Uma amiga perguntou-me: Você gosta de humor negro? Essa amiga é expert em fazer piadas de humor negro, diga-se de passagem, então pensei: Se eu disser que não, ela pode achar que tenho algum senão contra ela própria... Acho melhor dizer que sim. (embora no fundo, no fundo, eu nem sempre goste de humor negro, é lógico! E, ainda assim, gosto muito dessa amiga. ;-D) Ela disse-me, então, que iria emprestar-me um livro de Veronica Stigger chamado O trágico e outra comédias. Emprestou-me. Quando comecei a ler não gostei muito (precisei acostumar-me com a novidade...) e pensei: isso não é humor negro, é escatologia... Os primeiros contos do livro, realmente, são meio barra pesada, será preciso não ser sensível a imagens muito cruas, embora também surreais. Bem, o primeiro conto é intitulado Câncer no cu. O título já seria suficiente para muitos leitores fecharem o livro, para sempre. rsrsrs
Contudo (penso que o leitor acaba por entender, como foi o meu caso) toda essa maneira incisiva de contar histórias é um recurso, nada convencional, é verdade, de mergulhar na condição humana. Assim conclui. A verdade é que no fundo, no fundo, há um narrador muito doce e preocupado, sinceramente preocupado com o destino das personagens que criou. O livro tem ritmo e, ao menos para mim, o ritmo foi em um crescendo: do mais escatológico para o mais fantasista, portanto, do mais cru para o mais refinado. Gostei particularmente dos contos: Acúcar, Rotina e Durante.
Naquele primeiro, um professor conversa com um aluninho. Tudo é muito sugestivo no diálogo, e, por fim, a inocência infantil é resgatada mesmo que a atmosfera do conto estivesse plenamente mergulhada em erotismo. Imperdível! Em Rotina, conhecemos um homem que se cansa da mulher que toda manhã conta-lhe ou reconta-lhe os seus próprios sonhos (ou seja, os dele próprio). E o Sr. Durante que passa, a partir de uma certa idade, a ter seus aniversários comemorados por um estranho coro de estranhos!? Atormentador e docemente humano. Esses contos justificam o trágico do título do volume que é pleno de histórias escritas por uma comediante de bastante fôlego.
Importante: são quase minicontos, tudo é muito curto, enxuto, o que torna leve até mesmo as histórias com imagens muito intensas ou (por que não dizer ?) mais apelativas. Descobri que esse foi o primeiro livro da escritora, jornalista, professora e crítica de arte. Ela é muito simpática e fotogênica, não é mesmo? Soube que, em 2007, ela também lançou, pela Editora Cosac Naify, o livro Gran Cabaret Demenzial, e ainda participou da V Festa Literária Internacional de Parati (FLIP). Leitura recomendada. Será também nesse caso, o caso de Ler e Aprender!
Contudo (penso que o leitor acaba por entender, como foi o meu caso) toda essa maneira incisiva de contar histórias é um recurso, nada convencional, é verdade, de mergulhar na condição humana. Assim conclui. A verdade é que no fundo, no fundo, há um narrador muito doce e preocupado, sinceramente preocupado com o destino das personagens que criou. O livro tem ritmo e, ao menos para mim, o ritmo foi em um crescendo: do mais escatológico para o mais fantasista, portanto, do mais cru para o mais refinado. Gostei particularmente dos contos: Acúcar, Rotina e Durante.
Naquele primeiro, um professor conversa com um aluninho. Tudo é muito sugestivo no diálogo, e, por fim, a inocência infantil é resgatada mesmo que a atmosfera do conto estivesse plenamente mergulhada em erotismo. Imperdível! Em Rotina, conhecemos um homem que se cansa da mulher que toda manhã conta-lhe ou reconta-lhe os seus próprios sonhos (ou seja, os dele próprio). E o Sr. Durante que passa, a partir de uma certa idade, a ter seus aniversários comemorados por um estranho coro de estranhos!? Atormentador e docemente humano. Esses contos justificam o trágico do título do volume que é pleno de histórias escritas por uma comediante de bastante fôlego.
Importante: são quase minicontos, tudo é muito curto, enxuto, o que torna leve até mesmo as histórias com imagens muito intensas ou (por que não dizer ?) mais apelativas. Descobri que esse foi o primeiro livro da escritora, jornalista, professora e crítica de arte. Ela é muito simpática e fotogênica, não é mesmo? Soube que, em 2007, ela também lançou, pela Editora Cosac Naify, o livro Gran Cabaret Demenzial, e ainda participou da V Festa Literária Internacional de Parati (FLIP). Leitura recomendada. Será também nesse caso, o caso de Ler e Aprender!
Hello Josafá !
ResponderExcluirAnd I wonder to myself why not translating to Spanish Stigger Veronica's books and not books by Dan Brown? ... I prefer good quality and not infernal quantity !
Well... I'll search in internet a translation...(or original in portuges).For the present I've a part of "Gran Cabaret Demenzial" here: http://versiones-y-diversiones.blogspot.com/2009/05/un-cuento-de-veronica-stigger.html
Awaiting some book I'm going to eat now this pie portion ! Mhhhh !
Best regards from Mediterranean coast !
See you !
I agree. More good quality than quantity is necessary,
ResponderExcluirespecially when we are talking about books!
I have read the Stigger's short story, "Domitila". It is amazing!
I think she needs take care when she will walk together with her fiancé.
It is very dangerous! But live together is sometimes
something like that, isn't it? ;p
We need to say Thank you for Nelson Ordóñez, by the Spanish translation. \o/
And you, Enric, enjoy your meal. Gluttonous boy! ;D
Best regards from São Paulo city.