O funcionário do mês do Mac Donald's

Outro dia fui comer no Mac Donald’s. Conheço adolescentes anarquistas que jogariam uma pedra na minha testa por isso, ou seja, eles são anarquistas um tanto violentos. ;-p
A verdade é que, às vezes, muitos raramente é bom que se esclareça, tenho fome de junk food.
Fico um pouco triste nessa lanchonete. É inevitável. Aqui no Brasil os funcionários do Mac Donald’s são todos teenagers. Trabalham como condenados e sempre sorrindo e cada um batalhando para ser o funcionário do mês!
Vi a foto do funcionário desse mês naquele estabelecimento: um rapaz jovem, simpático e que parecia mesmo um pessoa feliz, sem querer fazer trocadinho com o Mac Lanche feliz.
Então fiquei pensando: quando a pessoa trabalha em um empresa e com outros funcionários, ela terá a consciência de que é só mais um? O que imagino é que nessa situação todo cuidado é pouco, principalmente se, apesar de tudo, por exemplo, ela gostar de fazer o que faz. Não, ela não está satisfeita com o seu salário: nunca estamos satisfeitos financeiramente quando somos assalariados, por favor. Mas também se não fôssemos assalariados o que seríamos? Seríamos talvez aquela gente que vivia de renda, como nos romances de Proust. ;-D
A verdade é que só podemos ser o que somos aqui e agora. Muito comumente, parte da gente normal, brasileira, trabalhadora, que acorda cedo, pega trem, metrô, anda debaixo de tempestade e de guarda-chuva, molhando os sapatos nas poças d’água e tendo de passar o dia com os pés molhados ;-(
Mas o que acontece quando o resultado do trabalho dessa pessoa comum é bem visto ou ao menos é tão somente reconhecido naquilo que naturalmente ele já deveria ser, ou seja, o resultado de uma competência mínima, de um fazer tudo certinho? Pois bem, tudo pode se complicar quando oh! também acontece de isso aparecer, tornar-se público. Ela é o funcionário do mês! Muitos daqueles outros funcionários não vão gostar, outros tantos dirão: está certo, ok, parabéns.
É por essas e outras que essa pessoa deve ter cuidado, ainda que ela se pergunte: que culpa tenho se a coisa toda foi a público a minha revelia?
A verdade é que os desgostosos de plantão estarão desgostosos por um sucesso tão inexpressivo! (ao final o sucesso é mesmo inexpressivo, é tão somente o reconhecimento do óbvio, natural e do que tinha de ser assim, ponto final - além de ser parte da política do Mac Donald’s - e o funcionário experto saberá que sendo o escolhido ou não para ir para a moldura na parede, ele foi tão somente explorado) Àqueles colegas desgostosos o funcionário do mês só poderá dizer: Você viu? Não sou fotogênico... (mesmo que ele seja e muito, como era o caso do rapazinho do Mac Donald’s).