Hoje, estou alimentando reflexões que me permitam um distanciamento de minhas preocupações presentes. Aliás, sou mestre nisso! rsrsrs Assim sendo, vou remeter, os que vêm até aqui, a essa obra que está exposta no Louvre.
Faz 15 anos que eu conheci esse quadro, através de uma reprodução, um poster emoldurado, e que havia na parede de um apartamento em que morei. Sempre achei essa cena enigmática. Afinal, ele está mesmo trancando e impedindo que a mulher saia do recinto, da alcova? Ela quer ou não quer sair? Isso é o registro de uma violência ou tão somente de um frívolo jogo de amantes?
Não é fascinante uma arte que impõe tais questões, deixando, no entanto, as respostas possíveis em aberto?
Esse pintor francês, Jean-Honoré Fragonard, pintava essas e muitas outras cenas da corte de Luís XV, bem como da burguesia emergente e do período imediatamente anterior à Revolução Francesa. Devido a essa Revolução, ele, aliás, irá morrer na miséria e esquecido. Nem por isso seus quadros deixaram de ser muito conhecidos e apreciados na História da Arte como exemplos do melhor do Rococó. Esse, Le Verrou, A Tranca, ouvi dizer, é um quadro reverenciado no Louvre, até hoje.
A verdade é que para mim, embora sempre o achei belíssimo, ele não me agradava de todo, quando convivi com aquela reprodução, que o tal apartamento ostentava em uma de suas paredes. Isso por uma impressão incômoda: a de que ele remetia a uma triste modalidade de "amor", a saber, quando no par amoroso um procura tolher a liberdade do outro. Quantos relacionamentos não são exatamente assim, não é mesmo? Fico a me interrogar: Por que fora da cama, depois de abandoná-la, os amantes padecem tanto? O incrível é que isso pode acontecer em qualquer alcova. Nessa belíssima, do século XVIII, na França, ou mesmo na de um humilde barraco, em qualquer favela brasileira, no XXI. A verdade é que a vida a dois pode ser um tormento, embora, com ou sem ele, seja sempre um aprendizado.
Para o momento, estou preferindo a companhia de um bom livro, como, aliás, é o caso do que experimenta essa outra personagem, do mesmo Fragonard. ;-D
segunda-feira, 31 de maio de 2010
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Fonthor de Luca
Você sabia que, no século XIX, na Bahia, algumas mulheres negras usavam cartolas?
Pois bem, eu li essa informação em uma reportagem no Diário do Comércio e que fala dessa exposição de Fonthor de Luca. Leiam! A jornalista Rita Alves escreve de um modo que sempre nos faz desejar também ver o que ela viu. Além disso, ela ouviu o criativo artista. Essa matéria interferiu diretamente na minha escolha de programação cultural para esse sábado. Eu quero ver os originais dessas Mulheres de Cartola. Ainda mais que são quadros imensos! Penso que ele deu a essas mulheres um tamanho digno, e tudo isso a partir dessa feliz inspiração: esse atrativo episódio histórico. Que celebração! Sim, são mesmo respeitáveis as 13 mulheres de cartola que estão ocupando a Mônica Filgueiras Galeria de Arte.
Rua Bela Cintra, 1.533
Segunda a Sexta, das 10h30min. às 19h30min.
Sábados 10h30min. às 15h
Entrada franca. Oba! \o/
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Anu Tuominen
Anu Tuominen nasceu em 1961 e é uma das mais originais e inovadoras artistas da Finlândia. Embora seu trabalho, frequentemente, se origine de idéias do universo da linguagem verbal, isso ocorre de modo que a elas a artista possa dar um equivalente visual. É por isso que esse trabalho sempre encanta a todos. Soube que ela é a mais internacional das artistas finlandesas. Seus trabalhos estão expostos em muitos lugares do mundo e ela está ligada a galerias muito distantes de seu recanto natal, como as do Japão. Ela tem recebido importantes prêmios, dentro e fora do seu país. Ou seja, Anu Tuominen é praticamente a Björk das artes plásticas. ;-D
Nunca ouvi falar de uma exposição dela aqui no Brasil.Que pena! ;-(
Gostaria tanto de ver esse trabalho de perto! Eu senti o mesmo que muita gente deve sentir ao apreciá-lo: vontade de ser como ela. Artista com A maiúsculo. Ou seja, a gente sente, também aqui, aquela inveja "verde alface" de que nos fala Cecília Meireles...
Aliás, é exatamente disso que Otso Kantokorpi também fala em um texto lindo e que eu encontrei lá no seu site e que me inspirou a fazer a "maluquice" de tentar traduzir um trechinho rsrsrs
Vejam aqui e lá (please!)
Depois de muitos anos e muitas frustrações, eu finalmente encontrei uma artista que trabalha o que eu poderia genuinamente - e de certo modo antiquadamente - chamar de amor. Redescobri minha inveja infantil perdida: Porque eu não fiz isso? Isso é como eu deveria ser! Droga, por que eu não pensei nisso? [eu não disse? todo mundo pensa isso...]
Anu Tuominem é definitivamente a mais genuína bricoleur Lévi-Straussiana com a qual eu tenho me deparado na arte contemporânea.
Na infinidade de seu mercado de pulgas encontramos acumuladas, combinadas, transformadas, arranjadas, concatenadas e classificadas todas as áreas do nosso mundo visual cotidiano.
Além da imagem, ela sempre remete à linguagem, adicionando a ela um idioma visual e metafórico. Onde está o gato no amentilho? [Intraduzível: Where is the cat in the catkin? Importante: Amentilho é uma planta que tem uma floração que lembra um rabo de gato...]
O trabalho de Tuominen apresenta uma série interminável de paralelos, analogias, contínuos e hierarquias. Ela transpõe a imagem em palavras e a palavra em imagens, o público nas coisas privadas e o privado no público.
Quando Anu Tuominen começa a trabalhar em uma peça, ela é genuinamente ingênua, olhando o mundo com o espanto infantil. Ela, inocentemente, se pergunta acerca de todas as questões imagináveis, e seu corolário, corajosamente, vai posando sempre noutras coisas, estúpidas, cotidianas. Mas, observando os trabalhos finalizados, o observador não vê tão somente essa ingenuidade mas uma inovadora e madura gramatologista.
