terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Lena Wolff

Apenas o fato de saber que Lena Wolff é de São Francisco, na Califórnia, esse lugar muito simpático dos EUA, já me alegra. Para além dessa alegria, o seu trabalho também me conforta: eu ficaria horas em uma galeria em que esses quadros estivessem nas paredes.
Achei as imagens muito oníricas, como quando a gente está em um sonho e não tem medo dos animais ou das flores por mais estranhos que eles pareçam... Há aí qualquer coisa de observação da natureza por um outro prisma: o de uma pureza que você só encontra em seres espiritualizados e muito conectados com a força que há nas plantas e nos animais, que compreendem o inexplicável da crueza do ser natural, bem como o mesmo inexplicável da beleza em se ser assim mesmo.
Algo que me chamou a atenção foi esse seu pontilhismo que poderia se comunicar com o que acontece na arte aborígine da Austrália, mas que deve ter sua origem na arte indígena norte-americana. Penso também que o tipo de reflexão que esse trabalho sugere é muito necessário a esse nosso planeta: uma vez que se trata da força da expressão reveladora do desejo de se estar em paz, sendo o que se é.









6 comentários:

  1. Interessante o impacto que tive: primeiro vi as imagens, depois li seu texto e, embora tenham me parecido muito pertinentes as aproximações que vc faz, num primeiro impacto, esse trabalho me remeteu de chofre aos bordados portugueses que tanto vi em casas de avós de amigos e como herança lá e cá, em restaurantes, na parede de uma chácara, em cima do fogão de uma vizinha... Há uma textura específica nos bordados,claro, sempre um aveludado proeminente, mas os traços, os pontilhados, essas folhas, essas aves, o jogo de fundo e forma com as cores sóbrias... Me deu uma ternura lusa, acredita?

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  2. Hi Josafá, companheiro de armas tingidas,

    ...se bem que as folhas desta lobita teácea, seus ramegens e cores em fundo preto chamam e portam as opiniões para certo mondo das naturas quase animais (creio, nada mais, nada menos, no plumagem dos pavões !) mas, francamente, prefiero, fico (mil vezes!) com as outras naturas mais carnosas, sensualistas e humanas por exemplo como aqueste natureza-viva do pé nu de Luciana sobre seixos, pedra de escândalo das erotomanias mais atormentadas ...
    Assím, sexo, erotização, natureza orgânica e pintura algo naïf -também borboletice- juntam-se, como na testa dum Sioux o, melhor, na orelha dum guerreiro Yanomami para fazer presentes aos reis tampouco tan feiticeros: não incenso e sim cultura; não mirra e sim saúde para os intelectos; não ouro e sim, definitivamente, cores para liberdades...

    Abraços para ambos !

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  3. Queridos,
    Vejam só vocês dois. Acordei muito cedo e fui navegar e encontrei o trabalho de Wolff e lembrei-me de uns porta-copos que uma amiga trouxe de souvenir da Austrália... (daí eu ter falado nos aborígines australianos) Mas ela é norte-americana (Sioux e plumagens de pavões estão valendo, como não?) e Luciana ficou pensando nas toalhas portuguesas (tão elaboradas quanto, nos seus bordados e brocados delicados, ora pois!) e você, Enric, magnífico, sintetiza-nos tudo como devia e podia, porque, sim, somos de carne e plumagens e flores, de saudades e excitação. Somos todos muito humanos e verdadeiros por aqui: na percepção do que queremos ver e olhar e sentir e amar.
    Gracias a la vida!;-)

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  4. Que ótimo Nilza! A nossa amiga Wolff faz mesmo uma world art! ;-)

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  5. Josafá, quão grande é sua visão transquito no seu texto.!!! Parabéns.!!!...

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