segunda-feira, 31 de maio de 2010

Le Verrou, A Tranca.

Hoje, estou alimentando reflexões que me permitam um distanciamento de minhas preocupações presentes. Aliás, sou mestre nisso! rsrsrs Assim sendo, vou remeter, os que vêm até aqui, a essa obra que está exposta no Louvre.

Faz 15 anos que eu conheci esse quadro, através de uma reprodução, um poster emoldurado, e que havia na parede de um apartamento em que morei. Sempre achei essa cena enigmática. Afinal, ele está mesmo trancando e impedindo que a mulher saia do recinto, da alcova? Ela quer ou não quer sair? Isso é o registro de uma violência ou tão somente de um frívolo jogo de amantes?

Não é fascinante uma arte que impõe tais questões, deixando, no entanto, as respostas possíveis em aberto?

Esse pintor francês, Jean-Honoré Fragonard, pintava essas e muitas outras cenas da corte de Luís XV, bem como da burguesia emergente e do período imediatamente anterior à Revolução Francesa. Devido a essa Revolução, ele, aliás, irá morrer na miséria e esquecido. Nem por isso seus quadros deixaram de ser muito conhecidos e apreciados na História da Arte como exemplos do melhor do Rococó. Esse, Le Verrou, A Tranca, ouvi dizer, é um quadro reverenciado no Louvre, até hoje.

A verdade é que para mim, embora sempre o achei belíssimo, ele não me agradava de todo, quando convivi com aquela reprodução, que o tal apartamento ostentava em uma de suas paredes. Isso por uma impressão incômoda: a de que ele remetia a uma triste modalidade de "amor", a saber, quando no par amoroso um procura tolher a liberdade do outro. Quantos relacionamentos não são exatamente assim, não é mesmo? Fico a me interrogar: Por que fora da cama, depois de abandoná-la, os amantes padecem tanto? O incrível é que isso pode acontecer em qualquer alcova. Nessa belíssima, do século XVIII, na França, ou mesmo na de um humilde barraco, em qualquer favela brasileira, no XXI. A verdade é que a vida a dois pode ser um tormento, embora, com ou sem ele, seja sempre um aprendizado.

Para o momento, estou preferindo a companhia de um bom livro, como, aliás, é o caso do que experimenta essa outra personagem, do mesmo Fragonard. ;-D

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