Anu Tuominen é também uma humorista, embora não fale em jogos.Um jogo contado é esvaziado, como frequentemente acontece para uma arte inicialmente incompreensível, ainda que inteligível. Os trabalhos de Tuominen não são esvaziados.
Inexoravelmente, no tempo e, mais uma vez, ela demonstra como coisas pequenas são belas e grandes - mas acima de tudo alegres e deleitosas. Seus trabalhos são apresentados dentro de um determinado mundo: nosso próprio mundo, e ainda o mundo anterior, de nossos avós, e o mundo futuro, o das nossas crianças. Tudo isso visto, fragilmente, através da superfície.
Tuominen é uma arqueóloga do conhecimento e uma jardineira da imagem, recortando, dentro de um propósito, as pequenas rotas que frequentemente fazem dois semearem um. E embora o pós-modernismo tenha nos ensinado que tudo já tenha sido feito, algo completamente novo é, às vezes, ainda criado. Anu Tuominen fez isso. Ela desenvolveu a poética da gramatologia do cotidiano.
terça-feira, 25 de maio de 2010
Andy Stanton & David Tazzyman
Ontem ganhei de uma amiga querida um livro infantil e comecei a ler no trajeto para casa. Não consegui parar de ler! É muito bom. Você tem filhos? Sobrinhos? Amiguinhos de 8, 9, 10 anos? Então, presentei-os com o Sr. Gum e os Goblins de Andy Stanton e ilustrado por David Tazzyman. Esses dois jovens pais ingleses são sensacionais. Eles estão em uma sintonia absolutamente positiva para escrever para crianças.
Andy vive no norte de Londres. Ele estudou inglês em Oxford, mas eles o expulsaram. rsrsrs David vive no sul de Londres. Gosta de futebol, críquete, biscoitos, música e desenhar. Não gosta de aipo. rsrsrs
Eles não são nada caretas e são pessoas boas, boníssimas. Só gente assim escreve para crianças com tamanha liberdade, alegria e verdadeiras boas intenções! O livro é escrito para crianças dessa geração que chegou ao mundo ainda ontem. É essa geração que já conhece o Harry Potter, não é mesmo? Eles brincam com tudo, inclusive com essa famosa personagem, quando, por exemplo, os heróis caem no poço eles dizem que só alguém como Harry Potter poderia sair dalí, não é o caso dos nossos heróis. É lógico! O livro é melhor que o do Harry Potter justamente porque deixa a magia no plano da imaginação, e, no final, a criança irá se dar conta de que o que vale na vida é tão somente saber que, como diz a personagem Sexta-Feira O’Leary: A VERDADE É UM MERENGUE DE LIMÃO!
Há algumas passagens que são hilárias:
não havia nada pior do que o Sr. Gum, nem mesmo cair acidentalmente em um vulcão cheio de professores de Matemática.
Um lugar onde a neve cai como a capa de Frankestein e o vento uiva como Drácula quando dá uma topada com o dedão do pé na mesa de centro.
Na descrição dos Goblins: Uns fedorentos, outros limpos, não, mentira, todos são fedorentos.
Um dos Goblins que tinha duas cabeças, estava lá sentado, discutindo sem parar consigo mesmo, não foi ele, foi ele sim, não foi ele.
Os nomes dos Goblins são todos absurdos do tipo Grifo, Sr. Galgo, Gargarejo, Gosmento e, de repente aparece um que se chama André Guilherme. Eu achei engraçadíssimo isso...
Só mais uma passagem: E eu devo ir armado somente com pensamentos puros, uma língua sincera e um coração cheio de coragem. Além de uma espada, no caso de todas estas coisas não funcionarem.
É leitura para a criançada chorar de rir. Claro, se as crianças forem tão legais como a Polly, a garota heroina do livro! Ela lembrou-me uma amiga que se chama... Poly!
Recomendo muito muito esse livro. É pura educação. Aliás, a educação é mesmo o pano de fundo do livro, como de todo bom livro. Os autores sugerem que as crianças (para não virarem monstrinhos...) abandonem a Escola de Tédio Doutor Chatice e frequentem a Escola Santo Pterodátilos para Pobres. Essa última é muito melhor do que a primeira, of course. Eu ainda não disse, mas esses personagens todos vão virar desenho animado do canal Nichelodeon. Achei muito bom: os desenhos do David parecem as garatujas infantis e tão cheios de vida! O livro faz parte da Coleção Galera, da Record e foi traduzido por Luiz Antonio Aguiar, acho que já é possível encontrar nas livrarias.
Andy vive no norte de Londres. Ele estudou inglês em Oxford, mas eles o expulsaram. rsrsrs David vive no sul de Londres. Gosta de futebol, críquete, biscoitos, música e desenhar. Não gosta de aipo. rsrsrs
Eles não são nada caretas e são pessoas boas, boníssimas. Só gente assim escreve para crianças com tamanha liberdade, alegria e verdadeiras boas intenções! O livro é escrito para crianças dessa geração que chegou ao mundo ainda ontem. É essa geração que já conhece o Harry Potter, não é mesmo? Eles brincam com tudo, inclusive com essa famosa personagem, quando, por exemplo, os heróis caem no poço eles dizem que só alguém como Harry Potter poderia sair dalí, não é o caso dos nossos heróis. É lógico! O livro é melhor que o do Harry Potter justamente porque deixa a magia no plano da imaginação, e, no final, a criança irá se dar conta de que o que vale na vida é tão somente saber que, como diz a personagem Sexta-Feira O’Leary: A VERDADE É UM MERENGUE DE LIMÃO!
Há algumas passagens que são hilárias:
não havia nada pior do que o Sr. Gum, nem mesmo cair acidentalmente em um vulcão cheio de professores de Matemática.
Um lugar onde a neve cai como a capa de Frankestein e o vento uiva como Drácula quando dá uma topada com o dedão do pé na mesa de centro.
Na descrição dos Goblins: Uns fedorentos, outros limpos, não, mentira, todos são fedorentos.
Um dos Goblins que tinha duas cabeças, estava lá sentado, discutindo sem parar consigo mesmo, não foi ele, foi ele sim, não foi ele.
Os nomes dos Goblins são todos absurdos do tipo Grifo, Sr. Galgo, Gargarejo, Gosmento e, de repente aparece um que se chama André Guilherme. Eu achei engraçadíssimo isso...
