Os anjos são mesmo seres verdadeiros e que expressam a Verdade.
É claro que quando penso em Verdade, ao menos em relação aos seres angelicais, considero que talvez possamos entendê-la tal como ouvi uma sua possível descrição ainda nessa manhã, quando o músico e ator Arrigo Barnabé – ele tem um programa admirável na rádio Cultura FM, o Supertônica –, citando Novalis, transmitiu sua mensagem de fim de ano aos ouvintes:
A poesia é o autêntico real absoluto, quanto mais poético mais verdadeiro.
Por conta disso, mesmo que os antigos tenham criado toda uma iconografia em torno dessa personagem celestial, na qual podemos ver anjos de espada em punho, alguns mais severos e outros de semblantes mais ou menos graves ou basicamente piedosos, ainda assim, gosto de pensar na companhia amiga, por exemplo, do meu anjo da guarda, em que ele se apresenta a mim de um modo muito particular,como também desejo manter meu relacionamento com esse celestial amigo.
Assim sendo, imagino meu anjo da guarda – e se eu tivesse a capacidade mística de vê-lo tenho certeza que seria assim mesmo que eu o veria – com o semblante semelhante ao daquele que se encontra no pórtico da Catedral de Notre-Dame de Reims: um anjo que sorri!
É por isso que, parafraseando o belo axioma do poeta e filósofo alemão, eu então diria que os anjos são verdadeiros, porque são seres plenos de poesia.
E, como a tradição cristã nos diz que o anjo da guarda é aquele designado para nos acompanhar em todos os momentos da nossa existência neste planeta, é compreensível que ele seja alguém que naturalmente possa sorrir e, sendo assim, os motivos de seu riso serão os mais variados.
Ele poderá, por exemplo, demonstrar por esse riso a natureza benévola do amigo que compreende minha pequenez e os desajustes a que estou sujeito, encontrando-me onde ainda estou, nessa situação particular de um distanciamento exato e único, esse exatamente que demarca meu lugar em relação ao Altíssimo.
Mas, o riso do meu anjo também poderá ainda ser de alegria, pois ao me ver assim tão humílimo, por minha própria condição, ainda assim percebe que, de quando em quando, demonstro amor e carinho aos outros seres da criação.
É quando, por fim, sorri de satisfação, ao notar que vou avançando em direção a essa liberdade a que somente alçam aqueles dessa própria natureza angelical.
Seres que por possuírem asas não reclamam de distâncias e se sentem satisfeitos na sua missão de proclamarem a Verdade do amor divino, sendo expressão absoluta de poesia.
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