Desde a minha infância, sempre admirei alguns monumentos do centro da cidade. Quando ainda criança, passeando com meu pai e minha mãe, deparei-me, pela primeira vez, com a Fonte Monumental, na Praça Júlio Mesquita, fiquei embasbacado. Naquele tempo, ela era ainda como na primeira foto.
Há anos, esse monumento vem sendo destruído. Primeiro, roubaram as esculturas em bronze que representavam lagostas e rostos de sereias e que ficavam nas laterais. Agora, até mesmo as figuras em mármore do monumento são quebradas ou pixadas.
O mais triste é saber que além de se perder um monumento belíssimo por si só, é também a memória de uma artista que está sendo vilipendiada.
Tal monumento é de autoria de Nicolina Vaz de Assis Pinto do Couto, uma das primeiras escultoras brasileiras (ela nasceu em Campinas, em 18 de dezembro de 1874). É bom que saibamos que exemplo de mulher ela foi. Depois da morte do primeiro marido, arcou com o sustento de seus seis filhos. Foi, aliás, a primeira mulher a receber uma bolsa para estudar em Paris, num tempo em que tais bolsas eram privilégio de homens. Soube que até uma reunião extraordinária no Congresso Nacional da época foi organizada, para decidirem se concederiam essa bolsa, o que foi feito. Graças.
Por conta disso, ela residiu em Paris durante os anos de 1904 a 1907. Aperfeiçoou suas técnicas com grandes mestres da arte daquela época, como Jean Alexandre Joseph Falguiere. Ali, exibiu seus trabalhos na exposição anual no Salão de Paris.
Em 1929, em conjunto com o segundo marido, o também escultor Rodolfo Pinto do Couto ( com quem se casou, numa época em que não era comum uma mulher casar em segundas núpcias, mesmo viúva), inaugurou uma exposição no Esplanada Hotel, na cidade de São Paulo, com cerca de quinhentas peças escultóricas em diversos tamanhos e que foi um sucesso.
Entre suas obras destacam-se oito bustos de Presidentes da República brasileira e de outros personagens brasileiros como o Barão do Rio Branco, Nilo Peçanha, Deodoro da Fonseca e ainda do milionário Rockefeller. Esse último foi considerado uma obra prima e ficou exposta durante três anos na Universidade de São Paulo. O talento da escultora também contribuíu para tornar mais belos os parques e jardins do Rio de Janeiro. Por exemplo, é o caso das obras A Serpente e o busto de Glaziou, na Quinta da Boa Vista e a Fonte de Tritão, no hoje Passeio Público da Cinelândia. Mais uma tristeza: a escultura do Tritão foi roubada em 1993, agora só há uma réplica no local. Já no Museu Nacional de Belas Artes podem ser apreciados dois bronzes: Tia Bastiana e Meditação. No Cemitério São João Batista, o túmulo de José Grey também é de sua autoria.
Na cidade de São Paulo, além da Fonte Monumental, localizada na Praça Julio Mesquita – Centro, esculpida em mármore de carrara, encontramos ainda, no Cemitério da Consolação, o magnífico mausoléu do último Governador da Província de São Paulo, o Sr. Couto de Magalhães – esta, aliás, é a primeira manifestação do Art-Noveau na cidade de São Paulo - ela representa uma mulher envolta por um fino tecido, tendo uma bandeira na mão direita.
Nicolina faleceu em 20 de julho de 1941.
Há anos, esse monumento vem sendo destruído. Primeiro, roubaram as esculturas em bronze que representavam lagostas e rostos de sereias e que ficavam nas laterais. Agora, até mesmo as figuras em mármore do monumento são quebradas ou pixadas.
O mais triste é saber que além de se perder um monumento belíssimo por si só, é também a memória de uma artista que está sendo vilipendiada.
Tal monumento é de autoria de Nicolina Vaz de Assis Pinto do Couto, uma das primeiras escultoras brasileiras (ela nasceu em Campinas, em 18 de dezembro de 1874). É bom que saibamos que exemplo de mulher ela foi. Depois da morte do primeiro marido, arcou com o sustento de seus seis filhos. Foi, aliás, a primeira mulher a receber uma bolsa para estudar em Paris, num tempo em que tais bolsas eram privilégio de homens. Soube que até uma reunião extraordinária no Congresso Nacional da época foi organizada, para decidirem se concederiam essa bolsa, o que foi feito. Graças.
Por conta disso, ela residiu em Paris durante os anos de 1904 a 1907. Aperfeiçoou suas técnicas com grandes mestres da arte daquela época, como Jean Alexandre Joseph Falguiere. Ali, exibiu seus trabalhos na exposição anual no Salão de Paris.