Só mais uma passagem: E eu devo ir armado somente com pensamentos puros, uma língua sincera e um coração cheio de coragem. Além de uma espada, no caso de todas estas coisas não funcionarem.
É leitura para a criançada chorar de rir. Claro, se as crianças forem tão legais como a Polly, a garota heroina do livro! Ela lembrou-me uma amiga que se chama... Poly!
Recomendo muito muito esse livro. É pura educação. Aliás, a educação é mesmo o pano de fundo do livro, como de todo bom livro. Os autores sugerem que as crianças (para não virarem monstrinhos...) abandonem a Escola de Tédio Doutor Chatice e frequentem a Escola Santo Pterodátilos para Pobres. Essa última é muito melhor do que a primeira, of course. Eu ainda não disse, mas esses personagens todos vão virar desenho animado do canal Nichelodeon. Achei muito bom: os desenhos do David parecem as garatujas infantis e tão cheios de vida! O livro faz parte da Coleção Galera, da Record e foi traduzido por Luiz Antonio Aguiar, acho que já é possível encontrar nas livrarias.
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Um game chamado Flor? Eu quero.
Sou mesmo muito muito desinformado. O que me tranquiliza é tão somente o fato de que não dá para saber tudo. O engraçado é que, nos nossos tempos, ficamos sempre com aquela tola impressão de que se não ouvimos falar a respeito de determinado assunto quanto isso aconteceu ali atrás, retomá-lo, com ar de novidade, pode soar antiquado, old fashion etc. Tudo isso é uma grande tolice, of course.
Por exemplo, somente hoje, navegando a esmo pela net, descobri um artigo da I.D. (adoro essa revista!) e lá eles falavam, em janeiro do ano passado, do lançamento de um game (que ocorreu nos EUA e Europa, em fevereiro de 2009), pela Sony, que ia na contramão do que costumam ser os games Playstation. Eu não sou de utilizar esses jogos, simplesmente porque nunca me interessei. Mas tenho uma opinião bastante desfavorável em relação a eles, se forem violentos. Só em acompanhar no noticiário (quando esse assunto é pauta de matérias voltadas para a Educação, por exemplo), fico estarrecido em saber que crianças e adolescentes ficam ensaiando, por meio desses jogos, como matar pessoas etc. Uma tristeza, um tempo muitíssimo mal empregado, uma deformação do que seria o ideal, em se tratando da educação lúdica de um ser humano.
Eu conheço um cara, por exemplo, que baixa pela internet um joguinho pífio cuja intenção é fazer um garoto voltar para casa (foi isso que eu entendi) mas no caminho a pobre da criança é lançada como se fosse uma bola (o garoto é gordinho) e ele vai caindo e se machucando e o sangue espirando. Um horror!
Pois bem, o jogo Flower (achei tão flower power esse título \o/) não é nada disso, ele é um Zen Game e o objetivo é relaxar, meditar. Tudo de que precisamos para sermos pessoas melhores. Além disso, é também muito bonito, uma joia do design de jogos. Lembrou-me umas experiências que eu de fato já vivi, dormindo, em sonho... ou será que eu estava acordado?
Por exemplo, somente hoje, navegando a esmo pela net, descobri um artigo da I.D. (adoro essa revista!) e lá eles falavam, em janeiro do ano passado, do lançamento de um game (que ocorreu nos EUA e Europa, em fevereiro de 2009), pela Sony, que ia na contramão do que costumam ser os games Playstation. Eu não sou de utilizar esses jogos, simplesmente porque nunca me interessei. Mas tenho uma opinião bastante desfavorável em relação a eles, se forem violentos. Só em acompanhar no noticiário (quando esse assunto é pauta de matérias voltadas para a Educação, por exemplo), fico estarrecido em saber que crianças e adolescentes ficam ensaiando, por meio desses jogos, como matar pessoas etc. Uma tristeza, um tempo muitíssimo mal empregado, uma deformação do que seria o ideal, em se tratando da educação lúdica de um ser humano.
Eu conheço um cara, por exemplo, que baixa pela internet um joguinho pífio cuja intenção é fazer um garoto voltar para casa (foi isso que eu entendi) mas no caminho a pobre da criança é lançada como se fosse uma bola (o garoto é gordinho) e ele vai caindo e se machucando e o sangue espirando. Um horror!
Pois bem, o jogo Flower (achei tão flower power esse título \o/) não é nada disso, ele é um Zen Game e o objetivo é relaxar, meditar. Tudo de que precisamos para sermos pessoas melhores. Além disso, é também muito bonito, uma joia do design de jogos. Lembrou-me umas experiências que eu de fato já vivi, dormindo, em sonho... ou será que eu estava acordado?
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Bom-dia. Bom Trabalho. Boa-noite. Bom descanso.
Ainda essa semana escrevi na lateral desse blog a seguinte frase: Quero muito atenuar a impressão moral dos reveses e das decepções que experimento! Uma amiga, a quem me reportei a esse respeito, mandou-me um e-mail lacônico: É facil falar. Entendi, ela queria dizer que o agir segundo esse ideal não é nada fácil. Ainda ontem, pude refletir melhor a respeito, uma vez que, no final do meu expediente, tive um pequeno aborrecimento. Como tudo que é pequeno, ele tendeu a crescer, uma vez que foi alimentado. Assim, chegando ao metrô, somente com o alimento do pensar e repensar o aborrecimento ele era já um aborrecimento adolescente.
Ao tomar o trem em direção ao subúrbio, onde moro, na estação seguinte, ele parou e não prosseguiu a viagem devido a "problemas operacionais", como são treinados a dizer, nesses casos, os operadores de trens. Então, o seguinte seguiu lotado e o aborrecido continuou a viagem sem poder se sentar. A viagem foi morosa, deu tempo de rezar todo um rosário, ler inteiramente o Caderno 2 do Estadão, incluindo os quadrinhos e o horóscopo do Quiroga.
Algo importante de ser assinalado também ocorreu: foi possível esquecer o primeiro aborrecimento e se concentrar nesse outro, ou seja, estar na rua tão tarde da noite fria, com fome etc.
