Eu acho que nunca falei aqui de Clarice Lispector. Aliás, minto, falei o ano passado quando lia Um livro diferente de Clarice Lispector. Sim, é lógico que eu também amo Clarice como toda gente que sabe ser gente e, então, admira o ser gente dessa grande escritora brasileira.
Eu hoje estava com saudades dela. Faz um tempão que não leio seus escritos. E encontrei na web um textinho que espero, de verdade, seja de sua autoria. rsrsrs Penso que é porque é a cara dela. Nesse texto, ela descreve uma sensação que muitas vezes também sinto: a de uma alegria que parece gratuita e que só nos faz querer compartilhá-la.
Vejam que coisa mais linda! E comecemos essa primeira semana de 2010, assim, anunciando e buscando aqueles com quem possamos compartilhar uma alegria tão forte, tão extremada. ;-D
Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar. P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilacerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar.
Merhaba companheiro, olá amigo Josafá !
ResponderExcluirAh! as boas lembranças persiguendo a felicidade pelas ruas de Paris... estou recordando agora uma tarde chuvosa e cálida en a rue Rivoli (muito perto da Praça da Bastilha). Eu saía do minha pensão árabe para caminhar e escutar os soms da solidão interna. Parei à frente de um quiosque e comprei um periódico, como todas as tardes, já velho e vencido. Sim, sempre tentando pegar alguma notícia fora de contexto, extremada e fantasiosa... Procurava en os escassos anúncios por palavras do “Libération” para encontrar ao fim um que resmungava:
“Michel, médecine interne. Très particulièrement pour les vieilles filles. Contact personnel et avet toute la fantaisie du médecin légiste. Couteaux, seringues hypodermiques... toujours habillé en blanc. Service à domicile ou hôtel. Prix raisonnables”.
Szszszs !!! Sentei-me em uma cafeteria e pedi uma absenta. Depois de touda a cerimônia com a pequeño garfo e o torrão de açucar dissolvido no líquido perfumado, e beber a curtos goles aquele mágico beberagem tão instalado em minha mente, também como reminiscência do passado pictórico e literário parisiense, surpreendi-me com um grande sorriso malicioso desenhado no meu rostro.
Som pequenhas coisas, pequenhos monetos de felicidade pessoal que umo desejaria compartir mais, de tão pessoal e estranho, este sentimento terminou por provocar-me un pouco de insatisfação: eu não tinha nenhuma alma a quem confessar a minha maldade divertida.
Assim, sempre melhor contagiar a alegria e o prazer !!!
Unm abraço desde o analfabetismo e o meu intento suicida de escrever en português.
See you and thanks for this new name “Clarice Lispector”. Eu não esquecerei !!!
Selamlar !
Querido,
ResponderExcluiracabei de ler o mais delicioso ensaio biográfico sobre ela!!!!! Você vai gostar, apesar de ter sido escrito por um norteamericano (e viva a deforma ortográfica!!!)
Beijos com saudades
Enric,
ResponderExcluirCaríssimo. Penso que seu português está ótimo. A sua leitura desse idioma é excelente e aqui está a prova, esse seu comentário revelando que o tipo de alegria descrito por mim e por Clarice você conhece bem, tal como nesse episódio em paris, após ler um anúncio, oui très différent! rsrsrs
O anúncio criado por Clarice Lispector é magnífico, n'est-ce pas?
Aliás, por favor, não esqueça esse nome. Clarice Lispector nasceu na Russia mas viveu toda a sua vida no Brasil e é considerada uma de nossas maiores escritoras. Ela é como Virginia Woolf e Katherine Mansfield, acredito que seu estilo é como que um mix do estilo dessas duas, e, talvez, com uma pitada de Colette (a escritora francesa). Mas, é claro, Clarice Lispector é unica e brasileiríssima!
Eu adoro todas elas.
Acho divertido e delicioso ler seus comentários em qualquer das línguas com as quais nos comunicamos, acredite! Eles também são pura alegria. ;-D
Espero poder contribuir para que voc conheça melhor Clarice lispector, ça va?
See you my friend!
Lilian,
ResponderExcluirDescolada! Você leu Clarice, (esse é o título né, em que lê-se a virgula).
Muito chique isso!
Vou querer emprestado. rsrsrs
Ah! Norte-americano manteve o hífen. rsrsrs