sexta-feira, 10 de julho de 2009

Política, de Adam Trirlwell


Depois de ter lido Aldous Huxley, comecei a leitura de um romance contemporâneo. Eu sou uma pessoa que tenho compulsão à leitura. Não consigo ficar sem ler. E, muitas vezes, leio o que me cai nas mãos. Tenho tido a sorte, é bem verdade, de só cair em minhas mãos o que vale a leitura. O título da obra que agora leio é Política. No entanto, o título é irônico, trata-se na verdade de uma comédia sobre o sexo. Seu autor é esse rapaz fotogênico que se chama Adam Trirlwell. Esse é o seu primeiro romance e que ele lançou em 2003, ocasião em que entrou para a lista dos 20 melhores jovens romancistas ingleses da revista Granta (uma publicação de prestígio que foi fundada em 1889, por estudantes da Cambridge University, e que até hoje, ao que tudo indica, é uma publicação respeitada pelos leitores do Reino Unido). Também ouvi dizer que essa indicação para a tal lista causou uma certa controvérsia, mas penso que deve ter sido pela temática do livro e pelo modo, quase que displicente, do narrador envolver-se na trama que está a tecer em torno do casal delicioso do romance: Moshe, um jovem ator, e sua namorada Nana, uma estudante de história da arquitetura, e que resolvem trazer uma amiga bissexual para a cama. Eu ainda não cheguei a esse ponto da narrativa, mas já sei que isso vai acontecer.
O meu desejo de falar do romance nesse post está relacionado a uma passagem que a mim, leitor compulsivo, pareceu exemplar. O narrador primeiro descreveu uma relação sexual apenas entre os dois, em que Moshe estava fazendo um tipo dominador (porque essa era a fantasia do casal naquele momento) mas que ao final, constatou-se, Moshe ficou em dúvida a respeito do sucesso de sua performance. E, então, o narrador nos diz:
Vou detalhar um pouco o problema de Moshe. É um problema universal. É a insegurança universal de não ser universal. [Então, ele cita Stendhal que tem uma teoria de por que gostamos de ler. A seguir ele irá explicar a citação que fez de Stendhal]
Deixe-me explicar. Assim como você não sabe qual é a aparência de seu estômago, não sabe também qual é a aparência dos seus próprios sentimentos. Não sabe qual é a aparência do estômago por causa da pele. Não sabe qual é a aparência dos sentimentos por causa da vaidade e de outras ilusões. Para superar o problema da pele, temos os livros didáticos de anatomia. Para superar o problema da vaidade e de outras ilusões, temos os romances.
Compare isso com a preocupação ampliada de Moshe enquanto está deitado nas costas de Nana. A preocupação era que todos faziam sexo melhor do que ele. Ele tinha despeito. Agora, para curar o despeito, uma pessoa deve comparar honesta e calmamente a si mesma com outras pessoas. Ao fazer a comparação, constata que todos, em algum momento, são igualmente inábeis. Apenas uns poucos escolhidos são bem sucedidos no sexo anal todas as vezes. Assim se recupera uma noção de proporção.
Moshe precisava de um romance. (Precisava deste romance.) Moshe sofria da falta de romance. Este romance é um grande ato de miniaturização. Tudo está do tamanho certo. Se tivesse lido esse romance, acho que então Moshe teria sido feliz.

Estou conhecendo jovens ingleses so likeables !

5 comentários:

  1. esses jovens ingleses adoráveis, hein?! sempre aparecendo pra fazer nossas vidas mais felizes! como o menininho que começou fazendo pantomimas, fundou a united artists nos anos 20 e se tornou uma das figuras mais importantes do cinema; 4 mocinhos de liverpool, que formaram uma banda bacaninha nos anos 60, e a lista parece não ter fim!

    quero ler o tal moço fotogênico, por causa do seu post, adorei! obg!

    bjs.

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  2. Nossa que narrativa deliciosa desse livro heim! Eu acabei de escrever uma postagem quase erotica, acho que seria bom vc le-la.
    Curti essa viagem, vê se empresta esse livro depois.
    No momento estou lendo algo mais denso...
    Abraços

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  3. Kika,
    ótimas as referências que vc trouxe para fazer companhia a esse rol que só se amplia. Agora que estou na metade do livro, posso dizer que estou realmente adorando. As situações e o narrador são hilários!

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  4. Olyvia,
    Empresto sim. Você vai amar.
    Tô indo ler seu post. ;D

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  5. Josafa,
    voce realmente faz com que tenhamos um interesse maior pela leitura, mesmo já tendo lido o livro deu vontade de ler novamente.
    saudade
    Roger

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