, skates desenvolvidos por ele, fotos e vídeos pessoais de Haring no Brasil e até seus pares de tênis. ;-D 
Haring participou da Bienal de São Paulo de 1983, mas também esteve no Brasil em outras ocasiões. Ele costumava frequentar a casa de um amigo em Ilhéus (BA), o também artista Kenny Scharf.. Durante a exposição serão exibidos dois documentários: The Universe of Keith Haring (direção de Chistina Clausen) e Drawing the line (direção de Elisabeth Aubert).
Segundo a assessoria de imprensa, há chance de a exposição chegar a outras cidades, principalmente em Salvador. Na capital baiana existem, aliás, dois raros painéis de Haring. Um deles deverá ser restaurado, de acordo com um programa da própria exposição.
A produtora do evento, a Litmedia Productions também busca parceiros para viabilizar uma série de workshops de pinturas e desenhos para crianças, com artistas locais e amigos de Keith, como Kenny Scharf, assim como palestrantes convidados.
Haring era um artista que tinha uma grande atuação em prol dos direitos civis, de hospitais, creches e orfanatos. Sua natural propensão à caridade fez com que ele elaborasse muitos murais públicos voltados a essas causas. Em 1989, Haring foi diagnosticado com HIV e, no ano seguinte, fundou a Keith Haring Foundation, para apoiar campanhas de prevenção do HIV e programas infantis. Os responsáveis pela exposição estarão também organizando programas educacionais sobre prevenção do HIV, em parceria com a ABIA (Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS) e APTA (Associação para Prevenção e Tratamento da Aids), além de outras instituições.

Caixa Cultural São Paulo: 31 de Julho a 5 de setembro
Condomínio Conjunto Nacional
Av. Paulista, 2.073, São Paulo – SP
Telefone: (11) 3321-4400
Horário: Terça-feira a sábado, das 9h às 21h/domingo das 10h às 21h
Censura: Livre
Grátis \o/

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Compaixão ou piedade? What do you think about?

Ontem, eu pensava na questão da compaixão e o quanto ela pode ou não ser sinônimo de piedade.
Lembrei-me disso porque certa vez ouvi uma explicação de que quando os gregos encenavam suas tragédias, um dos objetivos era o de que o público sentisse compaixão pelas personagens trágicas que tinham suas vidas ali encenadas e não piedade, como às vezes traduzem o termo grego correspondente àquele sentimento.
A verdade é que piedade é uma palavra impregnada pelo campo semântico do universo cristão, sobretudo o católico, quiça, o protestante.
Penso que a piedade pode ser tão somente um primeiro passo para o exercício do amor.
Isso porque o problema, a meu ver,  é que há muitos piedosos que maculam esse sentimento com algo, que acabou por ficar implícito na própria ação de apiedar-se de alguém, a saber, a compreensão limitada de que o outro é digno de piedade porque se encontra em uma posição inferior a minha própria, e assim sendo, posso ter pena.
O mais lastimável é quando eu, pessoa piedosa, penso nunca ter vivido uma situação semelhante a daquele ou mesmo que jamais possa vir a experimentar tal circunstância, que me motiva tanta piedade.
A compaixão, nesse sentido, é mais acertada como expressão e sentimento, porque ela pode ser vivida em estado puro, ela não tem essa nuance de sentimento impuro: eu tenho compaixão quando compreendo a profunda dimensão do sofrimento vivido pelo outro, posto que eu já vivi isso ou sei que poderia também experimentar tal sofrimento. Esse pathos é humano e eu sei o que é isso, mesmo que eu já tenha superado tal experiência, ou, enfim, esteja buscando superar qualquer sofrimento... É por essa razão que posso amar a quem sofre.
Daí minha propensão a dizer: Posso ajudar?

Aproveito o tema, para apresentar-lhes a obra de um artista novaiorquino. Trata-se de Art Spellings
Visite seu site. Lá você irá conhecer outras manifestações dessa técnica única de expressar pensamentos relevantes.




