terça-feira, 30 de junho de 2009

Os 20 anos da Pandora Filmes

De 19 de junho a 16 de julho o Cineclube do HSBC Belas Artes homenageará os 20 anos da Pandora Filmes, com a exibição de 20 dos seus maiores sucessos.
Essa distribuidora é muito querida por mim. Conheço duas pessoas excelentes e que a fazem acontecer: o André Sturm, cineasta paulista e o Leo Mendes, o assessor de imprensa mais descolado que poderia existir no mundo do cinema. Trabalhei com os dois em diferentes momentos: no extinto Cineclube Veneza, no Bexiga, no início da década de 90 e, depois, na própria Pandora, no início desse século.
Abaixo, reproduzo o texto elaborado pela assessoria de imprensa da distribuidora para a divulgação do evento:
A Pandora surgiu no mercado cinematográfico em 1989 com a proposta de tornar filmes de produção independente acessíveis ao público do Brasil. Isso significava uma importante entrada de obras que, até então, só passavam por aqui através da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo ou do Festival do Rio, com alguma chance de depois irem direto para o vídeo. Nessa época era apenas em salas especiais, como cineclubes e cinematecas, que os cinéfilos podiam ver filmes clássicos e raros, muitas vezes em cópias mal conservadas.
Entre esses cinéfilos estava o jovem André Sturm, um militante do movimento cineclubista de São Paulo, que, inconformado com a falta de espaço para o cinema produzido fora de Hollywood, decidiu fundar a Pandora.
E foi do Festival de Berlim que ele trouxe o pacote inaugural da nova distribuidora. A seleção incluía Vozes Distantes, do aclamado diretor britânico Terence Davies, e o alemão Estação Doçura, de Percy Adlon.
Dois anos depois foi a vez de Não Amarás, do polonês Krzysztof Kieslovski, lançado no Brasil após fazer grande sucesso na Mostra, quando mal se sabia quem era esse diretor. Outro grande êxito foi Paisagem na Neblina, o filme que tornou o realizador grego Theo Angelopoulos mais conhecido aqui.
E quando ainda nem se ouvia falar em um diretor de Hong Kong chamado Wong Kar-Wai, a Pandora lançava Amores Expressos, uma pérola que chegou valorizada por elogios efusivos de Quentin Tarantino.
O premiado Atom Egoyan, mais um nome conhecido pelo público da Mostra, finalmente também entrava em cartaz com Exótica, após ganhar o prêmio da crítica em Cannes. Seguindo essa safra de inovações, outra ótima sacada foi trazer Felicidade, de Todd Solondz, um americano que adora chocar com suas histórias sobre famílias desestruturadas.
Foi também a Pandora que lançou Maus Hábitos, considerado um dos melhores trabalhos da fase inicial de Pedro Almodóvar, e que permanecia inédito aqui, inclusive em vídeo. Exemplo semelhante aconteceu com Martha, a última revelação da filmografia de Fassbinder a chegar nos cinemas brasileiros, em 1995, com 22 anos de atraso.
Entre os clássicos relançados, estão Morte em Veneza, de Luchino Visconti, Noites de Cabiria, de Fellini, e Quanto Mais Quente Melhor, de Billy Wilder. Este último possibilitou que a atual geração tivesse o privilégio de ver Marilyn Monroe projetada em película na tela grande.
Num momento de maior ousadia a distribuidora trouxe de volta o francês Paixão Selvagem, um dos filmes mais eróticos da história do cinema, dirigido pelo poeta maldito Serge Gainsbourg.
Também houve lugar para o cinema brasileiro. Beijo 2348/72, de Walter Rogério, aclamado pelo público nos festivais de Gramado e Brasília, teve o seu lançamento inviabilizado pelo fechamento da Embrafilme, sendo "desengavetado" pela Pandora que o lançou em grande estilo em 1994. O mais recente O Invasor, de Beto Brant, um dos filmes mais premiados da safra recente do cinema nacional, é também outro exemplo de distribuição bem sucedida.
A versatilidade da longa relação de títulos da Pandora permite reunir cineastas consagrados ao lado de jovens talentos. Dessa forma é possível misturar, por exemplo, Concorrência Desleal, de Ettore Scola, com o cult-movie moderno Lucia e o Sexo, de Julio Medem, ou a comédia O Closet, do francês Francis Weber. Para completar, cabem ainda os campeões As Bicicletas de Belleville, uma animação francesa de Sylvain Chomet, e a comédia romântica argentina Elsa e Fred, cada um com a façanha de ter ficado um ano em cartaz em São Paulo.
Todos esses filmes citados acima poderão ser (re)vistos nessa merecida homenagem à Pandora, que há duas décadas leva às telas do Brasil um pouco do que há de melhor no cinema mundial.
Programação dessa Semana:
- Beijo 2348/72: Terça-Feira às 19h10
- Noites de Cabiria: Quarta-Feira às 19h10
- Maus Hábitos: Quinta-Feira às 19h10

Mais informações no site:
http://www2.hsbc.com.br/hs/quem_somos/cultural/hsbc_belas_artes.shtml
HBSC Belas Artes: Rua da Consolação, 2.423 - Tel: (11) 3258-4092

3 comentários:

  1. Que imperdível vai ser isso, hein? Não Amarás, o primeiro Kieslowski que vi, Maus Hábitos, Lucia e o Sexo, Felicidade (acabei falando dele hj no Mint!), tanta coisa boa que marcou!

    E caraca, você trabalha com cinema? que inveja! (inveja boa, fico feliz por você!)

    bj

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  2. Kika,
    Eu não tinha visto esse seu comentário!
    Eu amo cinema. Já trabalhei com cinema em diferentes momentos da minha vida. Vira e mexe eu volto para esse mundo absolutamente atraente. Também já dei aulas: resultado da minha formação em Letras. Agora estou trabalhando com revisão de textos. Uma coisa que também adoro fazer. Trabalho em um jornal.

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  3. Uma das razões pelas quais eu como o filme Infancia clandestina está fazendo excelente ator César Troncoso, a quem eu estou sempre seguintes nas produções de teatro, cinema e tv em que participa.

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