segunda-feira, 20 de agosto de 2012

The piano lesson

Domenico Scarlatti

Ao acordar pela manhã, fiz minhas abluções, depois saí rumo ao metrô e em direção ao meu local de trabalho.
No trajeto, ouvia ao programa Ponte Ponteio, na rádio Cultura FM, comandado pelo pianista e compositor André Mehmari. O programa dessa segunda-feira foi dedicado a Domenico Scarlatti. Nele, ouvimos as próprias composições de Scarlatti ou trabalhos inspirados na obra do compositor napolitano.
Suas sonatas foram inicialmente compostas para cravo, mas foram tantas as gravações executadas ao piano que, segundo Mehmari, a famosa discussão piano ou cravo fica fora de questão quando se trata de Scarlatti. Essa oportunidade de ouvir ao mestre de Nápoles, revelado por diferentes intérpretes, você encontra na página do programa no site da rádio.

Como eu gosto de ouvir sonatas para piano!
Nem precisam ser as de Scarlatti, embora suas composições sejam mesmo leves e homofônicas, portanto, superagradáveis de se ouvir. ;-)
A verdade é que, talvez porque eu fosse caminhando pelas ruas do centro de São Paulo embalado pelas sonatas, sentia-me de bem com a cidade e com aquelas pessoas todas que cruzavam meu caminho.
Seria devido ao fato de eu estar concentrado naquela audição que todo o entorno me parecesse agradável, mesmo que a cidade já estivesse agitada?
Contribuiria também para essa impressão o fato de o sol iluminar os edifícios e tudo a minha volta e de ainda haver uma brisa soprando, o que tornava a temperatura bastante agradável?
Pois bem, tínhamos: luz abundante, ar em movimento e alguém tocando um piano.
De que mais eu ainda precisaria para me sentir bem, não é mesmo?
Compreendi que meu pensamento - naquele instante ajudado pela fruição de tanta coisa boa reunida - não reservava nenhuma rusga, nenhuma crítica a ninguém, nenhum opróbrio a ser lançado em qualquer direção.

The Piano Lesson
Karl Harald Alfred Broge (Danish, 1870–1955)
Enfim, senti-me enlevado com tudo isso.
Como desejo, cada vez mais, alimentar esses estados de espírito, que orientem meu  pensamento nessa direção! O pensamento parece coisa à toa, mas ele é, em verdade, o companheiro de todas as horas.
Dependente de minha vontade, permitirá que eu experimente laivos de fruição de uma vida mais de acordo com um estado, por que não?, ideal.
Um dia a vida será plenamente uma experiência transcendente.
Por ora, ela, a vida, pode ser compreendida como uma obra de arte, ou seja, como uma sonata para piano... Assim como a sonata, ela só tem seu esplendor conhecido, graças à dedicada disciplina de um compositor bem como a de um intérprete ao instrumento.
Disciplina que busca, insistente e incansavelmente, fazer acontecer a beleza inolvidável.




2 comentários:

  1. Josafá, quantos sonhos lindos nos expressa neste seu texto! Que maravilha de se sentimentos e verdadeiras ilusões!... Estes seus pensamentos, nos chama a atenção para vivermos uma vida cheia de amor. Seja através de um som de piano, ou de uma orquestra. Que bom ! Podemos nos alimentar de uma grande coragem para poder enfrentar as mazelas do dia-a-dia,de uma grande cidade como São Paulo. Parabéns pelo seu maravilhoso BLOG.

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