Então, aconteceu, de fato, o que precisava acontecer. Ao tomar uma lotação - o último coletivo no trajeto de volta para casa - sentei-me em um banco, no fundo do micro-ônibus. Na medida em que os passageiros começaram a descer - lá pela metade do curto trajeto que eu faria - comecei a ouvir uma voz que dizia a cada passageiro, não importava quantos fossem os que descessem:
- Boa-noite. Bom descanso.
E, a cada nova parada, a mesma frase ia se repetindo, dirigida a todo aquele que descia:
- Boa-noite. Bom descanso.
Quando, por fim, chegou a minha vez, reconheci aquele jovem negro, sorridente, o cobrador da lotação. Era o mesmo que eu já ouvira dizer às pessoas, quando chegavam ao ponto final da estação de trem:
- Bom-dia. Bom trabalho.
Essa é a frase com a qual ele termina todas as viagens transportando os passageiros pela manhã, e aquela, que agora eu ouvia, era a que dizia, portanto, toda noite, ao fim da viagem de cada passageiro, no retorno de todos para os seus lares.
Esse jovem negro, cobrador de lotação, na periferia de São Paulo, sabe muito mais do que eu e minha amiga que é preciso muito atenuar a impressão moral dos reveses e das decepções que experimentamos!
Sim, falar isso é fácil. Já o que ele faz é ter a atitude que demonstra o alcance natural do ideal de uma vida melhor, quando se pode dizer a todos, sem distinção e sorrindo: Bom-dia. Bom trabalho. Boa-noite. Bom descanso.
Essa fórmula singela, que resume toda uma vida bendita. Bendito sejas, rapaz!
Ao tomar o trem em direção ao subúrbio, onde moro, na estação seguinte, ele parou e não prosseguiu a viagem devido a "problemas operacionais", como são treinados a dizer, nesses casos, os operadores de trens. Então, o seguinte seguiu lotado e o aborrecido continuou a viagem sem poder se sentar. A viagem foi morosa, deu tempo de rezar todo um rosário, ler inteiramente o Caderno 2 do Estadão, incluindo os quadrinhos e o horóscopo do Quiroga.
Algo importante de ser assinalado também ocorreu: foi possível esquecer o primeiro aborrecimento e se concentrar nesse outro, ou seja, estar na rua tão tarde da noite fria, com fome etc.
Então, aconteceu, de fato, o que precisava acontecer. Ao tomar uma lotação - o último coletivo no trajeto de volta para casa - sentei-me em um banco, no fundo do micro-ônibus. Na medida em que os passageiros começaram a descer - lá pela metade do curto trajeto que eu faria - comecei a ouvir uma voz que dizia a cada passageiro, não importava quantos fossem os que descessem:
- Boa-noite. Bom descanso.
E, a cada nova parada, a mesma frase ia se repetindo, dirigida a todo aquele que descia:
- Boa-noite. Bom descanso.
Quando, por fim, chegou a minha vez, reconheci aquele jovem negro, sorridente, o cobrador da lotação. Era o mesmo que eu já ouvira dizer às pessoas, quando chegavam ao ponto final da estação de trem:
- Bom-dia. Bom trabalho.
Essa é a frase com a qual ele termina todas as viagens transportando os passageiros pela manhã, e aquela, que agora eu ouvia, era a que dizia, portanto, toda noite, ao fim da viagem de cada passageiro, no retorno de todos para os seus lares.
Esse jovem negro, cobrador de lotação, na periferia de São Paulo, sabe muito mais do que eu e minha amiga que é preciso muito atenuar a impressão moral dos reveses e das decepções que experimentamos!
Sim, falar isso é fácil. Já o que ele faz é ter a atitude que demonstra o alcance natural do ideal de uma vida melhor, quando se pode dizer a todos, sem distinção e sorrindo: Bom-dia. Bom trabalho. Boa-noite. Bom descanso.
Essa fórmula singela, que resume toda uma vida bendita. Bendito sejas, rapaz!
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Cineclube Belas Artes
Eu continuo dando meu apoio incondicional ao Cine Belas Artes. Afinal, continuamos todos torcendo os dedinhos para que as negociações com o novo patrocinador sejam favoráveis e para que, em breve, possamos dizer que a sombra do seu possível fechamento esvaiu-se...
Assim sendo, aproveito para divulgar a programação do seu Cineclube, uma oportunidade que o tradicional cinema proporciona a todos os seus frequentadores, que, assim, podem rever na telona grandes filmes, dos melhores diretores.
Vejam só o informativo que recebi by e-mail e que reproduzo, na íntegra, abaixo:
Depois do sucesso de Bastardos Inglórios, o Cineclube apresenta, de 21 de maio a 17 de junho, um ciclo para matar a saudade de pelo menos quatro dos trabalhos anteriores de Quentin Tarantino. Serão exibidos os seguintes títulos: Cães de Aluguel (1992), Jackie Brown (1997), Kill Bill: Vol. 1 (2003) e Kill Bill: Vol. 2 (2004).
O cineasta norte-americano Quentin Tarantino nasceu no estado do Tenessee em 27 de março de 1963. O seu prenome deriva do nome de um personagem que Burt Reynolds interpretava na série televisiva Gunsmoke (1962-1965). Apaixonado por filmes desde a infância, ou seja, desde que se mudou com a família para Los Angeles, onde teve acesso a muitas salas de cinema, ele passou a ter maior intimidade com o assunto quando, aos 22 anos, foi trabalhar numa videolocadora. Esse emprego lhe serviu como uma grande escola, já que passava a maior parte do tempo assistindo aos filmes ali disponíveis e discutindo-os com o seu colega de balcão. Em 1986 realizou seu primeiro filme, um curta-metragem chamado O Aniversário do Meu Melhor Amigo, no qual acumulou as funções de diretor, ator, produtor, montador e co-roteirista. Nessa época ele fazia curso de interpretação e, para aumentar suas chances nas seleções de elenco de Hollywood, chegou a elaborar um falso currículo, no qual incluiu até uma participação em Rei Lear, dirigido pelo francês Jean-Luc Godard. Uma farsa que ele sustentou acreditando que ninguém que viesse a entrevistá-lo conheceria o filme ou mesmo seu realizador. A verdade é que depois de Cães de Aluguel, a obra que o consagrou mundialmente, Tarantino jamais precisou de qualquer tipo de currículo para conseguir o que quisesse. Impulsionado por esse inesperado reconhecimento, ele logo começou a trabalhar no roteiro do seu filme seguinte, Pulp Fiction, o que lhe deu a Palma de Ouro no Festival de Cannes, em 1994, além do Oscar de roteiro original, em meio a outras seis indicações. Pouco antes, ainda no rastro da boa repercussão do primeiro longa, ele viu serem levadas às telas duas histórias suas, até então engavetadas: Amor à Queima Roupa e Assassinos por Natureza, com direção de Tony Scott e Oliver Stone, respectivamente.
