quarta-feira, 7 de outubro de 2009

As promessas de um rosto by Chico Hayasaki





Vejam como são as coisas. Estou de férias, pequeninas férias de trabalho. Então, ando ocupando-me com a tarefa de estudar: devo aproveitar para terminar meu projeto de pesquisa para o meu o curso de pós-graduação, e que estou a fazer na PUC.
Mas como acordo mais disposto e descansado, posso também ler poesia! \o/
Hoje abri o livro As flores do Mal, de Baudelaire. Deparei-me com um poema belíssimo, très érotique:
LES PROMESSES D'UN VISAGE
J'aime, ô pale beauté, tes sourcils surbaissés,
D'où semblent couler des ténèbres;
Tes yeux, quoique très-noirs, m'inspirent des pensers
Qui ne sont pas du tout funèbres.
Tes yeux, qui sont d'acoord avec tes noirs cheveux
Avec ta crinière élastique,
Tes yeux, languissamment, me disent: "Si tu veux,
Amant de la muse plastique,
Suivre l'espoir qu'en toi nous avons excité,
Et tous le goûts que tu professes,
Tu pourras constater notre véracité
Depuis le nombril jusq'aux fesses;
Tu trouveras, au bout de deux beaux seins bien lourds,
Deux larges médailles de bronze,
Et sous un ventre uni, doux comme du velours,
Bistré comme la peau d'un bonze,
Une riche toison qui, vraiment, est la soeur
De cette énorme chevelure,
Souple et frisée, et qui t'égale en épaisseur,
Nuit sans étoiles, Nuit obscure!"
Eu poderia trazer aqui a bonita tradução de Ivan Junqueira para o português, que tenho, mas depois de transcrever o original, lendo o poema em voz alta, vi o quanto é musical e notei que, em português, ficamos sabendo os sentidos, mas jamais teremos notícia dessa música e que é única.
Importante: a forma do poema é a de 5 estrofes com quatro versos cada. Mas a edição de postagens do bloguer não está deixando eu dar os espaços necessários, talvez eu não saiba como fazê-lo. A ver. ;p
Preciso dizer e já quase me esquecia: esse poema, segundo uma nota na edição em que o encontrei, ou seja, aquela traduzida por Ivan Junqueira, e editada no Brasil pela Nova Fronteira, a nota informa que esse poema fora inicialmente intitulado "À Senhorita A...Z: promessas", posteriormente passou a se chamado As promessas de um rosto, suprimiu-se "À Senhorita A...Z". Esse poema deixou de figurar nas primeiras edições de As Flores do Mal porque fora considerado muito livre. Fico bastante contente de poder ter um poema muito livre para ler e postar por aqui.
Depois de ler o poema, pela manhã, pensei: vou postar. Mas eu também queria ilustrar o post: foi quando deparei-me com esse trabalho extraordinário do artista japonês Chico Hayasaki. Não é perfeito? Delicados esses rostos, são eles também promessas...
Por hoje, ficamos assim: um Charles Baudelaire, um Chico Hayasaki.

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