segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Um tributo

Quando, ontem, me contaram que Claude Chabrol tinha partido desse mundo, eu fiquei tomado pela notícia porque me lembrei dos filmes que dele vira e do quanto ele e todos os cineastas da Nouvelle Vague foram importantes para a minha formação. Também pensei que, nesse ano, já nos despedimos de dois deles: Eric Rohmer e, agora, Chabrol.
Falo isso, mas de seus filmes, dos 50 e tantos filmes que ele fez, eu só vi:
Um assunto de mulheres (Une Affaire dês Femmes), de 1988;
 o genial Madame Bovary, de 1991, com “a maior atriz do mundo” - segundo o próprio Chabrol - Isabelle Ruppert;
 Negócios à Parte (Rien ne Va Plus), de 1997;
 A Teia de Chocolate (Merci pour le chocolat), de 2000.
Aqui, vale um parentêse: esse filme eu ajudei a divulgar, quando do lançamento no Brasil (eu trabalhava para a Pandora Filmes), e, portanto, posso dizer que foi graças a Chabrol que eu pude conhecer e conversar com Anna Mouglalis, muito jovem na ocasião e absolutamente fascinante.
Por fim, vi também A Comédia do Poder (L'ivresse du pouvoir), de 2006.
É pouco eu sei, mas o que é pouco quando tanto se aprende acerca da condição humana, e, claro, sobre a própria comédia humana, da qual os franceses tanto têm a nos dizer?
Sinto-me grato a esse cineasta como a tantos outros.
O curioso é que Chabrol, que, dizem, tinha fama de preguiçoso, trabalhou tanto! E essa é a vantagem mesma de ser artista, o fato de seu trabalho ser imensurável e, eu acredito, quando o artista passa a existir noutro plano, está de algum modo em vantagem, visto que deixou para trás um legado. Legado esse, que cabe a nós outros descobrir.
Nesse sentido, os artistas são aqueles que “materializam” a condição humana da imortalidade da alma, porque deixam para a história da humanidade, essa que se constrói para além deles, a prova dessa mesma imortalidade e que se figura por uma obra de inteligência sem par.
Foram 80 anos bem vividos, os anos de vida de Chabrol, porque vividos com essa inteligência que reverbera e, arrisco dizer, no caso dele também porque sempre vividos em muito boa companhia, ou seja, a de seus excelentes colaboradores, e, ao menos desde a década de 70, na companhia, sem dúvida fascinante, da atriz que ele também ajudou a revelar ao mundo. Por tudo isso é que lhe somos gratos e queremos render-lhe um tributo, ou seja,  minimamente um pensamento de solidariedade e gratidão, dirigido ao seu espírito. Afinal, ao menos temos em comum com o gênio essa condição: a de sermos todos mortais.

4 comentários:

  1. Kika

    Estamos mesmo todos irmanados por essa gratidão àqueles que nos proporcionam o que é belo e genial!

    ;-)
    bj

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  2. Me-u amig-o Jo,

    La lágrima por la perdida es, en cierto modo, el pretexto para el llanto interior y íntimo: el llanto verdadero...

    Y Chabrol es una rama de ese árbol que nos va asustando y que, con el pasdo de cada invierno, nos da motivos para pensar en lo perecedero de la existencia y, cómo no, en la urgencia vital de gozar de cada instante de belleza y de amor.

    Quedo impresionado ante esa faceta tuya que desconocía y que te llevó a conocer a Anna Muglalis aunque, en este caso y para mi, quedaría la deuda (!)de haber rozado la posibilidad remota y de ensueño de ver, aunque fuera de lejos, a mi amada Huppert que un año más tarde sería magistralmente "moldeada" por el genio Haneke y así parir el personaje de "La pianiste", ese film perfecto es su Sí.

    Quedo, también, en espera de revisar algunos films del director parisien (siempre París, siempre París...). De mommento esa reflexiçón acerca de "la perversidad" que ilustra la contraportada del DVD "Merci pour le Chocolat":

    “Perversidad es la tendencia a desear el mal y muchas veces sintiendo placer".

    La perversidad de Chabrol quedará, para muchos adictos al cine, como esa falta de un ser querido en la mesa a la hora de comer o, más triste todavía, como ese Unicornio Azul de Silvio Rodríguez que se fue, que desapareció y se perdió en la bruma de una mañana triste, azul y bello, irrecuperable Unicornio Azul...

    Decirle a k. (supongo será la pseudo-desaprecida Kika) etimo, digamos, que me parece un comentario no solamente escaso sino, verdaderamente "tacanho" y poco generoso hablando acerca dequien hablamos... vaya, pienso que ciertos seres merecen un poco más de voluntad... (con perdón!)

    Y no más (que me pongo bobo).

    Lanzarte ese abrazo de agradecimiento por la labor y por la amistad.

    Um forte abraçooooooooooooooooo !!!!!!!

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  3. Querido Enric,

    Sim, eu, você e Kika temos em comum essa paixão pelo cinema francês. A kika tem estado em contato contínuo comigo pelo facebook (é engraçado por que ela é também uma amiga virtual que, como vc, eu não conheço pessoalmente, embora ela more aqui em São Paulo)Como esse contato tem sido constante, talvez isso justifique o que lhe parece laconismo...rsrsrs (vc sempre questionador não é mesmo? rsrsrs)

    Sim, eu conheci a Mouglalis, pessoalmente, naquela ocasião. A Ruppert tive a oportunidade de vê-la, também pessoalmente, somente quando ela esteve em São Paulo para uma única apresentação de uma peça de teatro da inglesa Sarah Kane,"4.48 Psychose". Foi incrível: ela ficava o tempo todo da peça, parada, em pé, falando o texto e estática: Impressionante! Mas não foi possível conversar. rsrsrs

    Sei que já elogiei muitas vezes sua maneira de se expressar, sempre tão vívida, mas aqui fica minha admiração, sobretudo por teres dito isso e aqui:

    "Y Chabrol es una rama de ese árbol que nos va asustando y que, con el pasdo de cada invierno, nos da motivos para pensar en lo perecedero de la existencia y, cómo no, en la urgencia vital de gozar de cada instante de belleza y de amor."

    Muito obrigado! Eu é que lhe agradeço por tudo.

    um foooooorte abraço! ;-)

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