domingo, 26 de julho de 2009

No words

As intermitências da vida e a intermissão suprema a todos solicitam. Elas irão sempre paralisar a cada um, a cada vez. De repente, o ser é alçado a uma experiência de segundo grau assustadora. Isso rompe com o cotidiano, que parecia tão sedimentado, acomodado, tão certo!
Lembro-me, quando criança, da sensação primeira que senti ao pisar nas areias de uma praia, continuamente banhada pelo salgado mar. Após o movimento da maré, praia adentro, resulta uma superfície lisa, espelhada, graças ao movimento seguinte da onda, em direção ao grande fosso: que no fundo é o mar, não fora o que o preenche, suas águas. Ao caminhar nesse piso, molhado e uniforme, meu passo desenha uma pegada, que, no entanto, se desvanece, assim que o contorno é preenchido de mais areia e umidade.
Entendo que somos isso também: um lampejo da vida, uma marca anônima, de uma única pegada, que, em sua materialidade fugaz, tão logo se desvanece. Basta o movimento contínuo de uma maré e somos arrebatados, devolvendo toda a matéria, que servira para o nosso desenho, ao conjunto indistinto da Natureza.
E a Natureza, ela é uma Senhora silenciosa, quando se trata do Mistério do Espírito.

5 comentários:

  1. Kika,

    uma amiga que comenta meus post "ao vivo" achou esse texto "pesado". Mas juro que não era a intenção... É que senti o desejo de falar disso, era um tributo! É claro que o tema solicita mesmo seriedade, sutileza mais do que tudo, mas acho que seria difícil parecer levemente bem humorado, nesse caso. ;-)

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  2. não achei nada pesado. só suspirável!

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  3. Eu tinha interpretado isso quando li pela primeira vez o seu "ai, menino..", mas depois do comentário off line fiquei em dúvida! rsrsrs

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