quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Salve Salles!
Eu (graças!) nunca gostei de ideias como as de patriotismo, nacionalismo, ou seja, as de todos esses "ismos" antipáticos e que resultam quase sempre, quando em torno deles se faz muito barulho, em movimentos desastrosos e que reúnem os eternos surtados de plantão em torno de coisas que não têm importância alguma, a não ser no fundo do poço de suas psiques atormentadas. Penso que o valorizar exasperado das tradições de um determinado povo ou país promove em seu bojo a estagnação do espírito dos pobres filhos dessa nação. Não, não, não. Não quero nem saber de nacionalismo, patriotismo.
No entanto, é verdade que cada qual nasce em um pedaço de chão específico, nesse planeta, e a vida nesse pedaço que nos cabe viver tem suas peculiaridades, mas tão somente porque será desse rincão que poderemos levar nossa contribuição para a cultura universal.
Estou pensando nisso porque li que o cineasta brasileiro Walter Salles será homenageado em um importante festival de cinema: o Festival de Veneza. Quando li a notícia fiquei emocionado porque, em primeiríssimo lugar, ele é uma pessoa boníssima e seu trabalho belíssimo. Gostei de tudo o que vi que ele tenha feito. Gosto também de ouví-lo falar: é sempre ponderado, equilibrado e sensível, aliás, como também costumam ser os resultados de seus trabalhos no cinema.
Além disso, o prêmio que ele irá receber é chamado Robert Bresson (o meu cineasta preferido entre todos todos todos). Ainda mais um motivo: esse prêmio existe desde há 10 edições do Festival e não é dirigido a qualquer um, definitivamente, uma vez que já o receberam Wim Wenders, Aleksandr Sokurov, Manoel de Oliveira, Theo Angelopoulos, Giuseppe Tornatore.
No Estadão, a reportagem dizia que, segundo os organizadores, Walter foi escolhido pela contribuição de sua obra como "testemunho importante do difícil caminho em busca do significado espiritual de nossa vida".
Saber de tudo isso fez nascer em mim uma alegria, que tem a ver, sim, com o fato de termos agora um brasileiro nesse panteão. Contudo, o sentimento é de participação no que confere a qualquer povo a consciência de pertencer à humanidade. Assim, cada cultura local e toda a humanidade são beneficiadas quando um dos filhos daquela passa a partilhar do caminho de elevação espiritual. Esse sentimento é ainda mais especial quando isso se dá por meio da singeleza da criação de uma obra de arte, quando se trata de um artista. Walter Salles não inventou uma bomba, por exemplo, não, ele contou histórias, emocionou plateias, trilhou "o difícil caminho em busca do significado espiritual de nossa vida."
Salve Salles! \o/
Quer ler a reportagem e entrevista?
Vá lá: http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,walter-salles-e-um-dos-homenageados-em-veneza,428388,0.htm
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post ótimoooo!!
ResponderExcluiradorei tudo!
Kika,
ResponderExcluirSuper bom saber dessa alegria: um brasileiro fazendo bonito em Veneza. Eu não podia deixar de fazer minha singela homenagem.