quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Abilities

by William Morris

Eu estou fortalecendo em mim o desenvolvimento, ainda que lenta e gradualmente, de algumas capacidades:

A capacidade de não se desesperar.

Embora o desespero tenha sempre sido espetacular, na vida real ele é patético e triste. Irmão gêmeo da desrazão, enfraquece qualquer desesperado, expondo-o ao torvelinho das circunstâncias demolidoras.

A capacidade de não alimentar raiva.

Embora a raiva possa acontecer com muita facilidade, sua expressão também é tola, e ainda nos coloca imediatamente frágeis diante do objeto da própria raiva, seja esse último uma porta ou uma pessoa.

A capacidade de silenciar-se em situações de conflito iminente.

Embora o combate verbal sempre conclame seus públicos, o que as pessoas querem ver é a rinha de galos e, nesse tipo de contenda, aqueles que se machucam são e-xa-ta-men-te os galos, levados para a tal rinha pela força de circunstâncias atormentadoras, em que os envolvidos todos estão cegos e emburricados.

A capacidade de fazer uma prece no lugar de alimentar o desespero, a raiva e a bulha.

Aliás, fazer isso mesmo no exato momento em que essas tristes ações seriam convocadas ou quando estariam ali latentes e, portanto, a nossa disposição, pois nesse momento é quando então se faz necessário convocar os anjos e aliados da primeira hora – o que definitivamente será mais vantajoso e benéfico do que alimentar inimizades.

by William Morris
Afinal, só temos antecipadamente uma única informação acerca de um inimigo qualquer: ele sempre irá nos solicitar aquelas mesmas provas de sentimentos espúrios das quais se nutre em relação a nós mesmos e muitas vezes em relação a todos os demais, a começar por si mesmo.

Bem, no que diz respeito a tais sentimentos, podemos simplesmente escolher no fundo do coração não senti-los em relação a ninguém.

3 comentários:

  1. Podemos escolher não senti-los, será? De minha parte, sinto-me tão distante dessa escolha... Pros que ainda não deram conta dos seus exercícios (preciosos!), acho que será o caso de sentir e não alimentar, não deixar seguir adiante, não fazer render. Isso já será de grande ajuda, vc não acha?
    Às vezes demora uma vida pra gente ser grande de verdade...

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  2. Nossa sintonia é tão absoluta que quando vc leu a primeira versão em que eu fala em não sentir raiva, eu, mesmo antes de ler esse seu comentário (que somente li hoje), corrigi a expressão por não alimentar raiva (não sentir é impossível ainda, é claro!).
    Agora li seu comentário e pensei: a lu fez a mesma leitura que eu fiz, embora depois de ter escrito e publicado!
    Não é uma coisa linda e incrível essa nossa sintonia? ;-)

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