Compassion (Can Help)
72”w x 72”h
Synthetic polymer/canvas
© 2006 Art Spellings




Relativity
(What We Think We Are)
75”w x 83”h
Synthetic polymer/canvas
© 2005 Art Spellings

terça-feira, 22 de junho de 2010

Save the Whales

Quando eu era adolescente eu tinha uma T-shirt com a seguinte frase escrita em letras gigantescas: Save the Whales. Era a década de 80 e a preocupação com as baleias era uma realidade inexorável: elas estavam próximas da extinção. Já faz algumas semanas que recebi um e-mail do pessoal da Avaaz,org contando algo muito grave, que a conquista da proibição à caça às baleias está correndo sérios riscos.

Estão querendo voltar a permitir a caça às baleias ! ;-p


Eu assinei a petição urgente da Avaaz.org pela proteção das baleias.

Para entender o que acontece Leia mais abaixo e participe:
Assine a petição

Caros amigos,
Agora mesmo a Comissão Baleeira Internacional (IWC) está se reunindo no Marrocos para a votação final que poderá legalizar a caça comercial às baleias pela primeira vez em uma geração.
O resultado depende de quais vozes serão ouvidas de forma mais clara nos momentos finais: o lobby pró-caça ou cidadãos do mundo?
Mais de 1 milhão de pessoas já assinaram a petição para proteger as baleias – é hora de conseguir 1,5 milhão! A equipe da Avaaz já está no Marrocos colocando outdoors, anúncios de primeira página em jornais e um marcador gigante mostrando as assinaturas na petição. Tudo para garantir que os delegados, desde o momento em que descerem do avião até a hora da votação, vejam a nossa mensagem: que o mundo não aceitará um massacre de baleias.
Graças a um chamado global, muitos governos já se comprometeram a irem contra a proposta. Cada vez que a petição da Avaaz ganhou 100.000 nomes, ela foi enviada para a Comissão Baleeira Internacional e governos chave. Alguns, como a Nova Zelândia agradeceram a todos nós que assinamos.
Mas a pressão do outro lado é incansável. Outros governos, especialmente na Europa e América Latina podem se abster... ou até mesmo apoiar a proposta. Portanto, o resultado da votação é ainda incerto.
Pressão popular é a nossa melhor chance. Afinal de contas, foi um movimento social global, na década de 80, que conseguiu banir a pesca comercial de baleias, que nós agora estamos tentando proteger. O acesso à reunião foi limitado, portanto, esta poderosa petição é a nossa chance vital para canalizar a pressão pública nas 72 horas finais da votação.
Depois que a proibição global foi imposta à caça comercial de baleias, o número de baleias mortas todo ano caiu de 38.000 para poucos milhares. Isso é apenas uma prova do poder da humanidade em seguir o caminho certo. Enquanto lidamos com outras crises atuais, vamos valorizar este legado de progresso – nos unindo agora para proteger nossos vizinhos majestosos e inteligentes neste frágil planeta.

Com esperança,
Ben, Ben M, Maria Paz, Ricken, Benjamin, David, Graziela, Luis e toda a equipe Avaaz

segunda-feira, 21 de junho de 2010

As Florestas Encantadas de Leonora Weissmann



Eu achei essas telas de Leonora Weissmann tão verdadeiras! Esses retratos (inclusive o autorretrato, na imagem ao lado) nos fazem pensar que a artista sente um profundo respeito pelas personagens que retrata, uma vez que ela buscou captar-lhes algo da alma e isso é visível em cada uma delas, até mesmo nas imagens das paisagens tão somente.
Já as pessoas são comuns e incomuns ao mesmo tempo.
Aliás, nesse mundo em que vivemos, tão distante da pintura, ou seja, em que as imagens são captadas tão somente na urgência de um impulso e pelo auxílio de um equipamento digital qualquer, tais quadros revelam uma autenticidade impar.
Penso que isso talvez se deva pelo fato de, sim, estarmos diante de um trabalho em que alguém propõe ainda um registro de imagens pela pintura. Acredito que a técnica da pintura é que garante um resultado tão poético da natureza e/ou da figura humana em meio a ela. A meu ver, esse suporte acabou por permitir essa sugestão de encantamento que está presente no título da exposição e que foi, perfeitamente, capturada pela sensibilidade da artista, para deleite do observador.
No seu blog, ficamos sabendo que, além de pintora, Leonora é cantora. Quem vivencia mais de uma expressão artística só pode  mesmo nos proporcionar experiências encantadoras. ;-D
Uma última informação preciosa: visitar os sets do Flickr da artista é um encantamento a parte. Achei incríveis outros de seus trabalhos como, por exemplo, os desenhos em nanquim. Sobretudo, as imagens dos santos barrocos, dos quais a artista, como boa mineira,  não podia se furtar a dar notícia.

