And they lived happily ever after |
Há um momento em que você modifica um tanto sua maneira de
ser.
Em geral - ao menos com a minha geração foi assim que se deu - isso só
acontece lá pelo meio-dia da vida.
Após os 35 anos, quando ocorre como que uma compreensão mais
atenta da própria existência e experiência. Isso permite que não haja
exatamente martírio, mas algo que suscita aquela clareza de inteligência de que é possível viver qualquer penalidade
sem esgares.
Afinal, já lamentamos o suficiente quando pensávamos ser
apenas inocentes. Agora, no entanto, também não fazemos da culpa baluarte
algum, sequer a lamentamos: buscamos muito dentro de alguma causa a sua
consequência natural que é sentida e dispensada. Queremos novas aventuras.
Estou dizendo que isso tudo aconteceu comigo tardiamente, ou
no meu próprio tempo de maturidade, mas saibam que conheci alguém que vive isso
tudo já na infância. In-crí-vel!
Foi no último sábado, quando tive contato com um garotinho
que está vivendo a vida assim mesmo, mas muito antes (ou talvez seja melhor
dizer: no tempo certo para ele!)
A verdade é que o menino está sofrendo por viver sem pai nem mãe.
Ou melhor, por não tê-los juntos, constituindo a sua família. Assim sendo, nosso amigo mora com o pai que, ao que me
pareceu, não dá uma atenção mais detida ao próprio filho, uma vez que esse último é do
tipo falante, atualizado, informado e quer expor suas reflexões acerca da própria
vida o tempo todo (alguns adultos parecem não ficar à vontade, diante de uma
criança com esse perfil, vamos combinar!).
O jovenzinho apenas visita a mãe, mas ela também parece estar em
outra. De tudo isso resulta que temos uma criança
solitária, pois vive entre duas casas e, assim, nem bem lá nem bem cá, por aí...
E foi então que, do alto de seus nove anos de idade, no último sábado, ele me disse:
- Eu acho a vida uma grande aventura, a gente nunca sabe o
que vai acontecer. Parece um filme! E por isso a gente só tem uma certeza, no
final, a gente vai ser feliz e vai alcançar aquilo que mais do que tudo a gente
quer.
Eu que também sei das aventuras da vida e que, assim como
ele, sinto que esse alcance do desejo maior é mesmo coisa muito verdadeira, emendei:
- Eu concordo com você! Acho que você tem toda razão: nós
queremos e teremos isso mesmo, um happy end!
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