Essa condição é muito parecida com a do casamento. Eu lembro-me quando morei com um amigo em um apartamento. Mesmo que não estivéssemos casados, era como se fôssemos, uma vez que vivíamos sob o mesmo teto. E o horror do que esse teto pode proporcionar a essas vidas é assustador. Só quem viveu a experiência pode entender as agruras dessa convivência cotidiana de duas almas distintas no mesmo ambiente, dia após dia...
(É claro que não estou considerando os casamentos felizes, a raridade na face da terra)
Pois bem, o mesmo acontece no ambiente de trabalho, quando, então, não são apenas duas pessoas. Dependendo do local, em tal ambiente o número de pessoas pode ser bem maior.
No entanto, a condição da necessidade de ganhar o pão diário assim estabelece, ou seja, que elas estejam ali, juntas, diariamente.
Creio que o princípio da solidariedade humana, bem como o da boa vontade é fundamental nessa circunstância.
Não é possível que o interesse meramente pessoal se sobreponha ao interesse da finalidade a que se submetem todos aqueles que trabalham em qualquer lugar que seja.
No entanto, as pessoas, mutáveis como são, podem variar o temperamento a cada dia.
Uma amiga contou-me que, lá onde ela trabalha, um colega de trabalho foi promovido e se esqueceu das agruras da sua condição anterior, ao ponto de tratar seus subalternos do mesmo modo que ele não gostava de ser tratado quando era subalterno. Importante: Ela estava preocupada porque se destemperou com essa pessoa, agora seu chefe.
Na minha opinião, ela devia, primeiramente, fazer uma prece por ele e procurar ver esse convívio, em sua nova configuração, de um modo completamente diferente.
Eu lhe diria o seguinte, quando ele, por exemplo, me cobrasse com urgência uma resolução impossível :
- Claro, não se preocupe. Estou providenciando. Farei rapidinho.
(Essa fala só funciona se você estiver dizendo isso de verdade e sorrindo. Importante: o sorriso também tem de ser verdadeiro)
Talvez a pessoa em questão não esteja preocupada com aquela finalidade e etc. mas tão somente com o exercício do seu poder conquistado. Damos a ela essa coisa pequena e ficamos em paz. Sem destemperos, sem aflição. Amém.
Caso contrário tudo ficara igual, sem maiores mudanças, sob o mesmo teto. Ou pior, talvez se tenha que mudar de emprego o que, hoje em dia, vamos combinar, nem sempre é fácil.
Esse Liniers não é demais?!