Após dirigir um dos quatro episódios do fraco Grande Hotel, Tarantino apresentava Jackie Brown, outro êxito, responsável por colocar novamente em evidência a musa negra Pam Grier, ícone dos filmes de ação da década de 70.
Seis anos mais tarde ele emplacou Kill Bill: Vol. 1 seguido de Kill Bill: Vol. 2, e mais recentemente deixou o mundo extasiado com Bastardos Inglórios. Enquanto aguardamos o já anunciado Kill Bill: Vol. 3, poderemos conferir o mais discreto À Prova de Morte, concluído dois anos antes de Bastardos Inglórios, com estréia marcada para junho.
Cada filme será apresentado por uma semana, diariamente, em sessão única.
(Os horários podem variar de filme para filme, entre 19h e 19h30)
21 a 27 de maio
CÃES DE ALUGUEL
(Reservoir Dogs)
EUA, 1992, cor, 99 min., 14 anos.
Direção: Quentin Tarantino
Elenco: Harvey Keitel, Tim Roth e Quentin Tarantino.
Um experiente criminoso reúne seis bandidos desconhecidos entre si, para um grande roubo de diamantes. Porém, durante o assalto algo deu errado, pois a policia os aguardava no local, o que da a entender que algum membro da quadrilha seja um tira disfarçado.
Primeiro longa-metragem dirigido por Tarantino.
28 de maio a 03 de junho
JACKIE BROWN
(Jackie Brown)
EUA, 1997, cor, 154 min., 14 anos.
Direção: Quentin Tarantino
Elenco: Pam Grier, Samuel L. Jackson e Robert De Niro.
Comissária de bordo trafica dinheiro para os Estados Unidos, a mando de um comerciante de armas. Quando dois policiais oferecem um acordo para que ela entregue o bandido, a mulher decide dar a volta em todos os envolvidos, com um olho na liberdade e outro numa mala cheia de dinheiro.
04 a 10 de junho
KILL BILL: VOL. 1
(Kill Bill: Vol. 1)
EUA, 2003, cor, 111 min., 14 anos.
Direção: Quentin Tarantino
Elenco: Uma Thurman, Lucy Liu e David Carradine.
Uma bela e perigosa assassina trabalha em um grupo composto principalmente por mulheres, sob a liderança de Bill, de quem ela está grávida. Prestes a se casar com outro, ela acaba como vítima de uma tocaia encomendada pelo próprio Bill. Cinco anos depois, ao despertar do coma, ela só tem um desejo: vingança.
11 a 17 de junho
KILL BILL: VOL. 2
(Kill Bill: Vol. 2)
EUA, 2004, cor, 136 min., 14 anos.
Direção: Quentin Tarantino
Elenco: Uma Thurman, Lucy Liu e David Carradine.
Após exterminar a maior parte daqueles que quase a mataram no dia de seu casamento, a "Noiva" segue firme em sua sede de justiça. Na lista dos que ainda restam para eliminar, está Bill, o seu antigo mestre e agora inimigo maior.
Cine Belas Artes
Rua da Consolação, 2423
Cerqueira César
São Paulo - SP
Tel.: 3258-4092
Assim sendo, aproveito para divulgar a programação do seu Cineclube, uma oportunidade que o tradicional cinema proporciona a todos os seus frequentadores, que, assim, podem rever na telona grandes filmes, dos melhores diretores.
Vejam só o informativo que recebi by e-mail e que reproduzo, na íntegra, abaixo:
Conjunto da Obra - Quentin Tarantino
Depois do sucesso de Bastardos Inglórios, o Cineclube apresenta, de 21 de maio a 17 de junho, um ciclo para matar a saudade de pelo menos quatro dos trabalhos anteriores de Quentin Tarantino. Serão exibidos os seguintes títulos: Cães de Aluguel (1992), Jackie Brown (1997), Kill Bill: Vol. 1 (2003) e Kill Bill: Vol. 2 (2004).
O cineasta norte-americano Quentin Tarantino nasceu no estado do Tenessee em 27 de março de 1963. O seu prenome deriva do nome de um personagem que Burt Reynolds interpretava na série televisiva Gunsmoke (1962-1965). Apaixonado por filmes desde a infância, ou seja, desde que se mudou com a família para Los Angeles, onde teve acesso a muitas salas de cinema, ele passou a ter maior intimidade com o assunto quando, aos 22 anos, foi trabalhar numa videolocadora. Esse emprego lhe serviu como uma grande escola, já que passava a maior parte do tempo assistindo aos filmes ali disponíveis e discutindo-os com o seu colega de balcão. Em 1986 realizou seu primeiro filme, um curta-metragem chamado O Aniversário do Meu Melhor Amigo, no qual acumulou as funções de diretor, ator, produtor, montador e co-roteirista. Nessa época ele fazia curso de interpretação e, para aumentar suas chances nas seleções de elenco de Hollywood, chegou a elaborar um falso currículo, no qual incluiu até uma participação em Rei Lear, dirigido pelo francês Jean-Luc Godard. Uma farsa que ele sustentou acreditando que ninguém que viesse a entrevistá-lo conheceria o filme ou mesmo seu realizador. A verdade é que depois de Cães de Aluguel, a obra que o consagrou mundialmente, Tarantino jamais precisou de qualquer tipo de currículo para conseguir o que quisesse. Impulsionado por esse inesperado reconhecimento, ele logo começou a trabalhar no roteiro do seu filme seguinte, Pulp Fiction, o que lhe deu a Palma de Ouro no Festival de Cannes, em 1994, além do Oscar de roteiro original, em meio a outras seis indicações. Pouco antes, ainda no rastro da boa repercussão do primeiro longa, ele viu serem levadas às telas duas histórias suas, até então engavetadas: Amor à Queima Roupa e Assassinos por Natureza, com direção de Tony Scott e Oliver Stone, respectivamente.
