domingo, 2 de maio de 2010

Whatever works

Quem não gosta de Woody Allen é porque ainda não pode gostar. E tudo bem. Ontem, na sala Candido Portinari do Belas Artes, lotada, todo mundo ali demonstrou que já podia gostar e mesmo quem não gostou está no caminho: afinal, foi assistir ao filme Whatever Works, o mais recente lançamento, em São Paulo, do Diretor genial.
Sim, Woody Allen, nós podemos ser tão inteligentes a ponto de compreender tudo e achar que nada disso faz sentido: a randow event nossa existência! Então, nós também podemos nos lançar do alto do edifício. E podemos não morrer, por isso mesmo.
Além disso, mesmo achando todos inferiores e mergulhados no nosso narcisismo absoluto, estenderemos a mão, num gesto de caridade. E ainda que não saibamos, nesse momento, estaremos sendo caridosos com o humano em nós.
Podemos nos encantar com a simplicidade que se se reveste em atenção e carinho e cuidados. Sobretudo, com a simplicidade desse gesto, compreendendo, assim, que fora só uma passagem, enfim, whatever works. E quando, achando que perdemos mais uma vez, com tal experiência, podemos novamente nos lançar no abismo para, então, encontrarmos outra seara. Ou seja, ainda o que só podemos chamar, por ora, Whatever works.
Woody Allen é verdade! Nova York (eu acho que São Paulo também...) pode ser o lugar de elaboração profunda do ser: o lugar de passagem onde, por exemplo, um casal careta e já separado possa encontrar as novas possibilidades, enfim, a experiência necessária que sempre acontece, ou seja, Whatever works.

E caríssimo: sim, eles nos assistem, mesmo que aqueles que nos rodeiam não acreditem nisso. Eu entendi que tal alusão não era tão somente metalinguagem no seu filme. Obrigado por essa experiência amorosa, feliz e genial de cinema e de vida.

2 comentários:

  1. É coisa de gênio - tragicomédia rara!
    Apontando sem dó o que há de patético nas existências urbanas remediadas do mundo contemporâneo, faz rir gostoso e sinaliza com uma (possível) paz no coração, se a gente perceber que o quinhão de amor que se puder dar e receber é já o precioso da vida.

    Por isso não curti muito a tradução do título que circula aqui no Brasil... Acho que só "pode dar certo" se nos contententarmos (= estarmos contentes mesmo, não meramente resignados) com o que dá mesmo certo.

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  2. Claro, Lu!
    É por isso que eu não podia dizer, durante a postagem, porque Tudo pode dar certo... Bem, é claro que no final, final sem fim, eu acho mesmo que tudo dará certo. Mas, por ora, como vamos, é isso: nos contentarmos, contentemente, com o Whatever works (qualquer coisa que funciona, que pode funcionar)porque sempre funciona quando entamos amando de verdade, em paz, com paz, pela paz, sendo fraternos. Portanto, vivendo tudo isso que, no filme, é uma sugestão sem ingenuidade, como sói ser, por aí afora, a sugestão de que nos amemos.

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