Quem quiser visitar a exposição Florestas Encantadas,  de Leonora Weissmann, poderá fazê-lo, na Galeria Horizonte, até 30 de junho.
De segunda a sexta-feira das 10h às 19 h.
Sábado das 10h às 13h.

A Galeria Horizonte fica na Rua João Lourenço, 79 - Vila Nova Conceição- São Paulo (Tel: 11 3044-1057).

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Tributo

Leia Goethe.

Estou lendo Goethe. Estou até mesmo tomado de emoção por conta dessa experiência nova. Tal iniciativa se deve a uma disposição que me ocorreu, por conta de que eu, somente agora, compreendo que não é preciso saber alemão para ler o autor. O que precisamos é confiar que o exercício de tradução daqueles que se empenharam em verter uma obra para outro idioma é um exercício de entrega que por si só merece reconhecimento.
Todo grande autor e, por conseguinte, toda grande obra, como é caso do Fausto de Goethe, são aureolados por uma mística da perfeição que se por um lado colabora para a sua boa propagação, por outro enevoa o autor e a obra, distanciando-os dos comuns mortais.
Eu cai muitas vezes nessa armadilha e deixei de ler alguns livros, pensando que não seriam para mim. Mas como não? Sou alfabetizado, tenho uma formação até que não de todo desprezível, eu mereço ler Proust, Joyce, Goethe. E ler a esses autores de peito aberto. Meu conhecimento de Inglês, embora nem tão desprezível, não me permite ler o Ulisses no original, ao menos não sem grandes dificuldades. E Proust e Goethe, no original, também não posso. Então, vamos contar com a ajuda dos bravos tradutores para o acesso a essa experiência de vida.

Sim, a leitura permite uma experiência de vida sem igual, que não é aquela de todo dia, mas aquela que nos alimenta para viver melhor o dia a dia.

No caso do Fausto, devo confessar que fiquei ressabiado com a tradução que tenho em mãos, uma edição impressa. Embora eu não tenha nenhuma informação sobre sua origem, sobre quem é esse corajoso senhor que se permitiu traduzir um clássico. Assim sendo, fui procurar outro texto. Descobri uma tradução de domínio público e que estou achando excelente. Trata-se de um tradutor português do século XIX:  António Feliciano de Castilho (1800-1875).
Agora leio as duas. São tão distintas que me parece até que leio dois livros, escrito mesmo por dois autores! (Espero que por 3, ou seja, que Goethe também esteja aí implicado) Vou reproduzir o comecinho do livro para que vocês percebam o tipo de aventura a que estou me entregando. Como entendo a leitura como algo muito muito pessoal, compreendo que essa distinção imensa das variadas versões está valendo.
 
A verdade é que Goethe e seu Fausto são tão humanos que cada um dos seus leitores irá se reconhecer do lugar em que se encontra na múltipla e eterna variação da existência. Simples assim. ;-D

QUADRO I
[Prólogo no Céu]


O Empíreo. Ao meio o Senhor, no trono. À roda a corte celestial, com as suas jerarquias: anjos, arcanjos, querubins, serafins, tronos, potestades, dominações, virtudes, e coros.


CENA ÚNICA

O SENHOR, a sua corte, logo depois MEFISTÓFELES
(Acercam-se do trono os três Arcanjos)


RAFAEL (cantando)

No coro sideral o sol vai prosseguindo,
qual na origem lho hás dado, o curso harmonioso.
Tonitruante baixo em teu concerto infindo,
só mandando-lho tu, Senhor, terá repouso.
Sua luz dobra a nossa, enchendo-nos de espanto
não podermos sondar-lhe a portentosa essência.
Como o fora a princípio, ó sacra Omnipotência,
teu sol é hoje ainda enigma, assombro, encanto.

