terça-feira, 7 de agosto de 2012

Luz, muita luz em meu viver



Começou com toda força no último fim de semana, aqui em São Paulo, a Mostra Impressionismo: Paris e a Modernidade. Os visitantes puderam, inclusive, na passagem do sábado para o domingo, visitar madrugada adentro o Centro Cultural Banco do Brasil, no centro da cidade. Vamos combinar que isso, em termos de organização do evento, foi uma demostração muito feliz de apoio à divulgação do patrimônio cultural francês e da humanidade ali exposto.

Eu trabalho ao lado do CCBB e, então, deixei para ir hoje pela manhã, antes do meu horário de trabalho. Não foi possível ver tudo. Visitei, até agora, apenas três dos sete módulos em que está dividida a Mostra:  “Paris é uma festa”“Paris: A Cidade Moderna” “A vida Urbana e seus autores”. Quando eu vir os demais, volto a falar aqui about it.

Chama-me a atenção o número imenso de pessoas que acorrerão a essa mostra, se considerarmos apenas a fila que peguei ainda hoje (terça-feira, às 10h) e que já se entendia até a Rua XV de Novembro, contornando o edifício.
Apenas isso eu já acho emocionante, ou seja, o fato de o interesse do público brasileiro pelas obras-primas do Museu D’Orsay ser genuíno, afinal, tais obram tomam de emoção qualquer um que esteja nessa fila, onde podemos ouvir exclamar: vamos ver um original de Toulouse-Lautrec!

Talvez alguns possam até ter conhecido essas obras lá na sua casa, em França, mas muitos que nunca foram àquele país, poderão agora ver aqui esses tesouros do bom gosto e da sensibilidade na arte da pintura.

E importante que lembremos o que nos diz Orhan Pamuk:

As origens do museu contemporâneo estão nas Wunderkammern – “gabinetes de curiosidades” – dos ricos e poderosos que, a partir do século XVII, ostentavam sua opulência exibindo conchas, amostras de minerais, plantas, marfim, espécimes animais e pinturas de terras distantes e fontes incomuns. Nesse sentido, os primeiros museus foram os salões dos palácios de príncipes e reis europeus – espaços em que os governantes expunham seu poder, seu gosto e sua sofisticação por meio de objetos e pinturas. O simbolismo pouco mudou, quando essa elite dominante perdeu o poder e palácios como o Louvre foram transformados em museus públicos. O Louvre acabou por representar não a riqueza dos reis franceses, mas o poder, a cultura e o gosto de todos os cidadãos franceses. Quadros e artefatos raros agora eram acessíveis aos olhos de gente comum.


Obviamente, podemos também dizer que aquilo que os impressionistas conquistaram no universo da pintura está para muito além do que representaria ser tal patrimônio somente da França. Sabemos que eles alcançaram uma elaboração bastante superior da experiência de um modo de ser gente nesse planeta. Afinal, ao trabalharem fora do ateliê, “à pleine aire”, tais artistas trouxeram toda a variação da luz para suas telas e, assim, o que importava a partir daquele momento era  mostrar muito além da polaridade sombra e luz, mas a miríade expressiva que há na própria luz solar quando atingiu a superfície de tudo o que ali foi retratado.

É característico também o fato das personagens do cotidiano da vida francesa de então surgirem nas telas, ou seja, tanto os nobres e burgueses como os operários, artistas e personagens do bas-fond propriamente dito: todos, sem exceção, foram retratados pela primeira vez mais proximamente, fosse lado a lado fosse separadamente, mas estão por ali, em cada tela, e ainda marcados por essas pinceladas generosas e soltas, de pintores absolutamente geniais.

Por tudo isso, há uma força arrebatadora e uma singeleza comovente nessa coleção de obras-primas. São 85 as que o Museu D’Orsay disponibilizou de seu acervo para a Mostra. Ainda não vi tudo, mas voltarei. 
Por ora, vou ficar com as lembranças queridas, por exemplo, do movimento das Dançarinas subindo uma escada (1890), do quadro de Edgard Degas; com a distração momentânea da figura de A Garçonete com Cervejas, de Édouard Manet (c. 1878-1879), ou com a ingenuidade da brincadeira entre Gabriele e Jean (1895), no quadro de Pierre-Auguste Renoir.

2 comentários:

  1. Eu pensei em ir à essa exposição com vc. Quem sabe não vemos alguma outra parte juntos?
    Beijos,
    Claudia Nathan

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  2. Claudia querida, Eu vou adorar! Vamos combinar sim! ;-)

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