by Katherine Dunn |
Está tudo certo e tudo bem quando não temos culpa.
Na semana passada, uma amiga revelou-me que desejava viajar durante o período do carnaval, mas não tinha com quem deixar seus bichinhos... Bem, eu poderia ter dito que não podia ajudá-la, mas isso seria mentira: eu podia!
Então, passei o carnaval cuidando de animais e não me arrependo, e ainda agradeço pela oportunidade de aprendizado que tal experiência passou a representar. Afinal, eu já cuidara apenas de gatos, animais que eu conheço de longa data...
Pode ser que você não conheça essa função de cuidar de animais na ausência do dono: trata-se de algo muito próximo àquela que concerne a uma babá, só que de PETs. Trata-se também de algo intenso, porque você deixa uma rotina e entra em outra na qual alguns seres vivos ficam sob sua responsabilidade, simples assim.
Então, o aquário não pode ficar muito tempo sem ração: o peixe é um ser esfaimado.
No caso das calopsitas, elas exigem os mesmos cuidados, mais o dever de se lembrar de não abrir janelas.
O gato precisa de ração, água, limpeza da caixa de areia e calor humano.
Os dois cachorrinhos tudo o que desejam é atenção e passear na calçada, pois são bagunceiros e animados como rapazes na adolescência.
E, assim, se você passa quatro dias só cuidando dos bichinhos, você percebe que algo diferente está acontecendo com você e é quando esse contato especial com seres vivos, dependentes, e que demandam cuidados (mesmo quando saudáveis) proporciona um aprendizado sem igual.
Eu resumiria a descoberta fundamental que fiz nesse carnaval assim: cuidar de um animal é um ensaio para cuidar de gente e vice-versa. E, como em tudo, também nesse gênero de ação é preciso amar.
O mais significativo, então, acontece, você descobre que quem ama é amado.
Os bichinhos, devido a sua maneira singela – talvez ainda rudimentar – de demonstrar sentimentos, podem nos comprovar plenamente esse axioma.
Tão singelo, tão doce... tão humano. Cris Mura
ResponderExcluirCris querida! Pensei também em vc quando escrevia, viu? Ei sei o quanto vc ama esses seres todos! ;-)
ExcluirParabéns Josafá, por esta demostração de amor ao homem e aos bichinhos! Você é o "cara". beijos.
ResponderExcluirMuito obrigado! ;-)
ExcluirConcordo sem titubear!! Seu texto me fez lembrar dos olhos brilhantes da minha cachorra que, aos 12 anos e já acostumada a passar o dia sozinha (devido aos meus estudos e ao trabalho de meus pais), é capaz de adocicar meu dia mais amargo com um simples afago. Ela vem chegando feito gato e me enlaça com as patinhas.
ResponderExcluirAcredito que a humanidade, partindo de um pressuposto que se define pela empatia, necessariamente depende do amor pelos animais porque se não é possível amar alguém que te ama sem interesses ou floreios, não é possível amar. Obrigada pelo texto!
Patrícia,
ExcluirComo é importante esse exercício do amor possível sempre. ;-)
Eu é que agradeço por esse seu testemunho que eu entendo pela experiência que tive com minhas gatinhas e que tenho com a atual, a Lala, e que também vivenciei nessa experiência no apartamento da minha amiga!
beijos
Sei como é isso, pois desde sempre (rs) minha família toda tem algum animalzinho. Cães, gatos e pássaros... Até tartaruga já teve! Eles são tudo de bom e divertido. Seu Carnaval deve ter sido uma alegria só.
ResponderExcluirAdorei, o texto, Josafá!
Beijos.
Rita,
Excluirvocê me faz tão bem! Sim, o carnaval foi um momento de muita alegria e de proporcionar a alegria possível a esses seres carentes disso mesmo, assim como todos nós, em certa medida.
beijos
Uma coisa preciosa em você, Josafá, é ser espontâneo, carinhoso e generoso em tudo que diz e faz.
ExcluirBeijo, meu querido.
<3
ExcluirPensando nessa sua descoberta: "Eu resumiria a descoberta fundamental que fiz nesse carnaval assim: cuidar de um animal é um ensaio para cuidar de gente e vice-versa.", é que digo que a vida podia ser simples assim: cuidarmos uns dos outros mais coletivamente. Não sei direito onde foi que perdemos isso e começamos a maltratar e abandonar os bichos (fechados dentro de casa ou na rua, à própria (má) sorte). Daí, logo vemos, como vc bem frisa, também fomos sendo cada vez mais capazes de abandonar as gentes... criancas, velhinhos, getne como a gente.
ResponderExcluirAcho que não há covardia maior do que esse abandono.
E se todos vivêssemos mais cuidando uns dos outros, sem afetação, só mais sabendo um do outro, das casas, dos bichos, das rotinas... esses carnavais não seriam cheios da tensão que, em meio à alegria, trazem. É que, no meu bairro, essa época acaba sendo de largar bichinhos no meio da rua, nos jardins das casas, no campus da universidade... Numa atitude tão clandestina quanto suportada em silêncio pelos moradores que, em muitos casos, só fazem fechar suas portas...
Vivas aos bichos! Vivas às gentes como vc!
Minha irmã, minha amiga. Estamos aqui resumindo o que precisa ser dito, porque não é preciso dizer muito. Essa postagem enriqueceu de um tanto com essa reflexão sua e que preciso destacar: "E se todos vivêssemos mais cuidando uns dos outros, sem afetação, só mais sabendo um do outro, das casas, dos bichos, das rotinas... esses carnavais não seriam cheios da tensão que, em meio à alegria, trazem."
ResponderExcluirObrigado, muito obrigado!