O Teatro Municipal de São Paulo recebeu no seu palco, ontem,
e receberá, também hoje, a Orquestra
Nacional de Washington, sob a regência do maestro Christoph Eschenbach. Em
cada programa, a orquestra apresenta 3 peças. A peça intermediária em ambas as
apresentações é o Concerto para
violoncelo e orquestra em ré menor, de Edouard Lalo, com solo de violoncelo, tocado por Cláudio Bohórquez, um rapaz que tem ascendência peruana e uruguaia
e que é considerado um dos violoncelistas de maior prestígio na atualidade.
O Concerto de Lalo é delicioso, porque o violoncelo reina sobre
o conjunto da orquestra, que, no entanto, é também muito presente com seus
acordes marcantes ou mesmo durante o dueto em que as flautas fazem uma bonita
parceria com o instrumento do solista. Essa particularidade empresta um certo
lirismo e até uma dimensão onírica à peça que, de qualquer modo, tem como sentimento
predominante o de melancolia.
Bem, vamos combinar, que tal sentimento é muito respeitável e
até majestoso se quem o promove, comandando-o em direção a nossa sensibilidade é um violoncelo.
Ontem, antes da apresentação desse Concerto, tivemos a Abertura, Carnaval Romano (op. 9), de
Hector Berlioz, e, após o peça de
Lalo, a Sinfonia nº 5, em mi menor (op.
64), de Piotr Ilyich Tchaikovsky. Hoje,
antes e depois do Concerto de Lalo, o público ouvirá, respectivamente, a peça Blue
Blazes, de Sean Shepherd, e
a Sinfonia nº 7, em lá maior (op. 92),
de Ludwig van Beethoven.
Eu só posso agradecer aos céus por ter ouvido a Sinfonia de
Tchaikovsky. Ela remete o ouvinte aos sentimentos que influenciavam o
compositor na época e que tinham a ver com a ruptura que acontecera entre ele e
a Condessa Nadejda von Meck, alguém que ele não conhecera pessoalmente, mas que
era uma confidente e patrocinadora. Um rompimento, naturalmente, impregnaria de
sentimentos intensos essa sinfonia!
Trata-se de uma composição em que o tema principal passeia
pelos naipes, mas os instrumentos de sopro, tanto metais quanto madeiras, são
os que mais traduzem as sensações sobre as quais ele pretende discorrer musicalmente. Por exemplo, o oboé tem uma
participação importante quando, aqui e ali, impõe um sentimento de lugubridade.
Sem dúvida, o solo da trompa é o que mais nos arrebata. E, ouvindo esse solo,
fiquei pensando se Philip Glass não foi também um ouvinte dedicado dessa
sinfonia já que em suas peças tanto a trompa quanto a tuba são tão
recorrentes e, de qualquer modo, apontando para o tema do destino... Mas isso é uma divagação, ou seja, uma abstração que me permiti, carecendo de uma pesquisa acerca de!
Contudo, o que mais provocou minha completa comoção foi o fato de me
sentir como quando dancei pela primeira vez uma valsa: estilo musical que
impera nessa sinfonia. Pareceu-me como quando em um conto de fadas o par
amoroso tem um clímax de intimidade e de celebração do seu amor, valsando em um
grande baile. Em tais circunstâncias, mesmo a condição de evento social não oblitera a comovente
intimidade desses corações e que podem sentir o que representa uma união, quiçá,
para a eternidade.
Bem comentado, amigo..... abs!
ResponderExcluirObrigado querido! ;-)
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