Lembro-me com alegria da primeira vez que li um livro de Agatha Christie, tratava-se de Aventura em Bagdá e eu tinha apenas 14 anos de idade. Nossa! Que incrível foi acompanhar aquela aventura de uma jovem simpática, moderna, a protagonista do livro: tudo parecia um filme, desses que são exibidos em alguma sessão da tarde, na televisão. Depois, conheci Hercule Poirot, Miss Marple, e, assim, li todos os livros da autora, praticamente.
Como ler um romance policial é uma aventura deliciosa! Como é prazeroso acompanhar a inteligência de um bom detetive inglês! E como isso tudo é melhor ainda, quando por trás da história temos a fala doce e perspicaz de uma mulher que sabe das coisas.
Penso que o mais instigante da cultura inglesa é que os ingleses jamais são ingênuos e são também um povo espirituoso, de humor sagaz, e, assim sendo, desconfio que somente da Inglaterra poderia mesmo advir esses grandes escritores do gênero policial. Aliás, por meio de tais obras, é como se eles nos ensinassem que não há motivos para o terror nesse planeta, mas apenas para um espanto muito natural diante do desfecho de uma história ignominiosa e, isso, até que alguém cometa um crime ainda pior do esse que o precedeu! rsrsrs
Pois bem, eu achava que já tinha lido tudo de Agatha Christie, posto que também li sua autobiografia, da qual nunca me esqueço uma passagem em que ela nos conta acerca de uma atitude de sua avó vitoriana: a velha senhora sempre esperava o pior de tudo e de todos, assim, quando algo muito decepcionante ocorria ela já estava preparada...Na verdade, tal atitude ajudava-lhe a manter uma certa serenidade, uma vez que nada podia ser pior do que ela de fato já esperava que fosse.
Estou falando aqui tudo isso, apenas para lhes contar que, na semana passada, enquanto eu aguardava o início de uma cabine de cinema, entrei em uma livraria e dei de cara com um livro de Agatha Christie e que eu nunca lera. Aliás, descobri que eu nunca lera nenhum dos romances que a autora escreveu sob o pseudônimo de Mary Westmacott. O que comprei chama-se Filha é filha. A filha do título lembrou-me aquela jovem de Aventura em Bagdá: vivaz e um tanto mandona. Essa, no entanto, é muito bonita (parece uma modelo da Vogue). Já a mãe representa uma lição para todas as mães: a de que não é possível sermos indolentes quando a tarefa é educar. Egoísmo e orgulho, tais sentimentos quando ocorrem entre mãe (ou pai) e filha (filhos) é o pior de todos os males, e, é esta a lição do livro: é preciso se precaver contra isso! Esse é um erro tão fácil de ser cometido, afinal! Podemos nos poupar de sofrimentos, tão somente sendo francos e sinceros. Como diz a personagem de Laura Whitstable, amiga da mãe e madrinha da filha e que profere palestras, que podem ter títulos como esse “Como permanecer vivo hoje em dia”. Pois bem, ela nos ensina que a autocomiseração não vai resolver nada... Nunca resolve.
Recomendo a leitura!
Jo, aqui em casa temos a coleção inteira de Agatha, tem 20 anos que compro os livros em sebos, livrarias e etc. Eu adoro e minha mãe idem. Não estou conseguindo votar no blog. Problemas na pág? Ana
ResponderExcluirAna, pois é, fiquei triste: parece que estamos com problemas na página...rsrsrs
ResponderExcluirAdorei saber que ler Agatha é uma tradição na sua família. Na minha também tem sido, graças!
beijos