GABRIEL (cantando)

E da terráquea esfera a máquina esplendente
segue em seu torvelino, eterno, arrebatado;
por que ora à luz dos céus florido Éden se ostente,
ora descanse envolta em negro véu bordado.
O mar espuma, troa, investe as brutas fragas,
que o repulsam desfeito, em nunca finda guerra.
Mas na perpétua luta, as rochas como as vagas
sempre juntas, sem termo, o volutear da terra.

MIGUEL (cantando)

Dos solos contra o mar, do oceano aos continentes,
jogam-se os temporais com ímpeto profundo;
zona de assolasses e criações potentes,
que desfaz e refaz perpetuamente o mundo.
Ígnea precede a morte ao trovejante horror.
Mas nós, os cortesãos da tua imensidade,
gozamos luz e paz por toda a eternidade.
Bendito sejas tu, Senhor! Senhor! Senhor!

OS TRÊS (juntos)

As tuas criações enchem os céus de espanto;
nem o arcanjo lhes sonda a portentosa essência.
Como o fora a princípio, ó sacra Omnipotência,
teu mundo é hoje ainda enigma, assombro, encanto.

MEFISTÓFELES (cortejando ao Padre Eterno)

Inda enfim cá tornei. Visto quereres
saber por mim o que lá vai no mundo,
pronto; que antigamente (inda me lembra)
gostavas de me ouvir. É só por isso
que me tornas a ver entre esta súcia.
Tem paciência! Eu, retóricas sublimes,
é coisa que não gasto; e mesmo escuso
deste augusto congresso expor-me às vaias.
Co’o meu patos tu próprio te ririas,
a não teres perdido esse costume.
Sei cá palavrear de sois! de mundos!
Toda a minha sabença é perder homens.
O deusito da terra está na mesma:
parvo como ab initio. Melhor fora
(digo eu cá) não lhe teres infundido
o raio dessa luz, que lá se chama
Razão, e que na prática só presta
para o tornar mais bruto que os mais brutos.
Com licença da Tua Majestade,
o que ele me parece, é gafanhoto
pernilongo, com mescla de cigarra,
já voador, já saltão, já num relvado
co’a sua solfa velha a estrugir tudo.
E vá lá, se da erva não saísse
inda era meio mal; mas tem o sestro
de se andar sempre à cata de imundícies.


O SENHOR

Parece-se contigo. O teu regalo
é esse: acusar sempre. Então no mundo
nada há bom?

Por essa fala até mesmo singela de Deus, segundo Goethe, já é possível perceber que quem se permite o tipo de negógio no qual Fausto se meteu é porque compartilha com Mefistófeles desse orgulho e soberba imensos, e isso inevitavelmente  tem como consequência nutrir esse desgosto pela vida. Penso que o que nos falta, quando estamos nessa vib, e nisso concordo com Goethe e com Deus, é ver o que no mundo há de bom. ;-D

