quinta-feira, 6 de maio de 2010

A inteligência é algo que se desenvolve

Ontem, ouvi, durante uma viagem em um trem da CPTM, pessoas defendendo a pena de morte no Brasil. Vejam só! Foi, então, que me lembrei de um episódio da minha infância. Quando eu estava na terceira série do primário, eu devia ter 9 anos, aconteceu uma fatalidade na família de um dos colegas que frequentava a nossa sala de aula. Não me lembro se um tio fora assassinado... Mas fora um crime, seguido de assalto, envolvendo, portanto, uma pessoa conhecida na comunidade. Lembro-me que todos ficamos consternados com o ocorrido, mas havia alguns garotos, e mesmo algumas meninas, que falavam em vingança e que se o assassino fosse pego ele deveria ser condenado à pena de morte.
Eu lembro de ter dito na ocasião:

- Gente, não existe pena de morte no Brasil.

E, então, perguntaram-me se eu concordava com isso, com a pena de morte, eu disse que não. Disse com todas as letras:

- Não! Imaginem se eu vou concordar com isso! Matar uma pessoa!

E, então, me disseram:

- Mas ele matou o fulano, e se fosse seu pai, sua mãe?

Tanto as crianças como os adultos, que nutrem essas ideias horríveis na cabeça, sempre vêm com esses argumentos emotivos e extremados, utilizando, com a intenção de convencimento, os apelos mais pessoais possíveis. Eu continuava:

- Imaginem que isso vai acontecer com o meu pai, com a minha mãe! E mesmo se acontecesse: eu não iria querer MATAR um miserável assassino.

Eu falava, tão seriamente, que os coleguinhas ficaram desconcertados e afirmaram:

- Ah, o Júnior é um louco mesmo! [Aquele tempo eu era chamado de Júnior e de louco, vejam só!]

Eu acho que eu era uma criança bem bacana, isso sim... rsrsrs
Como diz uma amiga minha, a verdade é que se formos seguir a lei do "olho por olho, dente por dente", teremos uma multidão de caolhos e banguelas. É isso. Deus nos livre!
Quando terminei esse texto acima, fui procurar uma imagem que pudesse ilustrar o tema em questão, encontrei alguém falando em um blog do fim da pena de morte, nas Filipinas, em 2006. Uma notícia muito boa, portanto. O blog está abandonado, mas a ex-dona (será que um blog fica sem dono, depois de abandonado? Acho que não, estão lá os textos e todos assinados), ela é uma pessoa encantadora. Para ilustrar o que estou dizendo, olhem só essa outra postagem que também li e que considerei como um modo muito delicado de se queixar das pessoas. rsrsrs Essa blogueira portuguesa (bem, não deu para saber, a escrita dela é portuguesa) escrevia textos muito gostosos de ler. Tomara que ela não se incomode de eu ter trazido esse seu texto para cá. Esqueci de avisá-la de que eu faria isso, quando lhe enviei um e-mail contando que conhecera o Pópulo.
Vejam se eu não tenho razão:

novembro 04, 2006

Bichitos insignificantes

Às vezes quando andamos a passear no campo, levantamos uma pedra e encontra-se lá debaixo um bicho. Quase sempre os bichos que encontramos debaixo das pedras não são muito bonitos, eles lá sabem porque precisam da escuridão da pedra… Mas têm direito à vida, pois então! Nunca lhes faço mal e deixo-os desaparecer debaixo de outra pedra.
Aqui há uns tempos fui mordida por um insecto qualquer. Nem o vi, só dei conta do inchaço e da comichão que aquilo fazia. Andei por aí às voltas com umas pomadas e bastante aborrecida quando uma minha amiga médica me disse: "O melhor era teres posto uma pedrinha de gelo!" Imagine-se! Uma pedra de gelo, nunca me teria lembrado e coisa mais fácil e barata não há.
Acontece que na nossa vida real, ou por vezes aqui na net, de vez em quando somos mordidas por «uns bichos» que lá saem por debaixo de umas pedras e, sabe-se lá porquê, decidem morder. Não é morte de ninguém, fazem só uma certa comichão e é um tanto desagradável, mas não passa daí. Gosto bastante da técnica-da-pedra-de-gelo, ‘traduzindo’ – deixar passar algum tempo até ficar de cabeça fria. Claro que me incomoda mais quando, nessa ânsia de me irritar picar, vai apanhar por ricochete outra pessoa que não tem nada a ver comigo. Mas eu vou tentar passar o cubo de gelo aos outros e explicar-lhes que estes bichinhos que vivem debaixo das pedras são mesmo assim, taditos, não primam pela inteligência.


Emiéle

2 comentários:

  1. Maravilhoso o Pópulo, né? E também essa tal pessoa a passear entre pedras - as de gelo e outras - e a nos lembrar de que sempre podemos decidir não entrar em sintonia torta, em gritaria troncha, em desejos de viangança e dor - que isso é coisa de quem rasteja sem ser réptil. Eu, heim, Rosa? Estamos noutra.

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  2. É isso mesmo Luciana.
    A Emiéle é das nossas!
    Eu fico tão feliz com esses encontros! ;-D

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