Após dirigir um dos quatro episódios do fraco Grande Hotel, Tarantino apresentava Jackie Brown, outro êxito, responsável por colocar novamente em evidência a musa negra Pam Grier, ícone dos filmes de ação da década de 70.
Seis anos mais tarde ele emplacou Kill Bill: Vol. 1 seguido de Kill Bill: Vol. 2, e mais recentemente deixou o mundo extasiado com Bastardos Inglórios. Enquanto aguardamos o já anunciado Kill Bill: Vol. 3, poderemos conferir o mais discreto À Prova de Morte, concluído dois anos antes de Bastardos Inglórios, com estréia marcada para junho.
Cada filme será apresentado por uma semana, diariamente, em sessão única.
(Os horários podem variar de filme para filme, entre 19h e 19h30)
21 a 27 de maio
CÃES DE ALUGUEL
(Reservoir Dogs)
EUA, 1992, cor, 99 min., 14 anos.
Direção: Quentin Tarantino
Elenco: Harvey Keitel, Tim Roth e Quentin Tarantino.
Um experiente criminoso reúne seis bandidos desconhecidos entre si, para um grande roubo de diamantes. Porém, durante o assalto algo deu errado, pois a policia os aguardava no local, o que da a entender que algum membro da quadrilha seja um tira disfarçado.
Primeiro longa-metragem dirigido por Tarantino.
28 de maio a 03 de junho
JACKIE BROWN
(Jackie Brown)
EUA, 1997, cor, 154 min., 14 anos.
Direção: Quentin Tarantino
Elenco: Pam Grier, Samuel L. Jackson e Robert De Niro.
Comissária de bordo trafica dinheiro para os Estados Unidos, a mando de um comerciante de armas. Quando dois policiais oferecem um acordo para que ela entregue o bandido, a mulher decide dar a volta em todos os envolvidos, com um olho na liberdade e outro numa mala cheia de dinheiro.
04 a 10 de junho
KILL BILL: VOL. 1
(Kill Bill: Vol. 1)
EUA, 2003, cor, 111 min., 14 anos.
Direção: Quentin Tarantino
Elenco: Uma Thurman, Lucy Liu e David Carradine.
Uma bela e perigosa assassina trabalha em um grupo composto principalmente por mulheres, sob a liderança de Bill, de quem ela está grávida. Prestes a se casar com outro, ela acaba como vítima de uma tocaia encomendada pelo próprio Bill. Cinco anos depois, ao despertar do coma, ela só tem um desejo: vingança.
11 a 17 de junho
KILL BILL: VOL. 2
(Kill Bill: Vol. 2)
EUA, 2004, cor, 136 min., 14 anos.
Direção: Quentin Tarantino
Elenco: Uma Thurman, Lucy Liu e David Carradine.
Após exterminar a maior parte daqueles que quase a mataram no dia de seu casamento, a "Noiva" segue firme em sua sede de justiça. Na lista dos que ainda restam para eliminar, está Bill, o seu antigo mestre e agora inimigo maior.
Cine Belas Artes
Rua da Consolação, 2423
Cerqueira César
São Paulo - SP
Tel.: 3258-4092
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Anna Garforth
Essa artista eu conheci através de um blog muito muito bacana e que você deve conhecer. Trata-se do Follow the colours.
A Carol e a Taís, do Follow the colours, acham que a inglesa Anna Garforth é uma artista sustentável e talentosa. Eu concordo plenamente.
Achei extraordinário o fato de que ela atua em muitas frentes. Fica visível, lá no seu site, que ela não perde tempo: onde ela puder fazer uma intervenção ela simplesmente irá fazer. Além disso, trabalha também como ilustradora. Nem sei do que mais gostei: acho que foi desse projeto a que ela chamou Head Gardner.
Embora, tudo faça muito sentido, sobretudo ao primar pela singeleza e atitude sustentável, como no projeto Rethink ou ainda nesse outro: o Leafcut.
Afinal, convenhamos, o que mais poderíamos esperar de alguém que se define como uma Guerilla gardner, Urban land artist ou Green grafitti extrodinaire?
Vida longa à artista! \o/
A Carol e a Taís, do Follow the colours, acham que a inglesa Anna Garforth é uma artista sustentável e talentosa. Eu concordo plenamente.
Achei extraordinário o fato de que ela atua em muitas frentes. Fica visível, lá no seu site, que ela não perde tempo: onde ela puder fazer uma intervenção ela simplesmente irá fazer. Além disso, trabalha também como ilustradora. Nem sei do que mais gostei: acho que foi desse projeto a que ela chamou Head Gardner.
Embora, tudo faça muito sentido, sobretudo ao primar pela singeleza e atitude sustentável, como no projeto Rethink ou ainda nesse outro: o Leafcut.
Afinal, convenhamos, o que mais poderíamos esperar de alguém que se define como uma Guerilla gardner, Urban land artist ou Green grafitti extrodinaire?
Vida longa à artista! \o/
terça-feira, 18 de maio de 2010
Dia Internacional do Museu
Hoje é o Dia Internacional do Museu. A data foi criada pelo Conselho Internacional de Museus, ligado à UNESCO. Isso me faz pensar que o primeiro museu que conheci foi o Museu Paulista, sim sou mais um que só foi ao Museu do Ipiranga quando criança. rsrsrs
Depois, no início da década de 90, eu fui vizinho de um museu, o MAC (Museu de Arte Contemporânea) da USP, quando morei no CRUSP. Essa data também me faz lembrar de todas as vezes que visitei, assiduamente durante a década de 80, o Museu Lasar Segall, na Vila Mariana. Esse Museu foi decisivo na lenta conquista da minha bagagem intelectual, cultural. Ainda adolescente, quanta coisa aprendi ali!
Também me lembro da primeira vez que fui ao MASP (Museu de Arte de São Paulo). Quanta emoção esse museu nos reserva. Lembro-me ainda do quanto vibrei com a reinauguração da Pinacoteca, após a incrível reforma. Gosto tanto do MAM (Museu de Arte Moderna), no Ibirapuera, quanto gosto do MIS (Museu da Imagem e do Som), na Av. Europa. Quantos filmes incríveis pude assistir nesse último!