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Amar os Bichos


Bichos? A gente tem que gostar de todos. Eu estou buscando evoluir mais e gostar também do bicho gente, na imensa variedade que dele existe. Venho no Metrô paulistano, olhando para aquelas carinhas das pessoas e, no mínimo, tenho sentido simpatia. Afinal, todas elas compartilham comigo dessa condição de ocupantes do planeta terra. Evidentemente, e muito provavelmente, alguns desses transeuntes e desconhecidos poderiam tornarem-se, potencialmente, meus inimigos, bastaria para isso que convivessem comigo. ;-p Não porque eu seja uma pessoa difícil, mas tão somente porque é assim que acontece. Não é mesmo? E ainda assim, eu esperaria, nessa convivência, respeitá-los e, a partir da busca que tenho feito, até mesmo amá-los (vejam só: uma coisa difícil, mas que, ao que tudo indica, é melhor que seja assim), embora não poderia lhes reservar a ternura que reservo aos amigos queridos.
É por essas e outras razões, que não compreendo e lamento profundamente que existam pessoas que não respeitam os animais: os selvagens propriamente ou os nossos mais queridos cães e gatos. Houve um tempo em que eu não tinha lá muita simpatia por cachorros, embora jamais os tenha maltratado.
Mas isso é porque eu sempre tive gatos e minha cumplicidade é absoluta com os felinos. Agora, estou ampliando meu bem querer pelos bichanos: quero ter ternura também pelos cães.
Penso que um bom começo para isso seria frequentar esse lugar. Um espaço para lá de alternativo, que existe em São Paulo, e que se chama Matilha Cultural. Uma amiga contou-me que nesse coletivo está acontecendo a exposição Prá Cachorro. Com fotos de Paola Vianna, Instalações, Música, Palestras, Brinquedos, Cardápio, Informação e Adoção Prá Cachorro.
Sobre a exposição há um vídeo no vimeo. O mais bacana é ver as casinhas sensoriais que artistas fizeram para os cachorros se distraírem, enquanto seus donos veem os quadros nas paredes.
Eu também achei, no Youtube, um vídeo em que um simpático cachorro vira-lata, pretinho, deixa a Praça Roosevelt (ali ao lado) e entra para nos apresentar cada recanto do espaço cultural.



www.matilhacultural.com.br/
Rua Rego Freitas, 542 - Centro - São Paulo
Tel.: (11) 3256-2636

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Elliot Dear

Uma das maiores alegrias de minha última sexta-feira foi conhecer esse trabalho. Desenvolvo sempre um sentimento de gratidão para com os artistas e suas criações. O bem que nos fazem não tem tamanho, não é mesmo? É apenas imenso. Além disso, a fruição de um trabalho como esse permite sempre a oportunidade de ampliar os sentidos, o que nos possibilita nos tornarmos melhores e mais educados. Aliás, isso é tudo o que eu desejo para mim e para todo mundo.
Por conta disso, na sexta, eu postei um vídeo dele no facebook e os meus amigos não se manifestaram. Achei o fim! ;-D
Eu havia encontrado o vídeo no Vimeo.
Agora, encontrei uma outra versão desse mesmo trabalho no Youtube. Muito lindo e sofisticado!
No seu site, ficamos sabendo que ele faz tudo isso no estúdio do seu quarto. É bacana ver as imagens dos bastidores, da produção dos vídeos. Vejam também essas ilustrações, que lá no site estão completas.
Em um outro sítio, ele próprio nos explica que, quando começa um projeto, gosta de manter sua mente aberta. Algumas vezes, a solução que encontra é a de talvez não permanecer na ilustração bidimensional, mas também migrar para a animação, para um filme ou, ainda, em fazer uma combinação de tudo isso.
Seu trabalho, frequentemente, explora as relação entre as pessoas e os animais e, ainda, onde os limites entre eles tornam-se indistintos. Seu trabalho é bastante experimental e nele ocorre uma fusão entre 2D e 3D: ora distorcendo uma para acomodar a outra, usando a profundidade de campo e focalizando, no desenho, também o observador, permitindo à câmara criar um meio ambiente muito rico e que mistura objetos reais e fabricados.
Ele gosta de produzir um trabalho que atraia as crianças, para que elas exercitem uma imaginação serena e com contentamento, mas que, nas entrelinhas, atinja também um público mais velho.

E é isso mesmo o que acontece! Enjoy it!




sexta-feira, 11 de junho de 2010

Feliz Aniversário Noitão! \o/

Quando eu era adolescente eu frequentava o Cineclube Oscarito na Praça Roosevelt. Cheguei a trabalhar na portaria do Cineclube. Esse Cineclube foi o precursor de um estilo único de assistir a filmes, para os cinéfilos paulistanos: a prática do Noitão. Isso mesmo, ficar a noite inteira assistindo filmes magníficos dentro de uma sala de cinema. Entrávamos no cinema à Meia-Noite e saíamos com o dia raiando. Uma maratona para gente forte, feliz e cinéfila! Apenas notívagos muito especiais topam a parada.
Pois bem, hoje faz seis anos que o Cine Belas Artes retomou essa prática. Os noitões do Belas Artes proporcionam aos cinéfilos da nova geração isso que nós fazíamos lá na década de 80. E deu muito certo. Como o cinema é muito maior, em alguns noitões cerca de 800 a 1000 pessoas lotam as 6 salas da casa.

