sexta-feira, 14 de maio de 2010

Have a nice weekend

Ontem, alguém me disse que um outro alguém lhe dissera que eu teria dito algo sobre um terceiro alguém. No entanto, o que se verificou entre esses últimos participantes de tal conluio é que, muito provavelmente, aquela fala não teria sido a minha. E mesmo que eu dissera algo semelhante, eu não me lembrava, e, ainda, não poderia ter sido e-xa-ta-men-te aquilo que disseram que eu disse, e, tampouco, eu teria dito para esse alguém, que dissera para esse outro, isso que se afirmava ter sido dito por mim.

Fiquei pensando qual seria a lição do ocorrido e como eu postaria about. Sim, porque essas ocorrências do cotidiano podem nos servir ao menos para um exercício de reflexão e podemos delas tirar uma nota de felicidade. A felicidade do que se aprende quando somos nós mesmos o alvo da maledicência.
É verdade que, ao menos inicialmente, não há como ser diferente: ficamos chocados com o fato que se desnuda à nossa frente, a saber, o da sua ocorrência à nossa revelia. Então, é isso: eu posso ser a personagem de uma ficção criada por outros! Esse primeiro aprendizado é bastante salutar, ou seja, o de que não podemos controlar o fluxo das ficções das quais participamos, de qualquer modo. Assim, podemos extrair dessa constatação a verdade da impotência a que estamos condenados vivendo no mundo. Por exemplo, a de que não controlamos esse tipo de acontecimento. Se por um lado a constatação é da ordem da impotência, por outro, percebo que isso gera uma nova potência, ligada à consciência de que somos inocentes frente a trama armada. E ainda que eu não fosse assim tão inocente (e se, de fato, eu dei o start do telefone sem fio?), tampouco seria culpado. Afinal, é essa a dialética de todo neurótico (já nos dizia Lacan)  e a grande descoberta que o divã nos propicia: a de que não somos culpados, mas também não somos inocentes.
Ao menos, em casos semelhantes, não é preciso chamar os advogados. Quero crer que evitamos muitos aborrecimentos, tão somente, seguindo o conselho que já ouvimos outrora: É preciso evitar o mal sempre. Nós devemos ser a Parada Terminal da Fofoca.

2 comentários:

  1. Gostei da sacada: às vezes somos personagem de ficção criada por outros... melhor dizendo, reproduzo sua brilhante passagem: “ personagem de uma ficção criada por outros! “
    Ótimo...

    Adriano

    ResponderExcluir
  2. Adriano,
    Isso é mesmo algo que me impressiona. Mas saber disso (de que não dá para escapar disso...)já ajuda porque então a questão é aquilo que eu dizia: ter paciência e principalmente não fazer com os outros aquilo que não gostamos que façam conosco. Daí a importância de ser a Parada Terminal da Fofoca, não é mesmo?

    ResponderExcluir