quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Vão-se os anéis...

Estou experimentando algo totalmente novo para mim aos 42, quase 43 anos de idade. Perdoar no piloto automático. Como é isso? Eu explico. Acabo de descobrir, por exemplo, que me roubaram livros importantíssimos: um deles era o Dicionário de Análise do Discurso, de Patrick Charaudeau e Dominique Maingueneau. Eu o estava utilizando, com bastante frequência, durante a elaboração da minha monografia, no curso de pós-graduação lá na PUC. O livro não era da Biblioteca, mas do meu próprio acervo. Algo bacana, portanto! Menos mal!
Aliás, penso que é disso mesmo que se trata em todo esse episódio: um mal sempre em menor grau, a começar pelo que vem de mim, que só pretendo ser do bem. ;-)
Inicialmente, eu demorei a acreditar que tinham pegado os 4 livros da minha mesa de trabalho, afinal eu não trabalho em uma rodoviária ou aeroporto... Pensei: Será que os levei para casa? Não, eu não os levara, não estão em minha casa. Assim sendo, uma pobre criatura de Deus os tomou de mim. E porque essa criatura é tão divina quanto eu próprio, embora, provavelmente, um tantinho distante do seu criador (não é mesmo?), eu devo perdoá-la.
E devo fazê-lo porque quero ser alguém melhor do que eu seria se viesse a fazer muito barulho em torno do episódio! Estou fazendo um barulhinho por aqui, mas acho que talvez isso seja perdoável. A ver.
Além disso, vejam como tenho sorte: nesse e-xa-to momento não preciso mais dos livros. E também sei, graças a Deus, que poderei comprá-los novamente, no futuro.

De verdade, eu não posso maldizer uma pessoa que rouba livros! ;-)
Eu até já fui amigo de uma moça que roubava livros (embora ela os roubasse nas livrarias... rsrsrs)

Quando não perdoamos e ainda espezinhamos, maldizendo (mesmo um desconhecido, afinal, eu não sei quem é o ladrão), penso que não poderemos ter a única recompensa que desejáramos acima de todas: comungar da liberdade de um mundo sem desejos mesquinhos!
E, por fim, o episódio lembrou-me de um outro. Quando criança, ouvi pela primeira vez o velho ditado: vão-se os anéis e ficam os dedos! Eu me lembro que, na ocasião, fiquei maravilhado com o sentido dessas palavras. E continuo até hoje maravilhado com esse mesmo sentido.

2 comentários:

  1. De acordo: que os livros circulem e cheguem às mãos dos que precisam deles, certo. Às vezes isso se dá por caminhos tortos... em todo caso, melhor que se dê! Do mais, se encarrega o universo, tanto no que diz respeito ao prover como no que tange ao despegar, né?

    luciana

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  2. Sim Luciana,
    seríamos bem tolinhos se não compreendêssemos isso mesmo: essas espirais que o universo promove em círculos todos concêntricos e que permitem ora a pujança, ora o desapego, alternadamente. Eu vivo isso constantemente e, acho, que não estou mais sendo tolo, não. rsrsrs

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