Hoje o noitão do Belas Artes faz aniversário - Happy Birthday! - e é véspera do dia dos namorados. Um programa para o par perfeito e os filmes resgatam essa temática.
Vejam o release que eu recebi dos meus amigos do Belas:

Noitão "Seis Anos de Namoro"

Sexta-feira (11/06), a partir das 23h50, comemoração de seis anos do evento, com seis filmes em homenagem ao Dia dos Namorados: os inéditos Brilho de Uma Paixão (de Jane Campion) e A Jovem Rainha Vitória (de Jean-Marc Vallée); a reprise Corações Livres (de Susanne Bier); Truques da Paquera (de Jim Fall) e Amigas de Colégio (de Lukas Moodysson), ambos voltados para a diversidade sexual; mais um filme-surpresa.
O Noitão, que nasceu em 12 de junho de 2004, reuniu três filmes em sua programação inaugural batizada de "Odeio o Dia dos Namorados". Como o próprio tema indicava, não eram filmes muito leves, pelo contrário, eram romances bem conturbados e até violentos. Os filmes? Ah, sim, eram Monster, aquele com Charlize Theron, horrorosa e possessiva, fazendo par lésbico com Christina Ricci; Corações Livres, uma história de amor muito cruel, mas lindamente filmada pela dinamarquesa Susanne Bier: e o agridoce Estação Doçura, de Percy Adlon, como filme-surpresa.
Desta vez a seleção parece mais suave, mas é melhor que ninguém se iluda muito com isso.
Brilho de Uma Paixão aborda um fato verídico, o relacionamento entre o poeta inglês John Keats e sua jovem vizinha Fanny Brawne. Esse amor, que tinha tudo para ser longo e intenso, acabou antes da hora por causa da morte precoce de um dos dois. O roteiro, baseado em poemas de Keats e em cartas trocadas entre ele e Fanny, contou ainda com o apoio de Andrew Mation, biógrafo do poeta.
A Jovem Rainha Vitória também nasceu de um acontecimento verdadeiro, iniciado quando, em 1837, uma jovem de apenas 17 anos já se preparava para ocupar o trono do Rei Guilherme IV, prestes a morrer. Mas não se trata apenas de uma história de ambição e poder. Em meio a tudo isso existia também uma grande paixão que se eternizou entre Vitória e o Príncipe Albert. O filme, dirigido pelo mesmo realizador de C. R. A . Z. Y., foi produzido por Martin Scorsese e Sarah Ferguson, tataraneta da Rainha Vitória. A cuidadosa direção de arte contou com locações no Castelo de Belvoir, e a cama vista nas cenas da lua-de-mel foi de fato utilizada pela rainha verdadeira. O figurino levou um merecido Oscar.
Bem, como costuma acontecer em todas as edições comemorativas do Noitão, há sempre um ou mais filmes reapresentados como "ícones" de noitões passados. Desta vez serão dois.
Corações Livres, que para quem não se lembra é aquele sobre os noivos que deixam de se casar porque o rapaz sofre um acidente e fica paralítico. Mas, como se isso não fosse o bastante, ele ainda vê a amada se envolver com o seu médico que, por sua vez, é um homem casado.
A outra reprise é Amigas de Colégio, um cult indispensável, cheio de vida, do qual o público do Noitão jamais se cansará. A questão da homossexualidade entre as garotas colegiais é tratada com grande delicadeza e devida naturalidade. Algo típico de Lukas Moodysson, um diretor que sabe abordar qualquer assunto com poesia e elegância, mesmo quando passa perto da escatologia ou da pieguice. Aqueles que acompanham sua filmografia já devem ter percebido isso.
Truques da Paquera é um filme que há um bom tempo não é exibido no cinema, mas é, certamente, uma boa lembrança incluí-lo nesta programação. A história é sobre um rapaz bonzinho e trabalhador, mas que sofre demais sem merecer. Sua vida é uma chatice. Ele mora com um cara grosso que não o respeita e sua carreira como compositor de peças musicais não está decolando. Ainda bem que ele tem pelo menos uma amiga, uma jovem e excêntrica atriz de talento duvidoso, mas que sempre lhe dá a maior força. Como alguma coisa tinha que acontecer um dia, certa noite o garoto resolve ir tomar umas biritas numa boate e, mesmo tímido, encara um flerte com um go-go boy gostosão. É quando ele percebe que a vida vai muito além daquele mundinho no qual ele está acostumado a se encolher, fazendo papel de coitado. O que acontece depois da balada só mesmo vendo o filme. O ator principal, Christian Campbell, é irmão da atriz Neve Campbell, e quem interpreta a melhor amiga é Tori Spelling, que ficou famosa como a Donna de Barrados no Baile.
O filme-surpresa é um misto de coisas boas e ruins que uma relação pode ter: sexo, romance, fantasia, desconfiança e traição. Vale destacar a beleza do trio principal. Os olhos agradecem!
Por mais que os seis filmes sejam tentadores, ao comprar o ingresso o espectador deve saber que só é possível assistir a três deles, e então fazer as suas opções.
Para completar a diversão, nos intervalos entre os filmes todos os espectadores participam de sorteios de brindes: convites exclusivos do Belas Artes, camisetas e filmes em DVD, entre outros mimos.
Após o final da última sessão, por volta das seis da manhã do sábado, o cinema oferece um café da manhã para todos os "sobreviventes" da maratona.

