Eu conheço gente que, quando tem muito trabalho e em geral com seus companheiros de trabalho, utiliza uma expressão que, normalmente, é dita em certo tom de pilhéria: “Pois é, não estudou... agora fica aí ‘ralando’...” Com isso, querem dar a entender que a pessoa que não tem escolaridade é obrigada a fazer o trabalho mais pesado, enquanto o “doutor”, a pessoa que tem um grau avançado de escolaridade não precisa trabalhar tanto. Quem diz isso está pensando que, normalmente, essa pessoa que “estudou” seria a que ocupa os cargos de chefia, em instituições públicas ou privadas, e que, em tese, trabalharia “menos” ganhando “mais”.
Hoje, ouvi uma moça dizer que um tio seu teria dito, por sua vez, lá na infância da jovem, para ela não estudar e ela também dizia que, agora, se perguntava se ele não teria tido razão em dar tal conselho... Com isso, evidentemente, ela queria dar a entender que mesmo que você estude muito, isso não é suficiente para lhe garantir uma boa condição social, o rendimento necessário, etc. e tal, enquanto outros que não estudaram se dão bem. Jogadores de futebol, normalmente, são os exemplos aos quais as pessoas se reportam, nesses casos, posto que, em geral, eles não têm escolaridade avançada e ganham salários milionários, também temos nesse rol os políticos corruptos de plantão etc.
Vejam que interessante: temos duas visões bem distintas do que representaria os estudos, a formação escolar, seja ela profissional ou intelectual, enfim, o que poderíamos chamar de aquisição de conhecimentos, ou ainda de elaboração do pensamento, da linguagem, da visão de mundo: se assim quisermos entender a Educação.
Em um ponto de vista, o alcance dessa condição elevaria a pessoa para um lugar de prestígio que lhe daria privilégios. No outro, o mesmo alcance para nada serviria, justamente por não lhe dar esses privilégios e isso uma vez que a pessoa continuaria “ralando”, mesmo tendo tido oportunidade de alcançar graus superiores nos estudos.
Ambos os discursos denotam um desejo de benesses, que no primeiro caso adviriam dos estudos, e, no segundo, adviriam justamente do "não estudo". Em um ponto de vista, o grau de escolaridade justificaria a benesse, noutro é ele mesmo que não a permite... rsrsrs
Devo dizer que acho isso tudo muito pequeno, porque quando pensamos assim, seja num ou noutro ponto de vista, estamos fechando a importância dos estudos naquilo que eles representariam em termos de ganho material e que adviria, ou não, desses estudos efetuados, diplomas alcançados. Eu estou muito, muito, muito mais interessado nos estudos, em relação ao que eles me permitem alçar a um lugar mais alto ainda, ou seja, o lugar da minha própria espiritualidade. Nesse sentido, eu também li, nessa manhã, uma passagem de um livro de Allan Kardec,
O céu e o inferno, a qual tive que grifar, no meu exemplar da obra. Trata-se desse registro:
Que responsabilidade assumem aqueles que recusam a instrução às classes pobres da sociedade! Crêem que com os soldados e a polícia podem prevenir os crimes. Como estão errados!