Ontem, aconteceu de uma ex-aluna encontrar-me na web e enviar-me um e-mail. Quando ela foi minha aluna era uma debutante e isso já faz uns bons 13 anos. Ela era uma aluna linda do Cefam do Itaim Bibi. Eu fiquei encantado com a alegria que seu e-mail revelava por ter finalmente me encontrado, depois de tanto tempo. Ela ainda se lembrava da história que eu contara acerca da origem do meu nome e, dentre outras coisas, reiterou a importância que eu tivera em sua formação. Eu considerei tudo isso emocionante. ;-D
Uma delicia que acontece quando damos aulas, sobretudo aulas de literatura, que era o objeto da disciplina que eu ministrava naquela época, é o fato de que, mais do que qualquer coisa, são as experiências vitais que ficam guardadas no coração. Nunca me esqueço de, quando dando aula de literatura portuguesa, por exemplo, quando lia para os adolescentes o poema Cântico Negro, do poeta José Régio, do quanto esses alunos ficavam impressionados com o poder daquelas palavras:
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Esse é apenas um pequeno trecho, o poema é bem maior e embora lírico mais se parece com um épico! O épico do Eu. rsrsrs
Lembrando-me desses alunos adolescentes de antanho, lembrei-me também desse poeta. José Régio era o poeta que mais os marcava e do qual quase não se tem mais notícias, não é mesmo? Querendo matar saudades, fiz uma busca de seus poemas no São Google e descobri esse soneto (a-do-ro sonetos!), absolutamente erótico:
Soneto de amor
Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma...Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.
Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.
E em duas bocas uma língua..., - unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.
Depois... - abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!
Não é o máximo?!