BRILHO DE UMA PAIXÃO
(Bright Star)
Reino Unido/Austrália/França, 2009, cor, 119 min., 14 anos.
Direção: Jane Campion
Elenco: Abbie Cornish, Ben Whishaw e Thomas Sangster.

Em Londres, no ano de 1818, o poeta John Keats, aos 23 anos, inicia um romance secreto com sua bela vizinha Fanny Brawne, uma estudante de moda. Mas, o relacionamento dura apenas três anos, sendo subitamente interrompido por uma tragédia. Uma história de amor real, narrada sob o ponto de vista da jovem Fanny. Filme dirigido por Jane Campion, a mesma de O Piano.

A JOVEM RAINHA VITÓRIA
(The Young Victoria)
Inglaterra/EUA, 2009, cor, 105 min., 10 anos.
Direção: Jean-Marc Vallée
Elenco: Emily Blunt, Rupert Friend e Paul Bettany.

Os primeiros e turbulentos anos do domínio da Rainha Victoria - o mais longo do Reino Unido e que entrou para a história como a Era Vitoriana - e seu eterno romance com o Príncipe Albert. A história, iniciada em 1837, acompanha Victoria desde os seus 17 anos, quando o seu tio, o Rei Guilherme IV, está para morrer e ela é a herdeira do trono. Este filme, produzido por Martin Scorsese e dirigido pelo mesmo realizador de C. R. A. Z.Y, ganhou o Oscar de melhor figurino.

CORAÇÕES LIVRES
(Open Hearts/Elsker Dig for Evigt)
Dinamarca, 2002, cor, 113 min., 14 anos.
Direção: Suzanne Bier
Elenco: Nikolai Lie Kaas, Sonja Richter e Mads Mikkelsen.

Um casal às vésperas do casamento é surpreendido por um atropelamento que deixa o noivo imobilizado no hospital e condenado a ficar paralítico. As juras de amor de antes são substituídas pela agressividade do rapaz que agora incentiva a sua noiva a deixá-lo e seguir sua própria vida. Arrasada e carente ela acaba se apaixonando pelo médico que os atende, casado com a mulher que causou o acidente.

AMIGAS DE COLÉGIO
(Fucking Amäl)
Suécia, 1999, cor, 89 min., 14 anos.
Direção: Lukas Moodysson
Elenco: Alexandra Dahlström, Rebecka Liljeberg e Mathias Rust.

A história de duas adolescentes muito diferentes entre si e que se descobrem apaixonadas uma pela outra, mas não sabem como assumir a relação em meio às demais garotas do colégio onde estudam, na pacata cidade de Amal, interior da Suécia.