Estou em dívida com o Museu da Língua Portuguesa. Nunca fui conhecê-lo, ao contrário dos mais de 30 mil visitantes que esse Museu recebe todo mês.
Já ouvi quem falasse mal de museu em geral. Quem ache, por exemplo, que em qualquer museu as coisas ficam meio que mortas ao estarem lá expostas e intocáveis. Nesse caso, é preciso considerar que o conceito de museu, assim tão estático já mudou e muito, nos últimos anos. E mesmo que assim ainda fosse, ou seja, que o museu estivesse preso ao ideário de que participou quando de sua invenção: o de preservar. Não é isso o que se propaga agora mesmo e já faz alguns anos, em relação à própria natureza? Sim! A mera noção de que é preciso preservar... No entanto, penso que a preservação pode também participar de uma certa dinâmica. Afinal, preservamos aquilo que é significativo e, assim sendo, para que possamos melhor contemplar a vida futura. Trata-se, em verdade, do desejo do perene que habita toda alma.
Hoje, se eu não estivesse aqui trabalhando, eu iria visitar o MASP que, aliás, às terças-feiras, não cobra pela entrada. Alegria! \o/\o/\o/
Então, eu faria como a garotinha do livro de Maísa Zakzuk, Meu Museu. O livro narra, de maneira inteligente e divertida, a primeira visita dessa garotinha ao MASP. A personagem é levada pelos pais e faz aquela descoberta de que eu falava aqui, justamente quando ela perguntava se um museu não é aquele lugar que só tem coisas velhas... Pois bem, visitando o MASP, ela descobre que a resposta é sim e não. Esse é o tipo de descoberta que a gente só pode se permitir conhecendo a esses lugares mágicos que são os museus. Hoje, no Dia Internacional do Museu, ou em qualquer outro dia. Enjoy it too!
Depois, no início da década de 90, eu fui vizinho de um museu, o MAC (Museu de Arte Contemporânea) da USP, quando morei no CRUSP. Essa data também me faz lembrar de todas as vezes que visitei, assiduamente durante a década de 80, o Museu Lasar Segall, na Vila Mariana. Esse Museu foi decisivo na lenta conquista da minha bagagem intelectual, cultural. Ainda adolescente, quanta coisa aprendi ali!
Também me lembro da primeira vez que fui ao MASP (Museu de Arte de São Paulo). Quanta emoção esse museu nos reserva. Lembro-me ainda do quanto vibrei com a reinauguração da Pinacoteca, após a incrível reforma. Gosto tanto do MAM (Museu de Arte Moderna), no Ibirapuera, quanto gosto do MIS (Museu da Imagem e do Som), na Av. Europa. Quantos filmes incríveis pude assistir nesse último!
Estou em dívida com o Museu da Língua Portuguesa. Nunca fui conhecê-lo, ao contrário dos mais de 30 mil visitantes que esse Museu recebe todo mês.
Já ouvi quem falasse mal de museu em geral. Quem ache, por exemplo, que em qualquer museu as coisas ficam meio que mortas ao estarem lá expostas e intocáveis. Nesse caso, é preciso considerar que o conceito de museu, assim tão estático já mudou e muito, nos últimos anos. E mesmo que assim ainda fosse, ou seja, que o museu estivesse preso ao ideário de que participou quando de sua invenção: o de preservar. Não é isso o que se propaga agora mesmo e já faz alguns anos, em relação à própria natureza? Sim! A mera noção de que é preciso preservar... No entanto, penso que a preservação pode também participar de uma certa dinâmica. Afinal, preservamos aquilo que é significativo e, assim sendo, para que possamos melhor contemplar a vida futura. Trata-se, em verdade, do desejo do perene que habita toda alma.
Hoje, se eu não estivesse aqui trabalhando, eu iria visitar o MASP que, aliás, às terças-feiras, não cobra pela entrada. Alegria! \o/\o/\o/
Então, eu faria como a garotinha do livro de Maísa Zakzuk, Meu Museu. O livro narra, de maneira inteligente e divertida, a primeira visita dessa garotinha ao MASP. A personagem é levada pelos pais e faz aquela descoberta de que eu falava aqui, justamente quando ela perguntava se um museu não é aquele lugar que só tem coisas velhas... Pois bem, visitando o MASP, ela descobre que a resposta é sim e não. Esse é o tipo de descoberta que a gente só pode se permitir conhecendo a esses lugares mágicos que são os museus. Hoje, no Dia Internacional do Museu, ou em qualquer outro dia. Enjoy it too!
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Jen Corace
Jen Corace é uma artista e ilustradora freelance que vive e trabalha em Providence, Rhode Island, EUA. Natural de New Jersey, é graduada em Ilustração pela Rhode Island School of Design.
Achei esse seu trabalho encantador. Lembrou-me um pouco o de Elsa Mora de quem já falei aqui. Sobretudo, há qualquer coisa mesmo é de surreal nessas atmosferas em que tais personagens doces e meigas e infantis estão como que mergulhadas no que está fora do mundo imediatamente real. Claro que o mundo é assim mesmo como Jen Corace nos mostra, ou seja, e só na aparência que ele é, vá lá, um tanto concreto.
Lá no site da artista você encontra, além de uma mostra riquíssima da versatilidade do seu trabalho, também um link para dois joguinhos que eu acho a maior curtição: jogar paciência (com as cartas que ela desenhou) e vestir as bonequinhas (como alguns de nós brincamos quando crianças)
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Have a nice weekend
Ontem, alguém me disse que um outro alguém lhe dissera que eu teria dito algo sobre um terceiro alguém. No entanto, o que se verificou entre esses últimos participantes de tal conluio é que, muito provavelmente, aquela fala não teria sido a minha. E mesmo que eu dissera algo semelhante, eu não me lembrava, e, ainda, não poderia ter sido e-xa-ta-men-te aquilo que disseram que eu disse, e, tampouco, eu teria dito para esse alguém, que dissera para esse outro, isso que se afirmava ter sido dito por mim.
Fiquei pensando qual seria a lição do ocorrido e como eu postaria about. Sim, porque essas ocorrências do cotidiano podem nos servir ao menos para um exercício de reflexão e podemos delas tirar uma nota de felicidade. A felicidade do que se aprende quando somos nós mesmos o alvo da maledicência.
