Sábado, na nossa aula na PUC, discutíamos a importância da avaliação na escola, sobretudo no magistério do ensino superior . Em um texto que líamos, o autor lembrava as expectativas das famílias: elas querem que a escola assegure aos filhos condições dignas de sobrevivência. Alguém dizia que, no entanto, muitas famílias nem se preocupam com a qualidade de ensino, mas com a obtenção de um certificado tão somente. Mesmo que esse documento possa, quando muito, assegurar uma vaga de gari para o cara, ou seja, ainda que ele não avance para além dessa conquista.
Uma amiga nos lembrou uma cena do filme Cidade de Deus, se eu não me engano, em que um garoto da favela retratada no filme dizia, em determinada altura, que ele não iria para a escola porque não iria ser "mais um otário de marmita", o que significava, no caso, que ele preferia se associar ao tráfico de drogas.
Fico pensando se não se trata sobretudo de escolhas e até mesmo misteriosas, na força do desejo que impulsiona cada qual a estar ou não na escola e vivenciar ou não os desdobramentos possíveis dessa experiência.
Penso que todas as escolhas são justas, no sentido lato da palavra justiça, ou seja, posso preferir ser o "otário de marmita" (afinal, preferindo trabalhar ao menos para ter o que colocar nessa marmita); ou obter o certificado que me assegura conquistar, por uma prova em concurso público, a vaga de gari, com a qual o cidadão também assegura a sua sobrevivência e a de muitos da família. Isso não é mesmo admirável?
Ou não, desejar muito mais, materialmente, e pular a experiência do aprendizado escolar, em busca do que o crime possa prometer, arriscando com isso a obter aquilo que ele mais rapidamente assegura: a morte prematura de jovens.
Há também histórias belíssimas de conquista, como a que faz, por exemplo, com que uma pessoa de origem pobre se torne doutor e diga, diante da banca de doutoramento, como um amigo também relatou: Meus pais, minha avó, meus familiares... não entendem porque eu estudo tanto e não poderiam conversar comigo a respeito dessa tese que eu estou aqui defendendo...
Eu, muito humildemente, de minha parte, como Cartola, acho que tudo no mundo acontece e, como aconteceu de o meu coração ficar triste, ao pensar nessas questões todas, muito enigmaticamente terminarei essa crônica dizendo que o mais delicioso de tudo deve ser plantar lavanda, no sul da França... Será?
Uma amiga nos lembrou uma cena do filme Cidade de Deus, se eu não me engano, em que um garoto da favela retratada no filme dizia, em determinada altura, que ele não iria para a escola porque não iria ser "mais um otário de marmita", o que significava, no caso, que ele preferia se associar ao tráfico de drogas.
Fico pensando se não se trata sobretudo de escolhas e até mesmo misteriosas, na força do desejo que impulsiona cada qual a estar ou não na escola e vivenciar ou não os desdobramentos possíveis dessa experiência.
Penso que todas as escolhas são justas, no sentido lato da palavra justiça, ou seja, posso preferir ser o "otário de marmita" (afinal, preferindo trabalhar ao menos para ter o que colocar nessa marmita); ou obter o certificado que me assegura conquistar, por uma prova em concurso público, a vaga de gari, com a qual o cidadão também assegura a sua sobrevivência e a de muitos da família. Isso não é mesmo admirável?
Ou não, desejar muito mais, materialmente, e pular a experiência do aprendizado escolar, em busca do que o crime possa prometer, arriscando com isso a obter aquilo que ele mais rapidamente assegura: a morte prematura de jovens.
Há também histórias belíssimas de conquista, como a que faz, por exemplo, com que uma pessoa de origem pobre se torne doutor e diga, diante da banca de doutoramento, como um amigo também relatou: Meus pais, minha avó, meus familiares... não entendem porque eu estudo tanto e não poderiam conversar comigo a respeito dessa tese que eu estou aqui defendendo...
Eu, muito humildemente, de minha parte, como Cartola, acho que tudo no mundo acontece e, como aconteceu de o meu coração ficar triste, ao pensar nessas questões todas, muito enigmaticamente terminarei essa crônica dizendo que o mais delicioso de tudo deve ser plantar lavanda, no sul da França... Será?
Acho que os campos de lavanda do Sul da França são uma linda alegoria do que não está necessariamente lá, em termos geográficos. No fim das contas, "a nossa casa é onde a gente está/ a nossa casa é em todo lugar"(Arnaldo Antunes), não é? Daí a legitimidade das "escolhas", sempre feitas conforme as manobras que logramos fazer em meio às injunções sociais, históricas - essas sim, inescapáveis, pelo menos neste mundo encarnado.
ResponderExcluirLu,
ResponderExcluirGraças!
Então, havia em tudo o que eu escrevi algum efeito de sentido...
Eu temia que fosse um non sense completo! rsrsrs
bj
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ResponderExcluirO comentário do cangaceiro foi excluído porque era um tantinho desagradável.kkkk Mas vou manter o "nome" porque ser cangaceiro é também uma escolha não é mesmo? ;-)
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