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Essa gente absolutamente de teatro, que eram os Dzi Croquettes, foi um verdadeiro furor na época, com suas performances irreverentes e figurinos totalmente extravagantes. Eles interpretam, cantam, dançam, e desafiam todas as convenções, durante aqueles anos, no Brasil, e em plena ditadura militar. Foi o maior fenômeno que tivemos de contracultura, de power flower, de gay power. Eram homens entusiasmados, talentosos, inteligentes e, muitos deles, poliglotas (o que auxiliou bastante no sucesso internacional do grupo).
O humor era pungente, tocante e, sendo fruto de uma essência de verdade e alegria, que animava cada um dos 13 integrantes da "família", não puderam deixar indiferentes aqueles que os conheceram. É o que reiteram os depoimentos de Liza Minelli, Gilberto Gil, Ney Matogrosso, Elke Maravilha, Betty Faria, Marília Pêra, de ex-integrantes das Frenéticas, dentre outros do Brasil, que conviveram com os artistas, bem como de alguns franceses contactados e que também conheceram o grupo, quando eles passaram pela França e deixaram boquiaberto o público parisiense, que contava na plateia com gente como Catherine Deneuve, Jeanne Moreau e Josephine Baker.
Tatiana mostra imagens dela própria, muito linda e ainda pequenina, ou seja, de quando conviveu com os Dzi Croquettes. Ela nos diz que não podendo compreender tudo o que se passava ao seu redor, apenas os via como seus "palhacinhos", aqueles homens de enormes cílios postiços, e que lhe sugeriam que ela apenas fechasse os olhinhos quando sentisse medo. Eles eram cheios de bondade e mesmo o modo trágico como muitos deles morreram não poderia macular tanta bondade e talento: o ofício de artista, com que cada um deles pôde situar-se nessa comovente história, remete-os diretamente para a glória que sempre alcança quem pode amar.
Era esse amor que atraia tanto o público. Aliás, há uma passagem no filme em que vemos a cena de estreia de um espetáculo deles em uma cabaret do Rio de Janeiro: havia 600 pessoas dentro do teatro (a capacidade de público da casa) e 1200 pessoas do lado de fora do teatro desejando entrar e batendo na porta... Isso não foi demais?!
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