É verdade que, ao menos inicialmente, não há como ser diferente: ficamos chocados com o fato que se desnuda à nossa frente, a saber, o da sua ocorrência à nossa revelia. Então, é isso: eu posso ser a personagem de uma ficção criada por outros! Esse primeiro aprendizado é bastante salutar, ou seja, o de que não podemos controlar o fluxo das ficções das quais participamos, de qualquer modo. Assim, podemos extrair dessa constatação a verdade da impotência a que estamos condenados vivendo no mundo. Por exemplo, a de que não controlamos esse tipo de acontecimento. Se por um lado a constatação é da ordem da impotência, por outro, percebo que isso gera uma nova potência, ligada à consciência de que somos inocentes frente a trama armada. E ainda que eu não fosse assim tão inocente (e se, de fato, eu dei o start do telefone sem fio?), tampouco seria culpado. Afinal, é essa a dialética de todo neurótico (já nos dizia Lacan) e a grande descoberta que o divã nos propicia: a de que não somos culpados, mas também não somos inocentes.
Ao menos, em casos semelhantes, não é preciso chamar os advogados. Quero crer que evitamos muitos aborrecimentos, tão somente, seguindo o conselho que já ouvimos outrora: É preciso evitar o mal sempre. Nós devemos ser a Parada Terminal da Fofoca.
Fiquei pensando qual seria a lição do ocorrido e como eu postaria about. Sim, porque essas ocorrências do cotidiano podem nos servir ao menos para um exercício de reflexão e podemos delas tirar uma nota de felicidade. A felicidade do que se aprende quando somos nós mesmos o alvo da maledicência.
É verdade que, ao menos inicialmente, não há como ser diferente: ficamos chocados com o fato que se desnuda à nossa frente, a saber, o da sua ocorrência à nossa revelia. Então, é isso: eu posso ser a personagem de uma ficção criada por outros! Esse primeiro aprendizado é bastante salutar, ou seja, o de que não podemos controlar o fluxo das ficções das quais participamos, de qualquer modo. Assim, podemos extrair dessa constatação a verdade da impotência a que estamos condenados vivendo no mundo. Por exemplo, a de que não controlamos esse tipo de acontecimento. Se por um lado a constatação é da ordem da impotência, por outro, percebo que isso gera uma nova potência, ligada à consciência de que somos inocentes frente a trama armada. E ainda que eu não fosse assim tão inocente (e se, de fato, eu dei o start do telefone sem fio?), tampouco seria culpado. Afinal, é essa a dialética de todo neurótico (já nos dizia Lacan) e a grande descoberta que o divã nos propicia: a de que não somos culpados, mas também não somos inocentes.
Ao menos, em casos semelhantes, não é preciso chamar os advogados. Quero crer que evitamos muitos aborrecimentos, tão somente, seguindo o conselho que já ouvimos outrora: É preciso evitar o mal sempre. Nós devemos ser a Parada Terminal da Fofoca.
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Alain Resnais: há 3 anos em cartaz no Belas Artes
Em agosto do ano passado, eu falei desse filme no post O meu cinema é francês.
Agora, essa obra-prima de Alain Resnais completou 3 anos em cartaz em São Paulo!
O programa Vitrine da TV Cultura foi procurar entender o fenômeno e os meus amigos, do cinema mais bacana de São Paulo, ajudam a compreendê-lo.
Agora, essa obra-prima de Alain Resnais completou 3 anos em cartaz em São Paulo!
O programa Vitrine da TV Cultura foi procurar entender o fenômeno e os meus amigos, do cinema mais bacana de São Paulo, ajudam a compreendê-lo.
Andrew Holder
No seu site ficamos sabendo tão somente sobre esse artista que ele nasceu em ST. Augustine, na Flórida, e que cresceu e viveu a maior parte do tempo em San Diego. É graduado em Ilustração pela Art Center College of Design. Atualmente, vive e trabalha em Pasadena, na Califórnia. Profissionalmente, ele tem importantes clientes, dentre eles a National Geographic e seus trabalhos estão ou estiveram nas galerias Giant Robot, Junc Gallery, Hibbleton, Subtext, The Happening e Abacot Gallery.
Eu achei curioso que eu o tenha descoberto hoje, pois percebi que ele tem qualquer coisa em comum com aquela jovem escocesa que mora em Londres e da qual falei aqui ainda ontem. Ele também gosta dos animais da montanha e os retrata com muita paixão, nesse traçado simples e multicolor. A mim me encanta.
Eu achei curioso que eu o tenha descoberto hoje, pois percebi que ele tem qualquer coisa em comum com aquela jovem escocesa que mora em Londres e da qual falei aqui ainda ontem. Ele também gosta dos animais da montanha e os retrata com muita paixão, nesse traçado simples e multicolor. A mim me encanta.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Susie Q and the Owls
Susie Wright também conhecida como Susie Q and the Owls trabalha com diferentes suportes: pintura em tela, tipografia e 3D. Seu patrimônio escocês, com suas paisagens, animais e plantas, a influenciou, enormemente, como ilustradora. É o que caracteriza fortemente o corpo do seu trabalho. Ela vê tal característica como um modo que encontrou de estar mais perto das paisagens das regiões montanhosas, e isso possibilitou que ela experimentasse um significativo crescimento. Enquanto ela se inspirava nessa fonte de criatividade abundante ela deu de cara com Londres, em seu contraste, que ela vê como um contraste entre o meio ambiente armado da vida em Londres e a dispersão das construções e da gente nas montanhas. Suzy refere-se aos seus desenhos como um ‘coping mechanism’ (ao pé da letra: mecanismo de cumeeira ou de crista de muro), por ela estar tão distante de casa.
Trouxe essas informações e imagens lá do seu site (ao visitarem o sítio de Suzy, aproveitem e leiam o texto original, em inglês, e corrijam-me, caso eu tenha cometido algum equívoco na minha adaptação para o português. Ok?)
O que mais posso dizer? Penso que esse tipo de trabalho tem muito valor porque ela está buscando algo que possa chamar de seu, tais elementos têm valor porque é por eles que ela, por fim, se reconhece e, convenhamos, isso é sempre muito bonito de se ver! ;-D
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