TRUQUES DA PAQUERA
(Trick)
EUA, 1999, cor, 90 min, 14 anos.
Direção: Jim Fall
Elenco: Christian Campbell, Jean Paul Pitoc e Tori Spelling.

A vida de Gabriel está pra lá de sem graça. O rapaz não tem nem mais inspiração para seguir em sua carreira, a de compositor de trilhas para o teatro. Para piorar, divide um minúsculo apartamento com um amigo heterossexual que sempre que leva alguém para transar o deixa do lado de fora. Ele tem como única amiga uma jovem atriz canastrona que o apóia em tudo o que faz. Mas numa noite, quando Gabriel decide afogar as mágoas numa boate, acaba conhecendo um atraente go-go boy. Estimulados pelos drinks e pela música alta, os dois embarcam numa gostosa jornada repleta de descobertas e surpresas.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Igrejas de Madeira do Paraná


Quem trabalha no centro de São Paulo e quer estar retirado por alguns minutos dos excessos desse centro aturdido que é o da nossa cidade, muito irá ganhar se visitar a exposição Igrejas de Madeira do Paraná. A princípio, tão somente, por que você irá se sentir em um outro mundo.
De calma, serenidade e fé sincera. O mais marcante é a singeleza do gesto de quem construiu as igrejas como marcos de saudade, como exercícios de reiteração da identidade de cada cultura ali espelhada.
Tais igrejas estão na zona rural do Paraná. A arquiteta Maria Cristina Wolff de Carvalho nos conta, no catálogo, que os imigrantes europeus, no XIX, tinham pressa em erguê-las, daí serem de madeira. Segundo ela, tal pressa era justificada porque essas pessoas estavam isoladas em pequenas propriedades distantes umas das outras e as igrejas significavam a possibilidade de reunião, de troca de experiências e notícias, de encontros e namoro (...) Nelas se davam os ritos de passagem e, em suma, toda a vida social do grupo.
Elas são também um encanto para os olhos. E o mais surpreendente é que estão tão conservadas. Chamou-me a atenção os vasos de samambaias no interior de algumas delas. Samambaia combina com Igreja que é uma beleza. ;-D Penso que somente ao retratar tamanha fragilidade com amor, como o fez Nego Miranda, é que se pode alcançar esse brilho na simplicidade e que nos revela a riqueza da devoção desse povo.
A exposição está na Caixa Cultural, da Praça da Sé.






 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

terça-feira, 8 de junho de 2010

Um assento e uns biscoitos

Eu viajava de volta para casa, sentado, no trem. Na minha frente, o assento reservado e de uso preferencial para deficientes, gestantes, pessoas com criança de colo, idosos, e que permanecia vago.
Então, vi um senhor de cabelos brancos sentar-se naquele assento. Ele comia biscoitos de polvilho, que retirava de um saquinho repleto deles. Parecia sentir uma tal satisfação em comer os biscoitos que sua imagem de idoso foi aos poucos, para esse observador, tomando a feição da de um garoto e esse inesperado aconteceu: tive um momento que traduzi como o de epifania.
Pareceu-me que compreendia toda uma parte do mistério. Naquele momento, era bastante nítida para mim essa existência, que começa na fragilidade do berço, do estar em um colo, quando é necessário que alguém cuide do menino homem: para que ele cresça e envelheça; quando, então, um assento será reservado ao homem menino.
É preciso completar todo o ciclo, da fragilidade primeira à fragilidade última.
A mim também me pareceu, que a razão nítida de assim o ser é porque temos todos que cuidar uns dos outros. Por isso somos filhos, somos pais, somos irmãos. Somos cada qual responsável pela construção que fazemos desses papeis, no interior das famílias (qualquer modelo que essa família tenha, desde o tradicional às novas modalidades que vamos dela conhecendo).
Já a família que a humanidade inteira também é, ela sofre tão somente por ignorar essa condição extremamente frágil de cada um dos seus membros.
É como se todos tivéssemos esquecido da criança que fomos e não quiséssemos enxergar a criança que tornamos a ser, quando o invólucro de que somos constituídos precisa de um banco reservado para que, tranquilamente, possamos continuar a viagem, comendo e ainda derrubando no chão os biscoitos de polvilho.