quinta-feira, 18 de junho de 2009

Quero ouvir Jacques Klein



Jacques Klein é um brasileiro ilustre e cearense de Aracati.
Ele simplesmente foi um dos pianistas brasileiros de maior prestígio e sua carreira foi, sim, de irradiação internacional.
Pelo São Google, fiquei sabendo que seu nome passou a ser reverenciado internacionalmente, em 1953, quando cursava o Conservatório de Música de Viena e conquistou por unanimidade o primeiro lugar do Concurso Internacional de Execução Musical, de Genebra, que, desde 1948, não elegia vencedores.
Mas se procurei saber de Klein, foi porque Clarice Lispector (vide post anterior) apresentou-me o artista, em uma daquelas conversas saborosas registradas no livro Entrevistas.
Klein contou a Clarice Lispector a respeito daquele epísódio de Genebra, ao responder sua pergunta Como voltou à música clássica? (Isso porque ele teve um período inicial de sua carreira como músico de intensa dedicação ao Jazz):

Foi do modo mais inesperado. Fui assistir a um filme como outro qualquer - e esse filme mudou toda a minha vida. Nele tocavam o Segundo Concerto de Rachmaninov, fiquei maravilhado. A vontade de tocá-lo fez com que eu procurasse um professor e começasse a ler de novo música, porque até isso eu já não sabia mais. Estudei com Dona Lúcia Branco, fui aos Estados Unidos estudar, voltei para cá e decidi que o piano era muito difícil e que eu deveria voltar-me ao estudo para a carreira diplomática. Essa resolução só durou seis meses. Voltei a Nova York onde estudei com um grande pianista americano, William Kapell. Depois fui a Viena, tive um período de estudos com Bruno Seidhofer, de onde saí para competir no Concurso Internacional de Genebra, naquela época o concurso mais importante da Europa. E para a minha surpresa - surpresa mesmo - tirei o primeiro lugar entre os 114 concorrentes. Esse concurso era anual, mas o primeiro prêmio já havia cinco anos não era concedido a ninguém. Aí vi que estava perdido (ri), não havia como escapar, eu tinha que seguir a carreira de pianista.
E seguiu!
Em meio a turnês na Europa, África do Sul e Israel, recebeu em 1955 a Medalha Harriet Cohen, em Londres, como melhor pianista do ano.
Foi solista de orquestras como a Filarmônica e a New Philharmonia de Londres, a Orquestra Nacional de Paris, a Sinfônica de Viena, a Filarmônica de Budapeste, a Orquestra Santa Cecília de Roma, a Filarmônica de Oslo, a Concertgebouw de Amsterdã, a do Mozarteum de Salzburgo, a Filarmônicas de Nova York e de Buenos Aires e as principais formações brasileiras, percorreu mais de 30 países e notabilizou-se como grande intérprete de Beethoven, tendo tocado os cinco concertos para piano e orquestra sob a regência de Kurt Masur e todas as sonatas diante de platéias exigentes como as de Frankfurt, Londres e Amsterdã.
Ele também foi alguém preocupado em tirar a música clássica do gueto, e, por isso, lecionou no Conservatório Brasileiro de Música, na Escola de Música da UFRJ e na Universidade de Miami.
Como dedicou sua carreira às audições públicas em concertos e recitais, deixou escassos registros em disco.
Mesmo tendo precocemente falecido, Jacques Klein nos deixou um importante legado através dos alunos que orientou. Entre os que tiveram o privilégio de estudar com ele, estão Arnaldo Cohen, Lílian Barreto, Ilze Trindade e Luiz Fernando Benedini. Faleceu aos 52 anos, em pleno apogeu artístico, quando dirigia a Sala Cecília Meireles pela segunda vez, em 23 de outubro de 1982, um mês depois de se apresentar pela última vez, no Rio, com a Orquestra de Câmara de Moscou.
Eu queria tanto ouvir um desses raros registros! Devo procurar um meio. A ver.

3 comentários:

  1. Querido, fiquei devendo, mas agora vai o endereço correto para o blog da filha....
    http://www.fotolog.com.br/wonderland080
    beijos,
    Lilian

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  2. Lilian,
    Valeu! Vou conferir.
    outros tantos beijos.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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