Em 1929, em conjunto com o segundo marido, o também escultor Rodolfo Pinto do Couto ( com quem se casou, numa época em que não era comum uma mulher casar em segundas núpcias, mesmo viúva), inaugurou uma exposição no Esplanada Hotel, na cidade de São Paulo, com cerca de quinhentas peças escultóricas em diversos tamanhos e que foi um sucesso.
Entre suas obras destacam-se oito bustos de Presidentes da República brasileira e de outros personagens brasileiros como o Barão do Rio Branco, Nilo Peçanha, Deodoro da Fonseca e ainda do milionário Rockefeller. Esse último foi considerado uma obra prima e ficou exposta durante três anos na Universidade de São Paulo. O talento da escultora também contribuíu para tornar mais belos os parques e jardins do Rio de Janeiro. Por exemplo, é o caso das obras A Serpente e o busto de Glaziou, na Quinta da Boa Vista e a Fonte de Tritão, no hoje Passeio Público da Cinelândia. Mais uma tristeza: a escultura do Tritão foi roubada em 1993, agora só há uma réplica no local. Já no Museu Nacional de Belas Artes podem ser apreciados dois bronzes: Tia Bastiana e Meditação. No Cemitério São João Batista, o túmulo de José Grey também é de sua autoria.
Na cidade de São Paulo, além da Fonte Monumental, localizada na Praça Julio Mesquita – Centro, esculpida em mármore de carrara, encontramos ainda, no Cemitério da Consolação, o magnífico mausoléu do último Governador da Província de São Paulo, o Sr. Couto de Magalhães – esta, aliás, é a primeira manifestação do Art-Noveau na cidade de São Paulo - ela representa uma mulher envolta por um fino tecido, tendo uma bandeira na mão direita.
Nicolina faleceu em 20 de julho de 1941.
Sua obra, sem dúvida, tem as condições comuns às obras eternas, desde que seja preservada.
Essas informações todas sobre a artista eu obtive lendo o artigo de Glaucia Garcia, Nicolina Vaz, sua obra, seu tempo que pode ser lido na íntegra na página: http://saopaulorestaurada.com.br/nicolina-vaz-sua-obra-e-seu-tempo/
Esse post foi inspirado na excelente reportagem do Jornalista Ricardo Osman que nos revelou, hoje, no caderno Cidades, do Diário do Comércio, o estado atual da Fonte Monumento.
Va lá: http://www.dcomercio.com.br/Canal.aspx?canal=2
Va lá: http://www.dcomercio.com.br/Canal.aspx?canal=2
Pois é... Eu acho que o ponto crítico aqui nem é o velho bordão "o brasileiro não cultiva sua memória" ou qualquer fórmula por aí. Acho que São Paulo, sobretudo o estado, vive há décadas (com breves intervalos que nos deram um respiro) um modo tirânico de gestão que simplesmente não se interessa, explicitamente não se interessa, pelo bem público que não seja de uso privado. É possível velar uma pessoa numa sala de concertos - que se diz de todos -, mas desde que essa pessoa seja da Corte, claro. É velada lá porque era esse o lugar de que ela mais gostava me sua vida... E isso explicará a beleza e as adequadas condicões de manutenção do espaço físico da Sala São Paulo (porque, no que tange à administração artística, anda bem sofridinha...). E é isso que explicará, também, a penúria de fontes, monumentos, praças,vias, tudo o mais que não seja de uso da Corte ou agregados e quejandos. E isso explicará, ainda, porque a PM entra na Universidade de São Paulo e, não bastasse esse descomedimento de entrar lá, bater, jogar bombas de gás lacrimogênio, perseguir e prender. É que tem muita gente da Corte na USP e, então, seus jardins têm de ser impecáveis - sem ninguém a pisoteá-los em agrupamentos e maniestações - e suas vias têm de estar sempre desobstruídas, para que circulem os da Corte, essa dita "gente de bem" que só quer trabalhar "em paz", isto é, "sem violência e baderna", como dizem.
ResponderExcluirA cara dessa fonte é a cara deste momento na cidade de São Paulo - esta cidade de bem poucos, que,no enanto, abriga tanta gente.
Sim, quem tinha que acudir a fonte são os que administram o bem público.
ResponderExcluirSou solidário aos uspianos como uspiano que fui e, sim, eu estaria entre a gente que sofreu a violência a semana passada no Campus.
Mutio legal seu post!!
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