quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Conversa com a mãe de um alcoólatra

Toda mãe sempre se preocupa com os filhos. É um fato. Graças a Deus! Eu conheço uma mãe que porque sofreu muito com o alcoolismo do falecido marido, também se preocupa demasiadamente com um de seus filhos, que parece andar pela mesma trilha do pai.
Eu, à guisa de confortá-la, disse-lhe que devemos rezar pela pessoa em questão, mas disse também a ela que mais do isso nada poderemos fazer.
Afinal, só fazemos o mal (inclusive o mal que fazemos a nós mesmos) por egoísmo e por orgulho. Beber em excesso é sempre um mal, uma vez que a pessoa fica fora de si. Se isso resulta em um suposto prazer e aquele que bebe só consegue ver nisso o tal prazer, penso que ele está sendo vítima do seu próprio egoísmo. Afinal, ele não vê que seus atos de bêbado aborrecem a todos os outros? E, nessa mesma fonte do egoísmo, vem beber o sentimento do orgulho – são ambos companheiros inseparáveis. Se não posso ver o monstro no qual o excesso de bebida pode me transformar é porque sou orgulhoso: talvez eu não queira me envergonhar perante a mim mesmo...
Nada disso adianta: sem regeneração o pobre bêbado está fadado a ser condenado pelo seu egoísmo e orgulho. Como, aliás, todo aquele que se entrega a tais sentimentos. É triste, mas é isso.
Ah, eu também, disse outra coisa para a mãe. Não devemos julgá-lo em demasia, não é mesmo? Afinal, todos nós já vivemos as consequências desses mesmos defeitos, ainda que possamos não ter canalizado seus sintomas em direção ao alcoolismo. O egoísmo e o orgulho mascaram-se de todas as formas. Assim sendo, o ideal é ter paciência com esse filho e rezar por ele, esperando que ele próprio se canse de sofrer. Portanto, temos que ter confiança. Sempre acabamos por aprender. Aliás, como eu já ouvi do meu anjo da guarda:

O mal não é uma necessidade fatal para ninguém, e não parece irresistível senão àqueles que a ele se abandonam com satisfação. Se temos vontade de fazê-lo, podemos ter também a de fazer o bem.

Por isso, mãe, é que temos que rezar e pedir a Deus para resistir a tudo que nos faça mal, não é mesmo?

6 comentários:

  1. nada contra os religiosos, mas acho que um tratamentozinho básico (reabilitação em clínica, AA...) ainda é mais eficaz.
    (kika)

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  2. Kika,
    Você tem muita razão, claro.
    Eu fiquei tão interessado em dizer aqui o que considero "mais importante" do teor da minha conversa que me esqueci de falar a respeito da minha pergunta inicial (quando ela se queixava da situação), ou seja, sobre a possiblidade do cara ser tratado pelo AA etc. O meu discurso mudou para essa vib de rezar etc. porque ela disse que ele não quer nem ouvir falar nesse tipo de ajuda. Então, meu bem,na minha modesta opinião a pessoa vai precisar ir até o fundo do poço, sofrer etc. e, provavelmente, em algum momento, irá deixar de lado esses orgulho e egoismo a que me referi. Ela é uma senhora religiosa e entendeu que eu queria confortá-la mesmo. Eu acredito nisso tudo que eu disse, é claro. E estou rezando por ambos! ;-)
    No fundo, acho que eu queria ajudá-la a entender que não adianta sofrer "tanto" junto. Embora ela vá continuar sofrendo, porque mãe é mãe.

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  3. ah sim... entendi melhor a situação e sua posição. q bom.
    que todos eles fiquem bem!
    bj, K.

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  4. Eu espero que sim! O tempo e a paciência sempre ajudam. ;-)

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  5. Não existe nada mais forte que o poder da oração- Se não conseguimos pelo caminho da AA.ou da medicina de um modo geral, porque na realidade nunca depende daquele que convive com o doente alcoólatra. Que seja então através das doces orações da sua mãe. Ah! COMO DEUS OUVE O CORAÇÃO TRISTE DE UMA MÃE AFLITA!!!!

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  6. Nossa! Que lindo esse comentário anônimo! Eu não tinha visto! Obrigado! ;-)

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